Análise IEDI
Maioria no negativo
Se outubro foi um mês bastante fraco para a indústria como um todo, chegou a ser ainda pior para a maioria dos seus parques regionais, como bem mostram os dados divulgados hoje pelo IBGE. Ainda que a produção no agregado nacional tenha se mantido praticamente estável frente a setembro (+0,2%), voltou a ficar no vermelho em 60% das localidades pesquisadas.
Ao todo, foram 9 parques industriais regionais que apresentaram quedas na série com ajuste sazonal em outubro, sendo que dentre as mais intensas estão Paraná (-2,5% ante set/18), Rio Grande do Sul (-2,1%) e o Nordeste (-1,9%). Com resultados positivos somaram apenas 5 do total de 15 localidades, como Amazonas (+12,4%), Santa Catarina (+4,4%) e Minas Gerais (+1,1%). Na maior parte destes casos, porém, a alta de out/18 meramente compensou uma fração das perdas dos meses anteriores.
São Paulo, por sua vez, não perdeu, mas também não ganhou nada. Ficou estável (0%) frente a set/18, mantendo um padrão recente de registrar resultados sempre inferiores à média Brasil. Este desempenho, entretanto, não ilustra com justiça o que a indústria paulista tem passado nos últimos meses. O quadro é pior do que parece.
Do que já conhecemos, a segunda metade de 2018 tem sido um período de retrocesso para São Paulo. Tomando o nível de produção de out/18 contra aquele de jun/18, com dados já livres de sazonalidade, a indústria paulista apresenta um dos piores resultados dentre as localidades pesquisadas: -6,4% contra -2,4% da média Brasil.
Já o desempenho paulista no acumulado de julho a outubro de 2018 frente a igual período de 2017, a situação também é negativa: -1,5% contra uma expansão de +1,2% da média Brasil. Como mostram as variações interanuais abaixo, a piora no segundo semestre tem feito encolher o resultado de São Paulo no acumulado de 2018. Por se tratar do maior e mais diversificado parque industrial do país, este é um aspecto que causa preocupações a respeito da recuperação da indústria como um todo.
• Brasil: +2,2% no 1º sem/18; +1,2% em jul-out/18 e +1,8% em jan-out/18
• São Paulo: +4,5%; -1,5% e +1,8%, respectivamente
• Minas Gerais: -1,9%; -0,4% e -1,3%
• Rio de Janeiro: +3,8%; +1,4% e +2,8%
• Amazonas: +15,2%; -3,7% e +6,9%
• Nordeste: -0,2%; +2,9% e +1,1%
• Rio Grande do Sul: +0,5%; +13,0% e +5,6%, respectivamente.
São Paulo não está no vermelho sozinho. Amazonas reverteu uma alta de +15,2% em jan-jun/18 em queda de -3,7% em jul-out/18, em função da piora em equipamentos de informática e eletrônicos, máquinas e equipamentos, borracha e plástico e derivados de petróleo.
Minas Gerais também vem perdendo produção na segunda metade do ano, porém de modo menos intenso que no 1º semestre. Mesmo assim, a indústria mineira ainda acumula queda de -1,3% no acumulado de 2018 até o mês de outubro. O mesmo vale para Goiás.
Rio de Janeiro, seguindo a média Brasil, registrou desaceleração com a entrada do segundo semestre do ano, mas conseguiu se manter na faixa positiva. Ainda assim, deve fechar 2018 com um resultado abaixo daquele de 2017. Neste aspecto, a indústria do Rio de Janeiro se alinha com a de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Ceará, Espírito Santo e Minas Gerais, somando 8 das 15 localidades com resultados em deterioração no acumulado do corrente ano.
Há, por fim, algumas localidades que ganharam ritmo com a virada do semestre. A região Nordeste como um todo, devido a Pernambuco e Bahia, cresceu +2,9% em jul-out/18, um avanço frente a retração de -0,2% do 1º semestre do ano. Rio Grande do Sul, por sua vez, saiu de apenas +0,5% na primeira metade de 2018 para +13% em julho-outubro, graças à indústria automobilística, produtos de metal, papel e celulose, derivados de petróleo, couros e calçados, entre outros. Ambos caminham para ter, em 2018, um ano melhor que 2017.
