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                          Carta IEDI

                          Edição 959
                          Publicado em: 19/11/2019

                          O declínio exportador da indústria em 2019

                          Sumário

                          Em 2019, a demanda externa, ou seja, as exportações líquidas das importações, têm ajudado pouco, ou quase nada, a reativação da economia brasileira. De janeiro a setembro, o superávit comercial somou US$ 33,6 bilhões, um montante 20% menor do que igual período de 2018. Na origem deste movimento está ampliação do déficit da indústria de transformação, condicionada por grandes dificuldades em preservar seu dinamismo exportador em um contexto de profunda desaceleração do comércio mundial e de crise econômica em um parceiro importante como a Argentina.

                          O saldo comercial negativo da indústria de transformação avançou de US$ 20,6 bilhões para US$ 26,6 bilhões entre jan-set/18 para jan-set/19, uma piora de quase 30%. Este era um desempenho, em alguma medida, esperado para o presente ano, mas por razões distintas das que estão em ação. A expectativa era que maior vigor da recuperação da economia doméstica alavancasse as importações em um ritmo que provocasse a deterioração do saldo.

                          Não é isso o que tem acontecido. A recuperação econômica perdeu fôlego e o ímpeto importador de bens industriais também. Em jan-set/19, há uma pequena queda de -0,9% dos desembarques em relação ao mesmo período do ano passado (de US$ 122,3 bilhões para US$ 121,2 bilhões). No 3º trim/19, porém, o declínio chega a ser mais acentuado: -1,2%.

                          Como dito anteriormente, é o retrocesso das exportações da indústria que tem provocado a ampliação do déficit do setor. No acumulado do ano até set/19, o resultado chega a -7% frente a jan-set/18 (de US$ 101,7 bilhões para US$ 94,6 bilhões). A contar pelo 3º trim/19, a tendência pode ser de agravamento deste quadro: -9,8% ante 3º trim/18.

                          Esta Carta IEDI analisa os fluxos de comércio exterior da indústria de transformações a partir da classificação de seus setores segundo critérios de intensidade tecnológica estabelecidos pela OCDE.

                          No acumulado de jan-set/19, é a exportação da indústria de alta intensidade tecnológica que mais encolheu: -17,2% antes o mesmo período de 2018, sendo que no 3º trim/19 a queda continuou em um ritmo de dois dígitos (-12,4%), condicionada principalmente pelo ramo de transporte aeronáutico e material de informática e escritório. Com isso, seu déficit acumulado até o mês de setembro cresceu +9%, atingindo US$ 49,5 bilhões. Suas importações estão estáveis no ano (+0,1%), embora o 3º trim/19 tenha sido de aumento.

                          Já a indústria de média-alta tecnologia, mais diretamente afetada pela crise argentina, uma vez que tem a indústria automobilística como um de seus componentes, foi quem teve maior crescimento do déficit em jan-set/19: +17%, passando de US$ 28,3 bilhões para US$ 33,2 bilhões. Aqui também a principal causa disso foi a contração das exportações (-14,3% em jan-set/19), que também atingiu o 3º trimestre do ano (-12,9%), devido às vendas externas de veículos e de produtos químicos. Suas importações crescem +1,7% em jan-set/19 e +2,9% só no 3º trim/19.

                          A indústria de média-baixa intensidade, por sua vez, foi a única a ver seu déficit reduzido (-38%) de US$ 5,4 bilhões em jan-set/18 para US$ 3,3 bilhões em jan-set/19, devido a operações envolvendo plataformas de petróleo. No 3º trim/19 apenas, a queda foi de -26,7%. É também o único grupo a registrar avanço exportador no ano (+1,7%), embora tenha tido um 3º trim/19 negativo (-5,2%), devido à desaceleração de derivados de petróleo e produtos metálicos e queda na construção naval. Suas importações caem -5% em jan-set/19, sob influência principalmente do 3º trimestre (-11,5%).

                          Quanto à faixa de baixa intensidade tecnológica, a única fração da indústria com saldo comercial superavitário, registrou declínio de -5,7% de suas exportações em jan-set/19. O agravamento do desempenho exportador foi expressivo no 3º trim/19: -10,6%, devido a mateira, papel e celulose; alimentos, bebidas e tabaco; e têxteis, couro e calçados. Suas importações também caíram, porém menos: -3,4% em jan-set/19 e -0,7% no 3º trim/19. Por isso, seu superávit foi reduzido -7%, de 2018 para 2019, de US$ 28 bilhões para US$ 26,2 bilhões no acumulado do ano até setembro.

