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                          Carta IEDI

                          Edição 87
                          Publicado em: 14/01/2004

                          Bens de Consumo Semiduráveis e Não Duráveis: Um Setor Ainda em Recessão

                          Sumário

                          O desemprego, a queda de rendimento e o crédito caro estão cobrando seu preço. A indústria brasileira como um todo está em recuperação, mas um segmento que tem peso elevado na indústria em todas as regiões do país e é grande empregador - o que produz bens de consumo semiduráveis e não duráveis para a população (alimento, vestuário, calçados, utensílios domésticos, mobiliário, etc) - ainda se encontra em recessão. Isto vem ditando a lentidão e os tropeços da produção industrial, desde que esta começou a ensaiar uma reativação a partir de julho de 2003.

                          A última pesquisa do IBGE sobre a produção industrial de novembro último, mostra um excelente resultado para bens de capital com uma evolução de 3,9% frente a outubro e 8,4% comparativamente a novembro de 2002, e resultado satisfatório para bens de consumo duráveis cujo aumento foi de 2,2% e 3,6%, respectivamente, na primeira e na segunda base de comparação.

                          Mas, o segmento que produz para o consumo de massa registrou índices muito ruins, o que derrubou todas as projeções de analistas sobre o crescimento industrial no mês. A produção de semiduráveis e não duráveis caiu 1,6% na comparação com outubro e 7,1% relativamente a novembro de 2002, o que trouxe a média da indústria geral para decepcionantes índices de crescimento: 0,8% com relação a outubro e de 0,3% com relação a novembro de 2002.

                          A população pode até estar mais disposta a consumir como mostram as pesquisas de opinião. Mas, sem renda e com crédito ainda muito caro e de difícil acesso, de onde vai tirar recursos para consumir?

                          Nossos indicadores de tendência mostram uma trajetória firme de recuperação a partir de julho de 2003, para bens de capital e bens duráveis. Em contraste, para bens o segmento de bens semiduráveis e não duráveis, os dados sugerem que a modesta trajetória de recuperação iniciada em setembro não se sustentou. Ocorre que este é um segmento empregador e se ele não cresce ou declina, o emprego industrial também não cresce ou evolui apenas modestamente. Os maiores volumes de emprego e de massa salarial que poderiam acompanhar a recuperação industrial ficam, assim, comprometidos, com o que este segmento “patina” e o círculo vicioso se repete.

                          Este círculo pode ser rompido, mas para isso é necessário que os segmentos que vem liderando a recuperação (bens de capital e bens de consumo duráveis) cresçam com maior intensidade do que vem ocorrendo e que o emprego seja impulsionado por políticas dedicadas. Em um momento como esse é sentida a falta de políticas fora do eixo estrito das políticas macroeconômicas (juros, câmbio, fiscal). Infelizmente, o Brasil da última década renunciou e perdeu tradição nessas políticas e, ao que parece, ainda não recuperou condições para voltar a promovê-las com a presteza que a conjuntura da economia exige. Certas ações e programas já deveriam estar em curso:

                          • Programa “moder-máquina” (o “moderfrota” da agricultura adaptado à industria) para potencializar o crescimento do setor de bens de capital;

                          • Ações mais efetivas de redução do spread bancário para baixar o custo e ampliar o acesso ao crédito ao consumo geral e de bens duráveis por parte das famílias. Os spreads e o custo do crédito vêm caindo, porém muito vagarosamente.

                          • Programa de habitação popular para estancar a grave retração da construção civil que, como poucos, é um setor capaz de contribuir com o aumento do emprego e da massa salarial. 

                          Leia mais sobre a produção industrial de novembro no texto abaixo.

                          Os Resultados de Novembro e a Tendência da Indústria. Em novembro, descontados os efeitos sazonais, a produção física industrial brasileira aumentou 0,8% com relação ao mês de outubro, tendo como líderes os setores de bens de capital e de bens duráveis. Em relação a novembro de 2002, o crescimento foi menor: 0,3%, contra 1,1% em outubro e 4,6% em setembro. No ano (período janeiro-novembro), a indústria geral ficou praticamente estagnada (0,1%) e nos doze meses findos em novembro último a variação foi de 0,4% (contra 0,8% em doze meses terminados em outubro de 2003).

                          Estes resultados mostram que a recuperação está ocorrendo de forma lenta e a razão disto está na forte queda da renda real da população (-13% em relação a novembro de 2002), do elevado desemprego e do crédito ainda caro, a despeito dos cortes efetuados pelo Banco Central na taxa de juros básicos e da ligeira redução dos spreads praticados pelo sistema bancário.

                          Um crescimento industrial maior e mais regular dependerá da reativação do consumo interno. A redução da renda real constitui uma barreira para isto. Por isso, o barateamento e o maior acesso ao crédito e a execução de políticas de geração de emprego (na área habitacional, por exemplo) são recomendáveis.

                          Nossos indicadores de tendência mostram uma trajetória firme de recuperação a partir de julho de 2003, para bens de capital e bens duráveis. Em contraste, para bens o segmento de bens semiduráveis e não duráveis, os dados sugerem que a modesta trajetória de recuperação iniciada em setembro não se sustentou. Com isso, a indústria geral dá sinais negativos, mas que ainda não devem ser interpretados como uma reversão da tendência de reativação da indústria.

                          Obs: Os dados de tendência utilizam o filtro de Kalman (metodologia desenvolvida por Andrew Harvey).

                          Obs: Os dados de tendência utilizam o filtro de Kalman (metodologia desenvolvida por Andrew Harvey).

