Análise IEDI
Logística movimenta R$ 213 bilhões por ano, revela levantamento
![]() |
|||||||
13 de setembro de 2005 | |||||||
2º Fórum de Economia |
|||||||
O setor de logística movimenta R$ 213 bilhões por ano, o equivalente a 12,1% do PIB, segundo o diretor do Centro de Estudos em Logística do Coppead/UFRJ, Paulo Fernando Fleury, participante do painel sobre infra-estrutura no último dia do 2º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas, realizado em parceria com o IEDI, a Fiesp, a CUT e a Força Sindical. Fleury disse que o dado “era desconhecido até 15 dias atrás”, quando se concluiu um levantamento de seis meses para obtenção de informações em padrões internacionalmente aceitos. Embora o valor seja significativo, o Brasil “convive com sérias deficiências de infra-estrutura, como o forte desbalanceamento na matriz de transportes e problemas graves de oferta, tanto em quantidade quanto em qualidade”, afirmou o diretor. Um total de 95% dos empresários considera a logística uma vantagem competitiva para a sua empresa e 53% deles contam com um diretor de Logística. Esse quadro resulta da situação aflitiva decorrente de “mais de uma década de sub-investimento em infra-estrutura de transportes”. Exceções nessa trajetória são as áreas de energia e de telecomunicações que, no passado, contaram com um bom planejamento, “ao contrário do que ocorreu no setor de transportes”. Investimento: “Um Desastre” O investimento em logística no Brasil “é um desastre”, avalia Fleury. Chegou-se a investir 1,8% do PIB na década de 1970 mas, no ano passado, o total despencou para 0,15%. O diretor do Coppead/UFRJ comparou a situação do Brasil à dos Estados Unidos, para ilustrar a situação da matriz de transporte. Enquanto que em nosso país o transporte rodoviário representa 59,2% do total e o ferroviário, 23,8%, nos Estados Unidos os percentuais são, respectivamente, de 23,8% e de 39,6%. A produtividade, medida em 10 milhões de toneladas por quilômetro útil por empregado, é de 0,6% no Brasil e de 1,8% nos Estados Unidos no caso do transporte rodoviário. Em relação ao transporte ferroviário, os números são, respectivamente, 9,3% e 21,2%. Um outro dado ilustrativo da crise dos transportes no Brasil é o total de rodovias pavimentadas, de apenas 165 mil quilômetros, diante de 1,5 milhão de quilômetros de estradas não pavimentadas. Em relação às ferrovias, a velocidade média no Brasil é de 32 quilômetros por hora, e de 21 quilômetros por hora nos Estados Unidos. Apenas 22% das rodovias têm manutenção considerada boa ou ótima, no Brasil. Comparando as cinco maiores ferrovias brasileiras privatizadas com as cinco principais dos Estados Unidos, a margem operacional média no nosso país é de 31%, contra 15% para as estradas de ferro americanas. Mas enquanto que o retorno do capital próprio medido pela relação lucro líquido/patrimônio líquido é de 9% nos Estados Unidos, no Brasil é negativa em 34%. Uma Grande Ameaça: Os Navios-Gigantes Para Contêineres Em uma pesquisa feita pelo Centro de Estudos de Logística, nenhum dos entrevistados deu nota superior a 6,6 para os portos brasileiros. O melhor avaliado foi o de Rio Grande, com 6,6 e o pior, o de São Francisco do Sul, com 3,8. “Os nossos portos não passaram por média”, disse Fleury. O transportador rodoviário ou ferroviário gasta, em média, 48 horas para chegar a um porto no Brasil e mais 72 horas para se movimentar no terminal. Uma grande ameaça, na opinião de Fleury, é a tendência de tamanhos crescentes dos navios para contêineres. Apenas três dos 13 portos brasileiros - Suape, Pecém e Sepetiba - têm condições de receber navios de quinta geração, com calado de 13,5 metros, afirmou. O diretor do Centro de Estudos de Logística destacou, no entanto, melhoras nas ferrovias, no tempo de atracação de navios e da movimentação de cargas nos portos. O avanço é insuficiente, no entanto, para dar conta da explosão das exportações nos últimos anos. |
|||||||
Leia outras edições de Análise IEDI na seção Economia e Indústria do site do IEDI | |||||||
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |