Análise IEDI
Indústria em marcha lenta: panorama setorial
O início da segunda metade de 2018 apontou para uma maior fragilidade da recuperação industrial ao apresentar, nos meses de julho e agosto, desempenhos negativos, ainda que próximos da estabilidade. Enquanto 2017 foi um ano de retorno ao crescimento a um ritmo cada vez mais forte, 2018 está sendo marcado por uma trajetória de hesitação e perda de ímpeto. Com isso, o resultado interanual de +2,5% da produção industrial no acumulado de janeiro a agosto simplesmente repete o crescimento de 2017. Em outras palavras, nenhum passo adicional está sendo dado na direção de superar tudo aquilo que foi perdido em 2014-2016.
Diante disso, cabe traçar o panorama industrial de 2018 a partir da desagregação máxima em seus diferentes ramos. A partir dos dados do IBGE, o IEDI apurou a evolução de 93 segmentos da indústria entre janeiro e agosto do presente ano em relação ao mesmo período do ano anterior, tendo sido classificados em nove faixas segundo a vitalidade de seu crescimento. Ademais, também se avaliou o quão amplo foi o movimento de desaceleração diante dos resultados obtidos em 2017.
Um resumo do quadro geral identificado pelo levantamento é o seguinte:
• Dos 93 segmentos, 56 registraram aumento ou estabilidade de produção em jan-ago/2018 (59% do total). No 1º tri/2018, este número havia sido de 60 (64% do total) o que evidencia dificuldades para que mais ramos industriais deem prosseguimento à saída da crise.
• Destes segmentos com crescimento, 41 conseguiram um resultado melhor do que o da indústria total, ou seja, menos da metade (44%) do total conseguiu crescer mais de 2,5% em jan-ago/18.
• Em comparação com o resultado de 2017 como um todo, a maioria dos ramos mostrou desaceleração no acumulado de jan-ago/18. Ao todo, foram 49 segmentos (53%) que estão em uma situação pior em 2018 do que em 2017. Isso sugere que 2018 tem grandes chances de vir a ser um ano decepcionante para quase metade da indústria.
• Dentre as faixas de nível de atividade, aquela de crescimento fraco, isto é, de alta da produção entre 1% e 4% no acumulado de jan-ago/18 foi a mais representativa, com 23 ramos (25% do total).
• Já as faixas identificadas como de crescimento intenso e expressivo, isto é, com resultados superiores a +7%, somaram 19 ramos industriais (20% do total) em jan-ago/18. Este número é significativamente inferior àquele de 2017, quando 32 ramos (34%) registravam tal nível de dinamismo. Em outras palavras, ficou menor a parcela de segmentos na liderança da recuperação industrial em 2018.
• Dentre os líderes de crescimento em 2018, estão ramos que acusaram retrações excepcionalmente elevadas durante a crise, a exemplo da indústria automobilística, especialmente carrocerias e reboques para veículos automotores (+63,3% ante jan-ago/17); caminhões e ônibus (+46,1%) e automóveis, camionetas e utilitários (+12,7%), e de bens de capital, como máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e na construção (+27%), máquinas-ferramenta (+12,7%), entre outros.
• No extremo oposto, ainda em crise, encontram-se segmentos de bens de capital pesado, associados a grandes projetos de investimento, tais como tanques, reservatórios metálicos e caldeirarias (-17,5%), geradores, transformadores e motores elétricos (-4,8%), segmentos da indústria química, como cloro e álcalis (-6,6%), químicos orgânicos (-5,6%), adubos e fertilizantes (-4,3%) e de outros intermediários, além de um conjunto de ramos de bens semi e não duráveis, como de alimentos, vestuário, brinquedos.