                           

                          Bens típicos da indústria de transformação e a balança comercial

                          Os nove primeiros meses de 2019 encerraram com superávit comercial de US$ 33,6 bilhões, abaixo dos alcançados nos três anos anteriores para o mesmo acumulado. Em dólares correntes, foi o quarto melhor resultado da balança para janeiro-setembro. A menor magnitude do superávit ocorreu com as exportações caindo de US$ 177,1 bilhões para US$ 167,2 bilhões. Logo, ficou mais distante das grandezas já exportadas nesse mesmo acumulado de 2011, 2012, 2013, 2014. As importações experimentaram decréscimo, ficando em US$ 133,6 bilhões.

                          Esse superávit foi obtido principalmente pelo saldo positivo de US$ 60,2 bilhões, dos demais produtos, mormente agropecuários, da pesca e minerais, sendo o segundo melhor resultado para janeiro-setembro em toda a série, atrás apenas do mesmo acumulado do ano passado. Suas exportações ficaram em US$ 72,6 bilhões, abaixo do já logrado no mesmo acumulado de 2011, 2012, 2013, 2014 e 2018.

                          No caso dos produtos tipicamente oriundos da indústria de transformação, o déficit aumentou frente a janeiro-setembro do ano anterior, saindo de US$ 20,6 bilhões para US$ 26,6 bilhões. Apesar desse aumento, ainda está abaixo do registrado nos nove meses iniciais dos anos de 2011 a 2015. As exportações declinaram para US$ 94,8 bilhões, aquém do já obtido para igual período dos anos de 2011 a 2014 e de 2017 a 2018. As importações decresceram discretamente, ficando em US$ 121,2 bilhões.

                          Atendo-se ao terceiro trimestre do ano, o saldo de US$ 7,6 bilhões, recuando bem frente ao superávit de igual período de 2018. As exportações retrocederam de US$ 63,3 bilhões para US$ 57,4 bilhões, queda de 9,3% em relação a julho-setembro de 2018. As importações caíram menos, 3,4%, ficando em US$ 49,8 bilhões. No terceiro trimestre de 2019, o superávit também se deveu aos demais produtos – bens agropecuários e minerais: saldo de US$ 21,5 bilhões. Para terceiro trimestre, o superávit em dólares correntes só ficou aquém ao desse período de 2018. Quanto às exportações, o Brasil vendeu US$ 25,5 bilhões dos mesmos, um declínio de 22,8% frente ao mesmo período de 2018.

                          Quanto aos bens típicos da indústria de transformação, suas exportações caíram 9,8% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, ficando em US$ 31,9 bilhões. Desse modo, o déficit, de US$ 13,9 bilhões, cresceu bastante frente ao registrado em julho-setembro do ano passado. As importações até caíram, 1,2%.

                          As dificuldades no plano externo persistem, principalmente com a situação econômica de países como a Argentina, relevante importador de produtos industriais brasileiros. Ademais, a perspectiva de um processo de abertura brasileira sem uma meticulosa postura estratégica de negociação pode resultar em óbice ainda maior para a inserção externa da indústria instalada no país e para a entrada de novos empreendimentos do setor no País.

                          A balança por intensidade tecnológica

                          Considerando a classificação adotada pela OCDE para a indústria de transformação por intensidade tecnológica, pode-se esmiuçar o comércio exterior do País. São quatro faixas da indústria de transformação: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. A tabela seguinte explicita tal classificação.

                          Considerando primeiramente os desempenhos no acumulado do ano, o intercâmbio externo de bens produzidos por atividades tidas pela OCDE como de alta intensidade tecnológica experimentou déficit de US$ 16,3 bilhões em janeiro-setembro, superando os dos três anos anteriores para tal acumulado. Apesar de tanto, ainda se encontra abaixo dos registrados no mesmo acumulado de 2010 a 2015. Suas exportações, após cinco anos de expansão no acumulado até setembro, sofreram declínio de 17,2%, caindo para US$ 4,5 bilhões. Tal queda decorreu da menor venda de aeronaves, principal item de exportação dessa faixa, levando a uma redução quase equivalente no superávit. A indústria farmacêutica experimentou déficit maior, enquanto o complexo eletrônico como um todo observou redução no déficit, embora seus diferentes ramos tenham tido comportamentos distintos entre si.