Na passagem de setembro para outubro de 2018, a produção industrial brasileira registrou expansão de 0,2%, a partir dos dados dessazonalizados. Dentre os 15 locais pesquisados, cinco registraram crescimento: Amazonas (12,4%), Santa Catarina (4,4%), Espírito Santo (1,9%), Minas Gerais (1,1%) e Bahia (1,1%). De outro lado, os estados que apresentaram retrações foram: Pernambuco (-10,1%), Mato Grosso (-2,7%), Ceará (-2,6%), Paraná (-2,5%), Pará (-2,5%), Rio Grande do Sul (-2,1%), Goiás (-1,0%) e Rio de Janeiro (-0,8%).
Analisando em relação a outubro de 2017, registrou-se incremento de 1,1% da indústria nacional, sendo que 11 dos 15 locais pesquisados registraram expansões: Rio Grande do Sul (14,8%), Pará (12,9%), Santa Catarina (7,8%), Bahia (7,1%), Espírito Santo (5,3%), Pernambuco (4,7%), Nordeste (2,6%), Amazonas (1,9%), Minas Gerais (1,8%), Ceará (1,5%) e Paraná (1,2%). Para os demais estados observaram-se decréscimos: Goiás (-6,5%), Rio de Janeiro (-3,1%), Mato Grosso (-3,0%) e São Paulo (-2,8%).
No acumulado do ano (janeiro a outubro de 2018) frente a igual período do ano anterior, observou-se incremento de 1,8% em termos nacionais, com expansões da produção em 12 dos 15 estados pesquisados: Pará (10,1%), Amazonas (6,9%), Pernambuco (6,8%), Rio Grande do Sul (5,6%), Santa Catarina (4,4%), Rio de Janeiro (2,8%), Paraná (2,0%), São Paulo (1,8%), Nordeste (1,1%), Bahia (0,9%), Ceará (0,4%) e Mato Grosso (0,3%). Por outro lado, os estados que registraram quedas foram: Goiás (-3,5%), Espírito Santo (-1,8%) e Minas Gerais (-1,3%).
São Paulo. Na comparação com o mês de setembro de 2018, a produção da indústria paulista registrou estabilidade, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a outubro de 2017, houve queda de 2,8%. No entanto, analisando os dados acumulados de janeiro a outubro de 2018, tivemos aumentos nos seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (14,5%), metalurgia (10,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (10,0%), máquinas e equipamentos (9,8%) e produtos de borracha e material plástico (4,6%). Por outro lado, os cinco setores que apresentaram variações negativas foram: produtos alimentícios (-10,0%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,%), outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-9,1%), sabões, detergentes e produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene (-1,9%) e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-1,4%).
Rio de Janeiro. Na comparação com o mês de setembro de 2018, a produção da indústria carioca registrou queda de 0,8%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a outubro de 2017, houve variação negativa de 3,1%, e no acumulado do ano (janeiro a outubro de 2018) houve expansão de 2,8%. Os setores que registraram os maiores crescimentos foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (24,5%), produtos alimentícios (19,2%), produtos de minerais não-metálicos (16,2%), outros produtos químicos (8,9%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (7,4%). Por fim, as maiores variações negativas se deram nos seguintes setores: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-51,4%), impressão e reprodução de gravações (-17,8%), bebidas (-11,0%), produtos de borracha e de material plástico (-7,8%) e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-7,5%).
Pará. Na comparação com o mês de setembro de 2018, a produção da indústria do Pará registrou queda de 2,5%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a outubro de 2017, houve expansão de 12,9%. No acumulado do ano, a indústria do Pará apresentou a queda de 10,1%, sendo que os setores com contribuições positivas foram: indústrias extrativas (13,3%), produtos alimentícios (9,6%), produtos de madeira (8,1%) e bebidas (3,4%). Por outro lado, os cinco demais setores que apresentaram retrações foram: metalurgia (-32,7%), produtos de minerais não-metálicos (-18,0%), indústria de transformação (-8,5%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,9%).