Análise IEDI
Acelerando o passo
Enquanto a indústria patina, o comércio varejista dá sinais de ter reforçado seu dinamismo nos últimos meses de 2018, em consonância com a importante melhora da confiança dos consumidores. O crescimento de +2,9% das vendas reais em novembro frente a outubro foi o melhor resultado do ano na série com ajuste sazonal e o mais forte desde jan/07. Em seu conceito ampliado, que inclui automóveis, autopeças e material de construção, registrou variação de +1,5%, um resultado em linha com o padrão de 2018.
Com isso, até novembro o saldo da segunda metade de 2018 é positivo, mesmo que setembro e outubro tenham ficado no vermelho. O nível de vendas reais em nov/18 está 2,8% acima daquele de jun/18 no conceito restrito e 3,5% superior no conceito ampliado.
Vale notar ainda que, além de expressiva, a alta de novembro também foi acompanhada de avanços na maioria dos segmentos do varejo, atingindo 6 dos 10 identificados pelo IBGE, inclusive o de supermercado, alimentos, bebidas e fumo, que representa uma fração importante das vendas totais e cresceu +1,7% ante out/18, em boa medida ajudado pela baixa inflação.
Há, porém, um risco de o desempenho de novembro também ter sido muito influenciado pelas liquidações que se tornaram típicas neste mês do ano, a Black Friday, de modo a vir enfraquecer o resultado de dezembro. O crescimento excepcional de alguns segmentos de bens de consumo duráveis pode ser um indício deste fenômeno.
As vendas de móveis e eletrodomésticos avançaram +5% em nov18/out18, a maior variação positiva da série com ajuste desde jan/16 (+9%). Já outros artigos pessoais e de uso doméstico, que incluem as lojas de departamento, registraram alta de +6,9%, a mais forte desde abr/07 (+8,2%).
Ainda assim, parece que as liquidações em 2018 geraram vendas maiores do que em 2017. Frente a nov/17, outros artigos pessoais e de uso doméstico avançaram +16,9%, tecidos, vestuário e calçados tiveram a maior alta do semestre (+4,8%) e móveis e eletrodomésticos interromperam sucessão de quedas ao registrar +1,6%.
Assim, 2018 vai se firmando como um ano de continuidade da recuperação do varejo como um todo, assegurando-lhe, inclusive, um dinamismo superior àquele de 2017. Este, como sabemos, não foi o caso da indústria, que registrou desaceleração neste período. As variações interanuais abaixo sugerem ainda que o padrão de crescimento do varejo na virada de 2017 para 2018 pode se repetir novamente de 2018 para 2019, depois de alguns trimestres mais fracos.
• Varejo restrito: +3,8% no 1º trim/18; +1,6% no 2º trim/18; +1,1% no 3º trim/18 e +3,2% em out-nov/18;
• Varejo ampliado: +6,6%; +4,7%; +4,0% e +6,0%, respectivamente;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +5,7%; +4,0%; +2,4% e +2,5%;
• Tecidos, vestuário e calçados: -1,6%; -5,0%; -1,7% e +4,5%;
• Móveis e eletrodomésticos: +1,7%; -0,6%; -4,1% e +0,1%;
• Outros artigos de uso pessoal e doméstico: +10,9%; +5,2%; +6,0% e +12,8%;
• Material de construção: +3,7%; +5,9%; +2,2% e +3,9%;
• Veículos e autopeças: +17,9%; +15,1%; +14,5% e +16,5%, respectivamente.
Entre os segmentos responsáveis por ensejar uma aceleração das vendas reais no final de 2018 estão aqueles que compreendem bens de consumo duráveis e semiduráveis, tais como material de construção (+3,9% ante out-nov/17); equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação (+3,4%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (+12,8%); tecidos, vestuário e calçados (+4,5%) e móveis e eletrodomésticos (+0,1%).
Nestes dois últimos casos, porém, a melhora dos meses mais recentes pode não salvar o ano: -1,6% no acumulado jan-nov/18 para tecidos, vestuário e calçados e -0,8% para móveis e eletrodomésticos. Vale observar, porém, que eletrodomésticos isoladamente tem se saído melhor, crescendo +0,6% em out-nov/18 e +0,8% em jan-nov/18 frente aos mesmos períodos do ano anterior.