                          A faixa de média-alta intensidade encerrou o período com déficit de US$ 33,2 bilhões, o maior dentre as quatro faixas e maior também do que os do mesmo acumulado dos três anos anteriores. Ainda assim, sua magnitude ficou menor do que a registrada em igual período de 2011 a 2015. Suas exportações recuaram 14,3% pelo mesmo contraponto, ficando em US$ 23,5 bilhões. Se até 2018, o destaque positivo para os nove meses iniciais vinha sendo a balança dos produtos o ramo automotivo (veículos automotores, reboques e semi-reboques), esta deixou de sê-lo, passando à condição deficitária em janeiro-setembro de 2019. O ramo de equipamentos ferroviários e outros produtos de transporte e o de máquinas elétricas até conseguiram maior venda para o exterior do que em igual acumulado do ano passado, mas de pouca monta no total da faixa.

                          Quanto aos produtos tipicamente originários da indústria de média-baixa intensidade tecnológica, seu intercâmbio registrou déficit no acumulado do ano, de US$ 3,3 bilhões, bem menor que o déficit observado no mesmo período de 2018, mas contrastando com o superávit de 2016 e de 2017. O déficit ocorreu mesmo com as exportações crescendo 1,7%, chegando a  US$ 27,0 bilhões. As importações declinaram 5,0%. O déficit menor refletiu principalmente a redução na magnitude do déficit em produtos derivados do petróleo refinado, álcool e outros combustíveis, bem como da construção naval frente a janeiro-setembro de 2018. Infelizmente o superávit dos bens metálicos diminui, ainda que suas exportações tenham crescido.

                          Quanto ao grupamento dos bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, seu saldo foi de US$ 26,2 bilhões em janeiro-setembro de 2019, o único superavitário dentre as quatro faixas. O resultado foi puxado por exportações de US$ 37,6 bilhões, mas tanto as vendas externas quanto a balança caíram frente a igual período de 2018, sendo em ambos os casos dois anos de queda nesse acumulado. A redução de 5,7% nas suas exportações refletiu a queda das vendas para o exterior dos produtos da indústria de alimentos, bebidas e fumo. Desde 2009, nunca se exportou tão pouco desses bens. As exportações de produtos madeireiros, seus derivados, papel e celulose também caíram, assim como o saldo, mas mantendo superávit de monta, enquanto o déficit de produtos têxteis, de vestuário, calçados e artigos de couros cresceu com vendas menores para o exterior.

                          Passando para a comparação entre julho-setembro de 2019 e igual trimestre de 2018, o déficit no mais recente para os itens da faixa de alta intensidade, de US$ 5,9 bilhões, cresceu quase US$ 800 milhões. Suas exportações retrocederam 12,4%, com queda contundente nos produtos de transporte aeronáuticos, proeminentes nas vendas externas dessa faixa, e de material de informática e escritório. As exportações de produtos farmacêuticos também declinaram. Os demais produtos obtiveram maior exportação, mas pouco representativa. As importações da faixa cresceram 5,9%.

                          No comparativo entre terceiros trimestres de 2019 e de 2018 para a faixa de média-alta, o déficit também aumentou, atingindo US$ 13,8 bilhões. O aumento no déficit foi registrado em quase todos os ramos. As exportações desse segmento declinaram 12,9%, queda puxada, sobretudo, pelas menores vendas externas de veículos automotores, reboques e afins. Nos demais ramos dessa faixa ou o incremento foi sobre um montante exportado diminuto ou o aumento foi pequeno. As importações de mercadorias dessa faixa cresceram 2,9%.

                          Julho-setembro de 2019 para o segmento faixa de média-baixa intensidade foi deficitário, de US$ 3,0 bilhões, menor do que o déficit de US$ 4,3 bilhões no mesmo trimestre de 2018. O déficit de produtos derivados de petróleo refinado, álcool e outros combustíveis recuou sobremaneira, mas o superávit de produtos metálicos diminuiu. Ambos lograram incremento exportador. O déficit menor do segmento de média-baixa também decorreu da redução de quase US$ 2 bilhões no déficit de bens da indústria naval, devido à queda nas importações.

