Análise IEDI
O papel da Política Industrial na Coreia do Sul
A Carta IEDI a ser divulgada hoje analisa a evolução recente da política industrial da Coreia do Sul, país que é um caso de notável sucesso na estratégia de catching-up econômico. O estudo faz parte da série de trabalhos que o IEDI tem divulgado a respeito da Indústria 4.0.
Outras experiências nacionais tratadas em Cartas IEDI anteriores incluem a Alemanha (Carta n. 807, de 29/09/17), os EUA (Carta n. 820, de 11/12/17) e a China (Carta n. 827 de 26/01/18). Já os desafios e oportunidades que o advento da Indústria 4.0 traz para o Brasil foram analisados na Carta IEDI n. 797, de 21/07/17.
Na Coreia do Sul, a política industrial ativa foi peça-chave do seu rápido e contínuo desenvolvimento econômico, que em menos de cinquenta anos passou de uma economia rural em dos polos industriais mais importantes do mundo, situando-se entre as nações industrializadas avançadas. Deu origem a um grupo de empresas privadas muito fortes, conhecidas como chaebols, com apoio de empréstimos e subsídios governamentais e acesso preferencial a capital e tecnologia.
Desde a virada do século, a política industrial sul-coreana se concentra em promover futuras indústrias baseadas em tecnologias de ponta de última geração, estimulando empreendedorismo e a aplicação inovadora de tecnologia. A estratégia de apoiar o surgimento de uma Indústria 4.0 pode ser vista, assim, como uma continuidade de sua política industrial, fazendo do país um dos precursores desse movimento.
Nesse sentido, vale mencionar que embora o foco das políticas continue sendo a indústria de transformação, os serviços de alto valor adicionado e as atividades da economia do conhecimento ganharam crescente destaque e reforçaram, gradualmente, sua posição na economia sul-coreana na primeira década do século XXI. Medidas abrangentes foram adotadas, com intuito de melhorar a competitividade do setor de serviço e reduzir o diferencial de desenvolvimento em relação à indústria de transformação.
Dentre as iniciativas mais recentes da política industrial na Coreia do Sul, destaca-se a Iniciativa Movimento Inovação Industrial 3.0 (IIM 3.0), lançada em 2014, no âmbito do Plano Estratégico de Economia Criativa, com o propósito de disseminar o uso de fábricas inteligentes e o desenvolvimento de tecnologias básicas relacionadas a IoT, impressão 3-D e Big Data (processamento de dados, coleta de dados e compartilhamento de dados que podem ser usados para análise e previsão).
Os primeiros resultados da iniciativa IIM 3.0 foram bastante positivos. As empresas que operam fábricas inteligentes depois de receberem suporte financeiro, registraram ganho de produtividade da ordem de 25%, enquanto a proporção de deficiências diminuiu em 27%. De igual modo, refletindo os impactos das políticas, a participação dos investimentos em P&D para as pequenas e médias empresas aumentou de 12,4% em 2011 para 18,0% em 2015.
Dado o sucesso inicial da iniciativa e a rápida evolução da digitalização completa e automação na era da Quarta Revolução Industrial, os setores privado e público da Coréia do Sul concordaram, em ampliar o projeto de fábricas domésticas inteligentes. O objetivo anterior de 10.000 fábricas inteligentes até 2020 foi elevado recentemente a 30.000 de fábricas inteligentes, operando com as mais modernas tecnologias digitais e analíticas, até 2025.
Com intuito de preparar o país para a Indústria 4.0, o governo sul coreano lançou, em dezembro de 2016, o Plano de Médio e Longo Prazo para uma Sociedade de Informação Inteligente, que prioriza setores e domínios relacionados com a Tecnologia de Informação Inteligente (TI Inteligente). Com isso, estima-se que, até 2030, a indústria de transformação obterá ganhos de 95 trilhões de wons (algo como US$ 88 bilhões), com novas receitas e redução de custo associada à aplicação das TI Inteligentes no processo de produção.