Análise IEDI
São Paulo, uma exceção
O desempenho industrial de abril, como vimos esta semana, foi responsável pela primeira variação positiva significativa em 2018, depois de um começo de ano muito fraco para o setor. Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que abril colocou de volta nos trilhos da recuperação não apenas a indústria geral, como a grande maioria das indústrias regionais.
A alta de 0,8% frente a março, já descontados os efeitos sazonais, foi acompanhada de aumento na produção em 10 das 15 localidades pesquisadas pelo IBGE. Em alguns parques industriais, a reação de abril foi particularmente forte, como na Bahia, Rio de Janeiro e na região Nordeste como um todo.
São Paulo, entretanto, foi uma exceção. Mesmo tendo registrado evolução positiva, sua indústria cresceu muito pouco em abril, o que concorreu para restringir o dinamismo do total Brasil. Não fosse o desempenho paulista, bem como as cinco localidades em queda, a indústria brasileira teria avançado mais.
Mesmo podendo ter sido melhor, abril aponta para um dinamismo mais intenso no segundo trimestre de 2018, muito embora o resultado de junho ainda tenha que se provar favorável o suficiente para fazer frente aos efeitos adversos da paralisação do transporte de carga rodoviário que atingiu as últimas semanas de maio. Em outros termos, o segundo trimestre começa bem, mas pode-se perder o passo nos próximos meses.
O significado de abril vis-à-vis a morosidade do primeiro trimestre do ano é ilustrado a seguir pelas variações com ajuste sazonal de abril frente a março e do período janeiro-março de 2018 frente a outubro-dezembro de 2017.
• Brasil: +0,1% no 1º trim/18 e +0,8% em abr/18;
• Nordeste: -1,3% e +5,6%, respectivamente;
• Minas Gerais: -0,7% e +4,4%;
• Rio de Janeiro: -2,9% e +6,0%;
• Paraná: -0,8% e +3,3%;
• São Paulo: -0,7% e +0,3%;
• Rio Grande do Sul: +1,7% e +2,2%;
• Amazonas: +10,9% e -4,1%.
A maioria das localidades, isto é, 10 das 15 acompanhadas pelo IBGE, deram sinal de ganho de velocidade em abril, seguindo o total Brasil, que passou de uma virtual estabilidade no primeiro trimestre para o aumento de 0,8%, como mencionado anteriormente. Em muitos casos, inclusive, houve uma reviravolta, isto é, o declínio do primeiro trimestre foi revertido em elevação da produção em abril, como no Nordeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.
São Paulo também transitou do terreno negativo para o positivo nesta comparação, mas em um ritmo muito baixo, saindo de -0,7% no 1º trim/18 contra 4º trim/17 para apenas +0,3% em abr/18 contra mar/18, sempre com ajuste sazonal. Assim, a indústria paulista foge à regra não pela direção do movimento, mas por sua magnitude.
Ainda dentre as localidades com resultados favoráveis em abril, há aquelas que tinham conservado crescimento no primeiro trimestre do ano e agora apenas sinalizam com um dinamismo um pouco maior. Foram os casos da Bahia (+0,1% no 1º trim/18 e +7,0% em abr/18, com ajuste), Pernambuco (+1,8% e +2,1%, respectivamente), Rio Grande do Sul (+1,7% e +2,2%) e Santa Catarina (+1,2% e +1,9%).
O rol de indústrias regionais se completa com outras 5 localidades para as quais abril aponta para um esmorecimento. Em três delas, a retração do primeiro trimestre se manteve em abril, como no Ceará, Goiás e Mato Grosso. Amazonas e Pará, por sua vez, vinham bem, mas tropeçaram: +10,9% no 1º trim/18 e +4,1% em abr/18 no primeiro caso e +1,0% e -8,1%, respectivamente, no segundo caso.
A partir dos dados dessazonalizados, na passagem de março para abril de 2018, a produção industrial brasileira apresentou aumento de 0,8%. Entre os 15 locais pesquisados, dez registraram expansões: Bahia (7,0%), Rio de Janeiro (6,0%), Nordeste (5,6%), Minas Gerais (4,4%), Paraná (3,3%), Rio Grande do Sul (2,2%), Pernambuco (2,1%), Santa Catarina (1,9%), Espírito Santo (1,4%) e São Paulo (0,3%). De outro lado, as cinco demais localidades apresentaram retrações: Pará (-8,1%), Amazona (-4,1%), Goiás (-1,5%), Ceará (-1,3%) e Mato Grosso (-0,1%).
Analisando em relação a abril de 2017, houve incremento de 8,9% da indústria nacional, com 13 dos 15 locais pesquisados registrando aumentos: São Paulo (14,8%), Santa Catarina (14,6%), Mato Grosso (14,4%), Amazonas (13,2%), Paraná (12,8%), Pernambuco (11,7%), Rio Grande do Sul (11,4%), Rio de Janeiro (9,6%), Ceará (6,1%), Bahia (5,4%), Minas Gerais (5,4%), Goiás (4,5%) e Nordeste (3,5%). Para as demais regiões observamos retrações, sendo elas no Espírito Santo (-2,1%) e Pará (-0,7%).
No acumulado do ano (janeiro a abril de 2018) frente a igual período do ano anterior, houve aumento de 4,5% em termos nacionais, com expansão na produção de 13 das 15 regiões pesquisadas: Amazonas (21,5%), São Paulo (7,7%), Santa Catarina (7,1%), Pará (6,8%), Rio de Janeiro (4,1%), Ceará (4,1%), Mato Grosso (3,9%), Pernambuco (3,5%), Rio Grande do Sul (3,4%), Bahia (2,3%), Paraná (2,2%), Goiás (1,0%) e Nordeste (0,7%). Por outro lado, os estados que apresentaram retrações foram Espírito Santo (-5,0%) e Minas Gerais (-0,8%).
São Paulo. Na comparação com o mês de março de 2018, a produção da indústria paulista apresentou expansão de 0,3%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a abril de 2017, houve expansão de 14,8%. Analisando os dados de abril de 2018 contra o mesmo mês do ano anterior, apresentaram aumento os seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (41,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (24,2%), produtos alimentícios (20,0%), metalurgia (18,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (17,9%). Para os setores que apresentaram variações negativas tivemos: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-0,7%) e coque, produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis (-0,2%).
Santa Catarina. Na comparação com o mês de março de 2018, a produção da indústria catarinense apresentou expansão de 1,9%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a abril de 2017, houve expansão de 14,6%. Os setores com as maiores contribuições positivas (comparação abril de 2018/abril de 2017) foram: metalurgia (42,6%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (23,6%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (23,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (21,8%), produtos de borracha e de metal plástico (18,6%). Não houve em nenhum dos segmentos analisados de Santa Catarina, contribuições negativas.
Espírito Santo. Na comparação com o mês de março de 2018, a produção da indústria capixaba apresentou aumento de 1,4%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a abril de 2017, houve variação negativa de -2,1%, sendo o maior declínio dentre os estados analisados. Os setores com as maiores variações positivas na comparação frente a abril de 2017 foram: produtos alimentícios (9,1%) e metalurgia (4,1%). De outro lado e por fim, os maiores decréscimos foram em: produtos de minerais não metálicos (-21,9%), celulose, papel e produtos de papel (-6,2%), indústrias de transformações (-3,5%) e indústrias extrativas (-0,7%).