                          No tocante aos fluxos comerciais da faixa de baixa intensidade tecnológica no terceiro trimestre de 2019, suas exportações, US$ 12,7 bilhões, e o superávit, de US$ 8,8 bilhões, representaram uma piora frente a julho-setembro de 2018. Tais deteriorações decorreram não só da menor exportação com deterioração no saldo comercial dos gêneros típicos da indústria de alimentos, bebidas e fumo, notadamente a de alimentos (menor superávit), mas também de produtos madeireiros, derivados, papel e celulose (menor superávit); e dos produtos têxteis, de vestuário, artigos de couro e calçados (déficit maior). Houve redução expressiva nas exportações dos segmentos superavitários.

                          Bens de alta intensidade tecnológica

                          No acumulado até setembro de 2019, o déficit aumentou em relação ao mesmo período de 2018, chegando a US$ 16,3 bilhões no segmento de alta intensidade. Apesar de maior ficou abaixo dos déficits para janeiro-setembro registrados nos anos de 2010 a 2015. Esse aumento no déficit tem como agravante a retração de 17,2% das exportações em dólares correntes, caindo para US$ 6,6 bilhões. As importações ficaram estáveis, taxa de 0,1%. Os produtos típicos da indústria aeronáutica permanecem como os únicos superavitários dessa faixa, saldo de US$ 2,9 bilhões, com vendas externas de US$ 4,1 bilhões. Mas tais números significaram uma diminuição significativa frente aos resultados de janeiro-setembro de 2018, quando o superávit e as exportações de aeronaves atingiram patamares recordes. Os três ramos do complexo eletrônicos até exportaram um pouco mais, US$ 1,4 bilhão, com o déficit declinando bem discretamente, ficando em US$ 13,5 bilhões. No caso dos produtos farmacêuticos, suas vendas externas ficaram estáveis, ficando em US$ 1,0 bilhão, concorrendo para o resultado negativo de US$ 5,6 bilhões, déficit recorde em dólares correntes para o acumulado até setembro.

                          Em julho-setembro, o déficit do intercâmbio de bens das atividades de alta intensidade foi de US$ 5,9 bilhões, superando em quase US$ 850 milhões a magnitude do déficit do mesmo período de 2018. Suas exportações retrocederam 12,4%, caindo para US$ 2,1 bilhões. As importações, por sua vez, aumentaram 5,9%, chegando a US$ 8,0 bilhões.

                          Os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais conformaram o único grupo desse segmento a lograr superávit no trimestre em questão, de US$ 846, milhões. Apesar de positivo, ficou aquém tanto do saldo de abril-junho último, quanto do terceiro trimestre do ano passado. Nesse sentido, suas exportações diminuíram 19,5%, ficando em US$ 1,2 bilhão. Quanto às importações, estas diminuíram 6,9%

                          Os três ramos de bens típicos do complexo eletrônico, como tem sido recorrente, concorreram sobremaneira para o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade tecnológica, com déficit conjunto de US$ 4,6 bilhões. Até lograram incremento nas exportações, mas dado o montante exportado, sua magnitude continua diminuta. O de equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações (inclusive componentes eletrônicos) é o que registra normalmente o maior déficit dentre todos os ramos não só do complexo eletrônico, mas de toda a faixa. No trimestre em pauta, o déficit foi de US$ 2,0 bilhões um pouco acima do déficit do mesmo trimestre de 2018. Suas exportações, embora tenham crescido 16,1% nessa comparação, chegaram a apenas US$ 153 milhões no período. Suas importações aumentaram 4,3%. Quanto aos equipamentos de informática e material de escritório, foram exportados apenas US$ 67 milhões em julho-setembro, com redução de 20,5% no montante vendido para fora do País. Suas importações cresceram 2,8%, contribuindo para o déficit de US$ 1,2 bilhão. Quanto ao ramo de equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão, suas exportações cresceram 5,5%, alcançando U$S 272 milhões enquanto suas importações cresceram apenas 0,5%. Seu déficit ficou em US$ 1,4 bilhão.