As vendas de automóveis e autopeças conseguiram manter o nível de dinamismo com que iniciaram 2018, de modo a encerrarem o ano com crescimento mais forte do que 2017. Já o segmento de supermercados, alimentos, bebidas e fumo teve seu crescimento reduzido ao longo de 2018, mas ainda assim está melhor em 2018 do que em 2017.
Outro segmento importante do comércio varejista, o de combustíveis e lubrificantes permanece jogando contra a recuperação do setor ao acumular retração de -5,4% em jan-nov/18. Se tivesse ficado estável neste período (0%), a taxa de crescimento do varejo restrito no acumulado de 2018 até novembro teria sido de +3,1% e não de +2,5% (+5,8% e não +5,4% no caso do varejo ampliado).
A partir dos dados de novembro de 2018 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional, na série com ajuste sazonal, registrou expansão de 2,9%. Para o acumulado dos últimos doze meses, o resultado foi crescimento de 2,6% e para o acumulado do ano observou-se incremento de 2,5%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, houve expansão de 1,5% em relação a outubro de 2018, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho frente ao mesmo mês de 2017, foi registrado incremento de 5,8%. Para o acumulado dos últimos 12 meses e no acumulado do ano aferiu-se expansão de 5,5% e de 5,4%, respectivamente.
A partir de dados dessazonalizados, seis dos oito setores registraram incrementos em comparação ao mês imediatamente anterior: outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,9%), móveis e eletrodomésticos (5,0%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,8%), tecido, vestuário e calçados (1,7%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,7%) e Combustíveis e lubrificantes (0,1%). Por outro lado, os demais seguimentos apresentaram retrações: livros, jornais, revistas e papelaria (-1,9%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-0,2%). Para o comércio varejista ampliado, houve crescimento de 1,5%, embora veículos, motos, partes e peças tenha retraído 2,2% e material de construção caiu 0,7%.
Em relação ao mês de novembro de 2017, registraram-se variações positivas em seis das oito atividades que compõem o varejo: outros artigos de uso pessoal e doméstico (16,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,8%), tecidos, vestuário e calçados (4,8%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (3,5%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,1%) e móveis e eletrodomésticos (1,6%). Em sentido oposto, os demais setores apresentaram quedas: livros, jornais, revistas e papelaria (-32,4%) e combustíveis e lubrificantes (-3,3%). Para o comércio varejista ampliado, registrou-se crescimento de 5,8%, com expansão de 12,8% em veículos e motos, partes e peças, e de 1,4% em material de construção.
Para a análise referente ao acumulado do ano (janeiro a novembro de 2018), aferiram-se expansões em quatro das oito atividades que compõem o varejo: outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (5,7%), hipermercados, supermercados, produtos, alimentícios, bebidas e fumo (4,0%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (0,4%). Em relação aos outros segmentos analisados, foram registradas retrações em: livros, jornais, revistas e papelaria (-13,6%), combustíveis e lubrificantes (-5,4%), tecidos, vestuário e calçados (-1,6%) e móveis e eletrodoméstico (-0,8%). No comércio varejista ampliado, na mesma base de comparação, verificou-se incremento de 5,4%, com expansão de veículos, motos, partes e peças (15,9%) e material de construção (3,9%).
Para a análise do acumulado em 12 meses, registrou-se variações positivas em quatro dos oito segmentos: outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (5,9%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,2%) e móveis e eletrodomésticos (0,1%). Os demais setores observaram variações negativas: livros, jornais, revistas e papelaria (-13,1%), combustíveis e lubrificantes (-5,6%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-1,7%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,3%). Para o comércio varejista ampliado, houve incrementos de 5,5%, sendo que veículos, motos, partes e peças apresentou crescimento de 15,1% e material de construção de 4,3%.
Por fim, comparando novembro de 2017 com novembro de 2018, 24 das 27 unidades federativas apresentaram variação positiva do volume de comércio, sendo as maiores variações na ordem decrescente: Acre (16,5), Rondônia (15,3%), Pará (12,1%), Maranhão (10,2%), Espírito Santo (9,5%), Santa Catarina (8,6%), Mato Grosso do Sul (8,5%), Goiás (6,9%), Amazonas (6,6%), Mato Grosso (6,5%) e Tocantins (5,9%). Os demais estados apresentaram as variações negativas: Piauí (-2,9%), Distrito Federal (-2,0%) e Minas Gerais (-1,3%).