Análise IEDI
O primeiro mês de reação em 2018
Abril foi o primeiro mês de 2018 em que a indústria apresentou um crescimento digno de nota. Após ter ficado estagnada no primeiro trimestre do ano, sua produção física conseguiu variar +0,8% frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais. Antes tarde do que nunca.
Como maio próximo pode ser negativamente impactado pela paralisação dos caminhoneiros, o desempenho da primeira metade do ano vai depender muito de abril e junho. Basta saber se serão suficientes para que a reativação industrial siga ganhando velocidade. Este é um fator importante para fazer frente a incertezas e potenciais volatilidades derivadas do quadro político do segundo semestre.
O resultado mais significativo em abril decorreu de variações positivas em metade dos 26 ramos industriais acompanhados pelo IBGE, formando um panorama bastante dividido, como tem sido frequente nessa etapa de recuperação industrial. Cabe notar, contudo, a contribuição fundamental da atividade sucroalcooleira para a alta geral da indústria neste mês, puxando não apenas a produção alimentícia (+1,4% ante mar/18) devido ao açúcar, mas também a fabricação de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (+5,2%) devido ao álcool.
Abril também foi um mês favorável se tomado na comparação interanual. A expansão da produção chegou a +8,9%, um desempenho excepcionalmente forte para os padrões atuais de recuperação, mas que é em grande medida explicado por um efeito calendário. Abril de 2018 teve três dias úteis a mais do que abril de 2017, o que turbinou seu resultado. Com esta ajuda, o resultado do primeiro quadrimestre de 2018 (+4,5%) ficou em linha com aquele do último quadrimestre do ano passado (+4,3%).
Embora oscilem mais, os resultados na série com ajuste sazonal nos permitem avaliar melhor a evolução de mais curto prazo da indústria, pois não carregam os efeitos de bases de comparação muito baixas como na série interanual. Por essa razão, retomamos as variações frente a março com ajuste para avaliar a evolução dos grandes macrossetores da indústria, como seguem abaixo.
• Indústria geral: -2,1% em jan/18; +0,1% em fev/18; -0,1% em mar/18 e +0,8% em abr/18;
• Bens de capital: -0,1%; -0,7%; +3,8% e +1,4%, respectivamente,
• Bens intermediários: -2,1%; -0,9%; -0,7% e +1,0%;
• Bens de consumo duráveis: -5,0%; +4,3%; +0,6% e +2,8%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: +0,5%; -0,9%; +0,5% e +0,5%, respectivamente.
Dentre os macrossetores, bens intermediários foi o mais favorecido em abril. O resultado de +1,0% frente março foi a primeira variação positiva de 2018 na série com ajuste sazonal. Com isso, há chances de bens intermediários retomarem o padrão do ano passado, em que as altas marcavam a maioria dos meses.
Para bens de consumo duráveis, abril foi melhor que março, ao permitir uma aceleração para +2,8%, alavancada, entre outros ramos, pela produção de veículos (+4,7% ante mar/18), cujo desempenho também foi importante para a indústria geral. A despeito da queda pronunciada em janeiro, bens de consumo duráveis acumulam três meses seguidos de alta, colocando seu nível de produção 2% acima daquele de dezembro de 2017.
Bens de consumo semi e não duráveis, por sua vez, também registram alta em três dos quatro meses de 2018 de que temos notícias. Neste caso, contudo, as variações são mais modestas, repetindo +0,5% tanto em março como em abril. Apesar disso, há uma melhora na sequência de resultados, majoritariamente positivos desde dez/17, algo que não ocorria no ano passado.
Bens de capital, por fim, sofreram uma desaceleração na passagem de março para abril, mas isso não comprometeu o sinal de seu desempenho, que se manteve positivo. Com isso, o macrossetor teve duas quedas e duas altas em 2018, sendo estas, porém, mais intensas, colocando seu nível de produção, em abr/18, 4% acima daquele de dez/17.
Os dados da Pesquisa Industrial Mensal para o mês de abril divulgados hoje pelo IBGE indicam, para dados livres de influência sazonal, que a produção da indústria nacional apresentou avanço de 0,8% frente ao mês de março de 2018, após variar 0,1% em fevereiro e -0,1% em março.
Em comparação a abril de 2017, registrou-se crescimento de 8,9%, sendo a décima segunda taxa positiva consecutivamente e a mais acentuada desde abril de 2013 (9,8%). Já para o acumulado do ano de 2018, o setor industrial obteve avanço de 4,5% e para o acumulado de doze meses o aumento foi de 3,9%.
Categorias de uso. Na comparação com o mês anterior, para dados sem influência sazonal, obtiveram crescimentos os segmentos de bens de consumo duráveis (2,8%), bens de capital (1,4%), bens intermediários (1,0%), bens de consumo semiduráveis e não duráveis (0,5%) e bens de consumo (0,4%).
O resultado observado na comparação com o mês de abril de 2017 aponta crescimento de bens de consumo duráveis (36,2%), seguido por bens de capital (23,2%), bens de consumo (14,8%), bens semiduráveis e não duráveis (9,6%) e bens intermediários (4,7%). Para o índice acumulado do ano, obtiveram incrementos todos os segmentos: bens de consumo duráveis (21,6%), bens de capital (14,0%), bens de consumo (6,5%), bens semiduráveis e não duráveis (2,8%) e bens intermediários (2,4%).
Setores. Na comparação com abril de 2017, houve aumento no nível de produção em 24 dos 26 ramos pesquisados: veículos automotores, reboques e carrocerias (40,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (32,8%), outros equipamentos de transporte (15,0%), móveis (13,5%), produtos de madeira (12,5%), produtos alimentícios (12,0%), bebidas (11,6%), máquinas e equipamentos (9,6%), produtos de metal (9,5%), confecção de artigos de vestuário e acessórios (8,6%), produtos de borracha e material plástico (8,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (7,9%), metalurgia (7,4%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (7,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (5,6%), manutenção reparação e instalação de maquinas e equipamentos (5,6%), celulose, papel e produtos de papel (5,2%), produtos têxteis (4,0%), produtos de minerais não metálicos (3,7%), produtos diversos (3,7%), outros produtos químicos (2,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustível (0,4%), couro, artigos de viagem e calçados (0,3%), indústrias extrativas (0,1%). Por outro lado, houve recuo em impressão e reprodução de gravações (-1,3%) e produtos de fumo (-5,6%).
Por fim, na comparação do acumulado do ano de 2018 frente igual período do ano anterior, a produção industrial apresentou elevação em 18 dos 26 ramos analisados: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (27,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (25,2%), produtos de madeira (10,1%), móveis (10,0%), metalurgia (8,0%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (7,8%), máquinas e equipamentos (7,7%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,3%), celulose, papel e produtos de papel (7,1%), produtos de borracha e de material plástico (5,7%), produtos alimentícios (4,8%), bebidas (4,5%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (3,4%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (3,0%), produtos têxteis (2,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (0,7%) e produtos de minerais não-metálicos (0,6%). Por outro lado, os segmentos que apresentaram retrações foram: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustível (-4,2%), impressão e reprodução de gravações (-2,3%), produtos de fumo (-2,3%), couro, artigos de viagem e calçados (-2,2%), outros equipamentos de transporte (-1,0%), outros produtos químicos (-0,9%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-0,6%).