                          Os produtos farmacêuticos experimentaram saldo negativo de US$ 2,2 bilhões, déficit superior ao registrado no mesmo trimestre do ano anterior, quando ficou em US$ 1,8 bilhão. Suas exportações declinaram 1,5%. Ainda assim o Brasil vendeu somente US$ 364 milhões para outros países. As importações desses bens, por sua vez, cresceram 15,9%.

                          Bens de média-alta intensidade tecnológica

                          O segmento de média-alta intensidade apresentou déficit de US$ 33,2 bilhões no acumulado até setembro de 2019, o maior dentre as quatro faixas de intensidade e superior aos déficits experimentados em igual acumulado de 2018, 2017 e de 2016. Apesar de tanto, foi de menor magnitude que o registrado no mesmo acumulado para os anos de 2010 a 2015. Suas exportações diminuíram 14,3%, caindo para US$ 23,5 bilhões em janeiro-setembro. Pari passu, as importações aumentaram 1,7%, atingindo US$ 56,7 bilhões. O déficit maior decorreu da deterioração dos saldos de todos os ramos. Os produtos da indústria automobilística experimentaram déficit de US$ 1,6 bilhão, sendo que, tinham logrado superávit em igual acumulado de 2016 e de 2017. Suas exportações declinaram 28,2%, ficando em US$ 8,0 bilhões, com as importações também diminuindo, queda de 16,9%. Os equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas etc.) foram a exceção no tocante às exportações. Estas cresceram 9,1%, porém atingindo somente US$ 185 milhões. Mesmo exportando mais, seu déficit aumentou para US$ 465 milhões em janeiro-setembro de 2019.

                          Os dois grupamentos ligados a bens de capital viram seus déficits crescerem. O de equipamentos não especificados noutras atividades teve déficit de US$ 6,9 bilhões, com o agravante de suas exportações terem retrocedido 5,4% em relação a janeiro-setembro de 2018, ficando em US$ 6,8 bilhões. Suas importações cresceram 12,2% pela mesma base comparativa. Já os materiais e equipamentos elétricos, tiveram resultado negativo de US$ 4,2 bilhões, com exportações de US$ 2,0 bilhões, 1,5% maior do que o montante exportado no mesmo acumulado de 2018. As importações cresceram 3,4%.

                          Quando aos produtos químicos, exclusive farmacêuticos, experimentou déficit de US$ 20,0 bilhões, o maior dentre todos os ramos de todas as faixas da classificação da OCDE. O Brasil exportou US$ 6,4 bilhões, queda de 6,0%, sendo que as importações cresceram 5,2%.

                          O maior déficit no acumulado até setembro dos bens típicos da indústria de média-alta intensidade foi puxado pelo saldo negativo de US$ 13,8 bilhões no terceiro trimestre, quando as exportações retrocederam 12,8% frente a igual período de 2018, ficando em US$ 7,7 bilhões. Pari passu, as importações avançaram 2,9%.

                          As exportações de produtos químicos (exclusive farmacêuticos) caíram 13,6%, para US$ 2,1 bilhões. Já as importações aumentaram 1,5% no comparativo entre terceiros trimestres. Assim o déficit atingiu US$ 8,2 bilhões

                          Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de média-alta intensidade tecnológica totalizaram déficit de US$ 968 milhões. Os produtos automobilísticos registraram déficit de US$ 790 milhões no terceiro trimestre de 2019, maior do que o apresentado no mesmo trimestre de 2018, por conta da retração de 25,5% nas exportações, que ficaram em US$ 2,5 bilhões. Suas importações caíram 20,1%. Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), suas exportações cresceram 10,8%, com suas importações crescendo 13,4%, culminando no saldo negativo de US$ 178 milhões.

                          A balança comercial de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos e a de máquinas elétricas registraram déficits de US$ 3,2 bilhões e de US$ 1,4 bilhão, respectivamente. No primeiro ramo, suas exportações ficaram estáveis em US$ 2,4 bilhões, enquanto as importações cresceram 31,5%. Já as exportações de máquinas e equipamentos elétricos cresceram 5,4%, chegando a US$ 681milhões, enquanto as aquisições externas caíram 4,5%. Nestas atividades, as importações maiores podem decorrer de aumento no investimento.

