Análise IEDI
Quadro em estabilização
Outubro de 2018 foi um mês devagar para todos os grandes setores da economia e o setor de serviços é quem melhor expressou esta situação, pois seu faturamento real variou somente +0,1% frente a setembro, já descontados os efeitos sazonais. Em outros termos, o setor ficou parado.
Por si só este já não é um bom resultado, pois os negócios de serviços ainda se encontram muito aquém do que já foram. Frente ao pico anterior, atingido em nov/14 (isto é, logo antes de entrar em uma espiral recessiva), o nível atual de seu faturamento real continua quase 12% inferior.
Porém, a falta de dinamismo de outubro é ainda mais grave porque foi precedida de retração, a qual não conseguiu compensar integralmente. Na verdade este tem sido o padrão, na série com ajuste sazonal, na segunda metade de 2018: as variações positivas sempre menos intensas do que as negativas. Assim, o nível de faturamento de outubro está 0,9% abaixo daquele de junho, com ajuste sazonal.
De todo modo, devido a bases de comparação muito baixas, o acumulado dos quatro meses já conhecidos do segundo semestre de 2018, frente ao mesmo período do ano passado, aponta uma primeira reação do setor. O ganho de faturamento foi de +0,8% neste quadrimestre ante declínio de -0,9% na primeira metade do ano.
Isso sugere que o ano pode terminar com estabilidade, ou seja, sem retroceder, mas também sem avançar. O que não seria grande motivo para comemorações e daria mais um mostra do baixíssimo dinamismo da economia brasileira na atualidade; entretanto, haja vista que o setor estava até pouco tempo atrás em recessão aberta, não cair já é algum progresso.
Como o setor de serviços é intensivo em mão de obra, seu quadro menos adverso traz uma sinalização favorável para o emprego geral do país, que ainda tem muito o que recuperar. Porém, o setor também é conhecido por gerar vagas predominantemente informais e de menor rendimento em muitos de seus segmentos, aspectos que restringem a ampliação do mercado interno.
De todo modo, o estágio atual implica uma melhora relativa em relação aos resultados do ano passado (-1,6% no 2º sem/17), algo que é compartilhado por seus segmentos, em maior ou menor medida, como mostram as variações interanuais a seguir:
• Serviços – total: -1,6% no 2º sem/17; -0,9% no 1º sem/18 e +0,8% em jul-out/18;
• Serviços prestados às famílias: -0,1%; -2,0% e +1,8%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -2,3%; -2,0% e +0,7%;
• Serviços, profissionais, adm. e complementares: -6,0%; -2,1%; -1,2%;
• Serviços de transporte, seus auxiliares e correios: +5,2%; +0,7% e +2,3%;
• Outros serviços: -7,7%; +2,6% e +0,2%, respectivamente.
Serviços de transportes e correios, depois do impacto negativo da greve dos caminhoneiros, retomou um ritmo mais intenso de crescimento em jul-out/18 (+2,3%), muito embora abaixo daquele registrado na segunda metade de 2017 (+5,2%).
Serviços prestados às famílias também resgatou sua trajetória anterior de melhora gradativa, depois de ter sofrido importante deterioração na primeira metade de 2018 (-2%). Há chances, porém, de o crescimento do segundo semestre (+1,8% até out.) só ser suficiente para aplacar a retração do primeiro.
Além destes, outros dois segmentos compõem o rol daqueles com expansão de faturamento real no acumulado de jul-out/18: serviços de informação e comunicação (+0,7%) e outros serviços (+0,2%), segmento que reúne um conjunto diversificado de atividades. Neste último caso, houve desaceleração importante com a entrada da segunda metade do ano.
Assim, apenas o segmento de serviços, profissionais, adm. e complementares permanece em crise, registrando perda de faturamento de -1,2% em jul-out/18. Apesar disso, a situação tem ficado menos negativa e seu ritmo de queda tem sido bastante inferior àquele de 2017 (-6% no 2º sem/17).
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de outubro, o volume de serviços prestados registrou expansão de 0,1% frente a setembro de 2018, na série com ajuste sazonal. Em comparação ao mesmo mês do ano anterior (outubro/2017), apresentou variação positiva de 1,5%. No acumulado de 12 meses houve decréscimo de 0,2% e no acumulado do ano registrou-se queda de 0,2%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, dois dos cinco segmentos analisados registraram crescimento: outros serviços (5,5%) e serviços de informação e comunicação (0,5%). De outro lado, na ordem decrescente, os demais seguimentos apresentaram decréscimos: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,9%), serviços prestados às famílias (-1,0%) e transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-0,2%). O segmento das atividades turísticas registrou retração de 0,9% na mesma base de comparação.
Frente a outubro de 2017, quatro dos cinco segmentos analisados registraram expansão: outros serviços (2,5%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (2,3%), serviços prestados às famílias (2,0%) e serviços de informação e comunicação (1,5%). Por outro lado, somente um dos segmentos apresentou decréscimo: serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,2%). Ainda para esta comparação, as atividades turísticas apresentaram incremento de 5,4%.
No acumulado do ano (janeiro de 2018 a outubro de 2018) frente ao mesmo período do ano anterior, dois segmentos apresentaram variações positivas: outros serviços (1,6%) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1,4%). De outra forma, os demais setores registraram retrações: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,7%), serviços de informação e comunicação (-0,9%) e serviços prestados às famílias (-0,5%). O volume de serviços relacionados as atividades turísticas registrou expansão de 1,8% na mesma base de comparação.
Na análise por unidade federativa, no mês de outubro de 2018 comparado ao mesmo mês do ano anterior, 15 dos 27 estados apresentaram variações positivas, sendo que os resultados mais expressivos forma verificados no Maranhão (6,7%), Amazonas (4,9%), Santa Catarina (4,9%), São Paulo (4,4%), Piauí (4,2%), Pernambuco (4,1%), Alagoas (3,3%), Paraná (2,6%) e Mato Grosso do Sul (2,3%). Para as demais unidades federativas foram aferidas variações negativas, com as maiores sendo em Tocantins (-9,7%), Roraima (-9,3%), Amapá (-9,2%), Bahia (-6,7%) e Sergipe (-4,5%).
Por fim, e ainda na análise por unidade federativa, na comparação do acumulado do ano com relação ao mesmo período do ano anterior verificou-se incremento em cinco dos vinte e sete estados analisados, sendo eles: Roraima (2,1%), São Paulo (1,7%), Santa Catarina (1,2%), Mato Grosso (0,9%) e Distrito Federal (0,4%). Nos demais estados registraram-se retrações, sendo as maiores nos seguintes estados: Ceará (-7,7%), Rio Grande do Norte (-7,3%), Tocantins (-6,8%), Amapá (-6,5%), Pará (-5,4%) e Sergipe (-4,5%).