                          Desempenho da Indústria por Categorias de Uso. Os resultados de novembro de 2003 confirmam que a recuperação da produção industrial está sendo liderada pelos setores de bens de capital de bens de consumo duráveis. Por outro lado, evidencia que a produção de bens semiduráveis e não-duráveis ainda não se recuperou, o que vem limitando a intensidade e a regularidade da recuperação. Neste caso, a produção declinou expressivamente em todos os indicadores: -1,6% em relação ao mês anterior, -7,1% na comparação com novembro de 2002, - 5,3% no acumulado no ano (período janeiro-novembro) e -4,8% na variação em doze meses. Estes números refletem a contínua retração da renda real, as elevadas taxas de desemprego, o crédito ainda caro e escasso.

                          Neste segmento, as indústrias com pior desempenho foram medicamentos e vestuário e calçados, cujas produções caíram, respectivamente, 18,3% e 12,4% em comparação com novembro do ano passado.

                          Bens intermediários apresentou resultado positivo ainda que inferior a média da indústria na comparação com outubro (0,4% contra 0,8%). Nos demais indicadores, houve aumento da produção de intermediários acima da média da indústria geral: 0,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, 1,4% na variação acumulada no período janeiro-novembro de 2003 e 1,7% no acumulado em doze meses.

                          O crescimento da produção de bens de capitais foi o mais destacado: 3,9% em relação ao mês anterior (na série com ajuste sazonal), 8,4% na comparação com novembro de 2002 e 0,4% na variação anual e na variação em doze meses. Para o resultado, contribuiu a forte demanda do setor de agronegócio por máquinas e equipamentos agrícolas, cuja produção aumentou 24% com relação a novembro/2002, como também do setor de transporte e de bens de capital para o setor industrial (crescimento, respectivamente, de 10,2% e 7,8% na mesma base de comparação).

                          A produção de bens duráveis também foi positiva na série com ajuste sazonal (2,2%) e na série mensal (3,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior). Em novembro, o destaque foi produtos eletrodomésticos (7,4%), em especial da chamada “linha marrom” (rádio, tevê e aparelhos de som), cuja produção foi 20,7% maior com relação a novembro de 2002. Note-se que nos indicadores acumulados no ano e em doze meses, o segmento de duráveis continuou registrando resultados negativos: -1,6% no período janeiro-novembro e -0,9% em doze meses terminados em novembro. Ou seja, a relativa recuperação ao longo do segundo semestre ainda não foi suficiente para reverter a expressiva queda ao longo do ano.

                          Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal. Elaboração Própria.

                          Os Ramos e Gêneros da Indústria de Transformação. Em relação a outubro de 2003, a produção da indústria de transformação aumentou 0,3%. Para este resultado contribuiu a indústria mecânica (2,0%), que registrou desempenho positivo pelo quinto mês consecutivo. Ainda no complexo metal-mecânico, destaca-se a expansão da indústria metalúrgica (2,5%) e de material de transporte (5,7%). Registraram resultado negativo: perfumaria (-10,3%), borracha (-7,5%), madeira (-6,6%), vestuário e calçados (-4,1%) e química (-2,2%).

                          Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal. Elaboração Própria.

                          Na comparação com novembro de 2002, a indústria de transformação ficou estagnada. Dos vinte ramos pesquisados pelo IBGE, nove apresentaram crescimento, com destaque, pelo impacto na média global, para mecânica (8,5%) e material elétrico e de comunicações (9,0%). Dentre as onze indústrias que registraram queda, os de maior influência na média industrial foram: farmacêutica (-18,3%), vestuário e calçados (-12,4%), produtos alimentares (-2,8%) e química (-1,7%).

                          No período janeiro a novembro, a indústria de transformação registrou uma queda de 0,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para este resultado contribuíram positivamente a indústria mecânica (9,0%), borracha (5,9%) e metalúrgica (4,5%), enquanto os principais impactos negativos originaram-se das indústrias: farmacêutica (-18,4%), vestuário e calçado (-12,4%), matérias plásticas (-11,0%) e fumo (-9%).

                          Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal. Elaboração Própria.

                          Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal. Elaboração Própria.

                          Setores da Indústria. Na classificação mais desagregada do IBGE (nível 100), a produção industrial de novembro último com relação a novembro de 2002, destaca-se a forte expansão da produção de: navios e embarcações (110%), material para produtos eletrônicos e de comunicação (30,2%), fertilizantes e adubos (26,7%), álcool (26,9%), fundidos e forjados de aço (22%), aparelhos de áudio e vídeo (20,7%), tratores e máquinas agrícolas (17,4%). As maiores quedas foram registradas na produção de cimento (-20,3%), medicamentos (-18,3%), vestuário (-17,6%) e sucos e alimentos em conserva (-16,6%).

                          No acumulado do ano, os destaques são: a indústria naval (81,16%), fundidos e forjados de aço (20,3%), celulose e pasta mecânica (15,1%), tratores (14,9%) e destilação de álcool (13,9%). Cabe chamar a atenção para a associação desses segmentos com a exportação e o setor agropecuário. As quedas mais acentuadas foram registradas, mais uma vez, nas indústrias de equipamento para produção e distribuição de energia elétrica (-23,2%), indústria de conservas e sucos (21,7%), indústria farmacêutica (18,4%), vestuário (17,7%), cimento (13,9%) e peças e estruturas de concreto (-12,8%). É notória a relação desses resultados com a crise do setor de construção, a retração do mercado de consumo de massa e a redução do investimento em energia elétrica.

                          Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal. Elaboração Própria.

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