                          Bens de média-baixa intensidade tecnológica

                          As vendas externas em dólares correntes de bens oriundos tipicamente de indústrias de média-baixa intensidade tecnológica aumentaram 1,7% nos três primeiros trimestres, sendo a única das quatro faixas cujas vendas ao exterior cresceram. Alcançou, assim, US$ 27,0 bilhões, o maior da série em dólares correntes para tal acumulado. Desse modo, a balança melhorou, embora continue com déficit de US$ 3,3 bilhões. As importações, a seu turno, recuaram 5,0%.

                          Com comportamento ditado sobretudo pelos fluxos comerciais de derivados do petróleo refinado, outros combustíveis etc. e dos produtos metálicos, mormente da siderurgia, coube ao primeiro a melhoria no saldo, uma vez que, embora deficitário, sua magnitude declinou de US$ 8,0 bilhões para US$ 6,2 bilhões. As exportações de derivados de petróleo e outros combustíveis cresceram 63,4% no acumulado até o nono mês, atingindo US$ 4,3 bilhões, com as importações declinando 1,2%. Quanto aos produtos metálicos, seu superávit diminuiu, ficando em US$ 6,4 bilhões, com acréscimo de 1,5% nas exportações, que chegaram a US$ 16,6 bilhões.

                          Passando para os demais ramos, um dos responsáveis pelo resultado deficitário da faixa como um todo no período em foco, o de borracha e produtos plásticos, teve déficit de US$ 2,0 bilhões, ligeiramente acima do que o observado no mesmo acumulado de 2018, com recuo de 4,0% nas exportações e incremento de 0,4% nas importações. O segmento naval teve déficit elevado, de US$ 1,7 bilhão. Isso concorreu para o saldo negativo, mas, por outro lado, representou melhora significativa vis-à-vis janeiro-setembro de 2018, quando o déficit foi praticamente o dobro. Tanto suas exportações quanto as importações retrocederam sensivelmente. Os produtos de minerais não-metálicos, embora logrando superávit de US$ 210 milhões, tiveram uma piora frente a igual período do ano passado, devido à queda de 5,5% nas exportações, acompanhada do avanço de 3,1% nas importações.

                          Atendo-se ao terceiro trimestre de 2019, as exportações de gêneros típicos da indústria de média-baixa intensidade tecnológica retrocederam 5,2% frente a igual período de 2018, ficando em US$ 9,4 bilhões. As importações também declinaram, até com mais força, 11,5%. Deve-se observar que o terceiro trimestre de 2018 registrou déficit de US$ 4,1 bilhões, influenciado por operações de plataformas de petróleo. Desse modo, houve uma redução no déficit, para US$ 3,0 bilhões.

                          As vendas para o exterior de produtos de petróleo refinado e afins aumentaram 49,4% no terceiro trimestre, atingindo US$ 1,4 bilhão. Suas importações também cresceram, 9,8%. O déficit desses bens ficou em US$ 2,6 bilhões, magnitude ligeiramente menor do que em julho-setembro do ano passado.

                          Os produtos metálicos, de balança superavitária, obtiveram superávit de US$ 1,1 bilhão, bem aquém dos US$ 2 bilhões logrados em igual período de 2018. Suas exportações até cresceram, 2,1%, alcançando US$ 5,4 bilhões. As importações também se ampliaram, variação de 29,2%, sem fazer frente ao montante exportado, mas diminuindo o superávit.

                          Passando para os outros ramos dessa faixa, os produtos de minerais não-metálicos lograram superávit de US$ 60 milhões, menor do que no terceiro trimestre de 2018. Suas exportações ficaram praticamente estáveis, 0,3%, chegando a US$ 481 milhões no período em pauta. Já as importações cresceram, 3,0%. O intercâmbio de embarcações, navios etc. registrou déficit de US$ 841 milhões em julho-setembro, com exportações 41,2% menor do que em igual período de 2018. Já o déficit de US$ 798 milhões dos produtos plásticos e de borracha, representou deterioração no saldo desses itens frente ao terceiro trimestre de 2018, com suas exportações caindo 6,7% e as importações crescendo 8,1%.

