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Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que a produção industrial continua em um processo de ajuste positivo e permanece a perspectiva de que, no segundo semestre, a indústria entre numa trajetória de recuperação mais robusta. Na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, o crescimento foi de 3,4% no segundo trimestre deste ano, após recuos de 9,5% e 7,7%, respectivamente, no quarto trimestre de 2008 e primeiro de 2009. Esse melhor resultado ocorreu em todas as categorias de uso: a produção de bens intermediários aumentou 3,4% (ante –10,7% e –6,8% no quarto trimestre de 2008 e primeiro de 2009, nessa ordem); a de bens de consumo duráveis, 10,3% (–24,6% e 1,6%); a de semi e não-duráveis, 1,5% (–3,2% e –2,0%); e no setor de bens de capital, apesar da variação negativa no segundo trimestre (–2,1%), houve uma significativa redução no ritmo de queda da produção em relação aos dois trimestres imediatamente anteriores (–9,1% e –18,5% no quarto trimestre de 2008 e primeiro de 2009).
Na contramão desses números favoráveis, dois fatos devem ser destacados. Primeiro: o crescimento da produção do setor em junho foi muito pequeno (0,2% com relação a maio, na série com ajuste sazonal), representando a menor variação do ano. Em segundo lugar, ao se tomar a média móvel trimestral, na série dessazonalizada, a variação de 0,9% em junho também é a mais baixa das variações positivas deste ano. Ao se observar os dados mais desagregados, nota-se que o resultado de junho foi “puxado para baixo” pelo setor de semiduráveis e não-duráveis, já que, nos outros setores, a produção cresceu: a produção de bens de capital aumentou 2,1%; a de bens de consumo duráveis, 0,4%; e a de bens intermediários 0,7%; enquanto a produção de bens semiduráveis e não-duráveis recuava 2,6%.
O resultado do segmento de bens de consumo corrente pode significar um “ponto fora da curva”, já que ele está direta e fortemente ligado ao desempenho do nível de emprego e do rendimento médio real da população brasileira, os quais têm se mantido relativamente estáveis. Um fato que preocupa é que os dados do IBGE mostram uma retração muito generalizada nos mais representativos ramos desse segmento (variações em junho com relação a maio, com ajuste sazonal): bebidas (–1,3%), têxtil (–1,0%), vestuário (–1,1%), calçados e artigos de couro (–3,4%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (–3,0%) e, sobretudo, devido a seu peso relativo, o ramo de alimentos, cuja produção recuou 5,4%.
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Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial de junho apresentou, frente a maio e com dados livres dos efeitos sazonais, aumento de 0,2%, o sexto resultado positivo consecutivo, porém bem abaixo dos 1,2% registrados em maio. No confronto entre junho de 2009 e junho de 2008, observa-se recuo de 10,9%. Na comparação do segundo trimestre de 2009 frente ao trimestre imediatamente anterior (na série dessazonalizada), o resultado foi positivo, visto que a indústria cresceu 3,4%, revertendo os resultados negativos dos dois trimestres anteriores. Frente a igual período de 2008, a produção fabril brasileira assinalou queda –12,3% no segundo trimestre deste ano, o resultado melhor que o do primeiro trimestre (–14,6%) na mesma comparação. A variação acumulada no primeiro semestre, comparado a igual período de 2008, apresenta uma queda de 13,4%. Nos últimos 12 meses, a variação acumulada da produção industrial foi de –6,5%, aumentando o ritmo de queda em relação ao dado de maio (–5,0%).
Na comparação junho/maio do presente ano, já livre de efeitos sazonais, todas as categorias de uso assinalaram aumento, exceto a de bens de consumo duráveis e não-duráveis, com queda de 2,6%. O destaque ficou na categoria de bens de capital, cuja produção cresceu 2,1%, acumulando ganho de 5,5% entre março e junho. Os bens de consumo duráveis (0,4%) e os bens intermediários (0,7%) também apresentaram resultados positivos, acumulando expansão no ano de 65,5% e 7,8%, respectivamente.

Em junho de 2009 frente ao mesmo mês do ano anterior, todas as categorias registraram variações negativas. A produção no segmento de bens de capital foi a que mais caiu (–24,4%), devido, sobretudo, ao desempenho de seus sub-setores: bens de capital para transporte (–14,2%), bens de capital de uso misto (–21,6%) e bens de capital para fins industriais (–34,6%). As demais categorias de uso assinalaram as seguintes taxas: bens de consumo duráveis (–12,7%), bens intermediários (–11,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (–4,0%).
Em relação ao mesmo trimestre de 2008, o nível da produção industrial entre abril e junho assinalou recuo de 12,3%, apresentando desaceleração do ritmo de queda frente ao primeiro trimestre (–14,6%). Isso se deu graças aos resultados de bens de consumo duráveis, que passou de –22,5% no primeiro trimestre para –16,1% no segundo, e bens intermediários (de –18,1% para –13,5%). Os bens de capital (–25,5%) assinalaram recuo acima da média geral, seguido por bens de consumo duráveis (–16,1%), bens intermediários (–13,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (–3,3%).
No acumulado entre janeiro e junho, contra mesmo período de 2008, a produção apresentou queda em todas as categorias de uso: com maior recuo, aparece o setor de bens de capital (–23,0%), seguido por bens de consumo duráveis (–19,1%), bens intermediários (–15,8%) e, com redução menos intensa, bens de consumo semi e não duráveis (–3,1%).
Setores. Setorialmente, na passagem de maio para junho, a partir da série livre de efeitos sazonais, dos 27 setores pesquisados, 13 apresentaram alta. Assim, os destaques, por ordem de contribuição, foram: indústria extrativa (5,3%), veículos automotores (2,6%), outros produtos químicos (2,9%) e metalurgia básica (2,0%). Por outro lado, as principais pressões negativas vieram de alimentos (–5,4%), farmacêutica (–4,9%) e outros equipamentos de transportes (–4,4%).
Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), o IBGE destaca que a queda acentuada de 10,9% explica-se, em grande parte, pela base de comparação alta, já que a atividade cresceu ao longo de todo primeiro semestre de 2008. Vinte e dois dos vinte e sete setores pesquisados exibiram resultados negativos, sendo que veículos automotores (–18,9%) representou o maior impacto na formação da taxa global, seguido por máquinas e equipamentos (–27,4%), metalurgia básica (–22,8%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (–34,5%). Por outro lado, a indústria farmacêutica (12,7%) foi a única que exerceu impacto relevante na formação da média geral.
No primeiro semestre de 2009, para a queda de 13,4% da produção industrial geral, colaboraram vinte e quatro ramos. Os destaques negativos foram: veículos automotores (–23,6%), máquinas e equipamentos (–29,0%), metalurgia básica (–27,8%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (–40,1%) e outros produtos químicos (–14,4%). Em sentido oposto, as três indústrias que fecharam o primeiro semestre com crescimento foram: farmacêutica (10,3%), outros equipamentos de transporte (14,0%) e bebidas (5,2%).






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