                          Bens de baixa intensidade tecnológica

                          As exportações de mercadorias produzidas por atividades de baixa intensidade tecnológica declinaram 5,7% no acumulado até setembro de 2019, ficando em US$ 37,6 bilhões. Assim, o superávit de US$ 26,2 bilhões, ficou aquém dos resultados positivos apresentados nos primeiros nove meses dos três anos anteriores. As importações também recuaram, 3,4%, ficando em US$ 11,4 bilhões. Seu ramo mais pujante, o de produtos industriais alimentícios, bebidas e tabaco, registrou queda de 6,5% nas exportações, que ficou em US$ 24,7 bilhões, e de 3,8% nas importações. Desse modo, o superávit caiu para US$ 20 bilhões, mas ainda assim o mais expressivo dentre todos os ramos. Já o intercâmbio de bens industriais madeireiros e seus derivados, incluindo produtos de papel, celulose e impressos obteve superávit expressivo, de US$ 8,6 bilhões, com exportações de US$ 9,7 bilhões. Apesar da expressão, ambos ficaram abaixo do registrado no mesmo acumulado de 2018, com as exportações caindo 3,3%. Suas importações também retrocederam, 2,4%.

                          Passando para os dois ramos dessa faixa caracterizados por serem mais intensivos em trabalho, seus saldos continuaram deficitários, mas com comportamentos distintos no contraponto entre acumulados até setembro. O conjunto dos artigos têxteis, de vestuário, de couro e calçados registraram déficit de US$ 1,7 bilhão, maior do que o observado em janeiro-setembro de 2018, com queda de 10,1% nas exportações, ficando em US$ 2,3 bilhões. Já os produtos manufaturados não especificados noutras atividades e reciclados tiveram saldo negativo de US$ 553 milhões, menor do que no mesmo acumulado de 2018, com vendas externas de US$ 842 milhões, incremento de 4,6%.

                          No terceiro trimestre de 2019 em particular, o País exportou 10,6% a menos dos bens tipicamente oriundos dos ramos dessa faixa de intensidade tecnológica, ficando em US$ 12,7 bilhões. Quanto às importações, declinaram 0,7%, ficando em US$ 3,8 bilhões. Daí o superávit de US$ 8,8 bilhões em julho-setembro, concorrendo para o desempenho pior no acumulado do ano.

                          O saldo positivo do grupamento de bens em questão tem decorrido sobretudo da balança dos produtos industriais de alimentação, bebidas e fumo, cujo superávit atingiu US$ 7,4 bilhões, menor do que no mesmo trimestre de 2018. Suas vendas externas declinaram 9,7% pela mesma base comparativa, caindo para US$ 9,0 bilhões. Já as importações retrocederam 0,9%, ficando em US$ 1,6 bilhão.

                          O intercâmbio de produtos do segmento madeireiro, de papel e celulose, impressão gráfica e afins teve superávit de US$ 2,3 bilhões no terceiro trimestre, abaixo do resultado para igual período de 2018. Suas exportações recuaram 15,6%, ficando em US$ 2,7 bilhões. Quanto às importações, diminuíram 4,6%.

                          Passando para os dois outros agrupamentos de bens típicos da indústria de baixa intensidade, ambos registraram déficit. As vendas externas de bens diversos ou reciclados cresceram 0,5%, chegando a US$ 273 milhões. Suas importações caíram 1,7%. Esse ramo ficou com saldo negativo de US$ 281 milhões, déficit de grandeza inferior ao do mesmo período do ano passado. Quanto aos artigos das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados, suas exportações diminuíram 6,1% no contraponto entre terceiros trimestres, com o Brasil exportando US$ 738 milhões. Suas importações aumentaram 1,1%. Com isso, registrou déficit de US$ 599 milhões. Notar que, desde o terceiro trimestre de 2017, esse conjunto de mercadorias vem registrando exportações menores na comparação com igual trimestre do ano anterior.

                           
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                          Publicado em: 24/02/2025

                          No último trimestre de 2024, embora a inadimplência tenha continuado a cair, as taxas médias de juros já apontam elevação, na esteira da alta da Selic. O dinamismo creditício ainda se mostrou resiliente.

                           

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                          Publicado em: 12/02/2025

                          Em 2024, embora as exportações de bens industriais de alta tecnologia e de média-baixa tenham aumentado, apenas este último grupo melhorou seu saldo de balança.

                           

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