Análise IEDI
Quarto ano de recessão
Assim como a indústria e o comércio varejista, os últimos meses de 2018 foram de fraco desempenho para o setor de serviços. Seu faturamento real pouco se moveu em dezembro, mas mesmo assim voltou à faixa negativa quando comparado com o mesmo mês do ano anterior. A taxa de -0,2% interrompeu uma sequência de quatro meses consecutivos de resultados positivos.
Tal quadro de virtual estagnação também reflete o resultado geral no acumulado de 2018. Isso, no caso do setor de serviços, que entrou mais tarde em crise e até pouco tempo atrás não havia saído dela, implica algum progresso relativo. Apesar de apontar na boa direção, o movimento não teve força suficiente para levar o setor ao azul. A variação de -0,1% em 2018 como um todo completou seu quarto ano de recessão.
A indicação para 2019, contudo, é mais favorável, já que a trajetória registrada ao longo do ano passado apontou reação no segundo semestre, ao crescer +0,7% tanto no 3º como no 4º trimestre de 2018. O que faltou foi um reforço nos últimos meses do ano.
Este reforço poderá vir em 2019 se forem retirados os obstáculos que prejudicaram o dinamismo em 2018. Ao que parece, a situação complicada das empresas, cujos mercados têm reagido pouco e o acesso ao crédito em melhores condições é ainda limitado, o que dificulta a gestão de passivos antigos e freia a demanda empresarial por serviços.
Este aspecto fica evidente na evolução do segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares, que são geralmente demandados pelas pessoas jurídicas. As variações interanuais abaixo mostram que este é o caso que está mais longe do fim da crise. No acumulado de 2018 seu faturamento real recuou -1,9%, isto é, ao mesmo ritmo do último trimestre do ano, o que sugere que não há nenhuma melhora consistente em processo.
• Serviços total: -1,5% no 1º trim/18; -0,3% no 2º trim/18; +0,7% no 3º trim/18; +0,7% no 4º trim/18;
• Serviços prestados às famílias: -2,4%; -1,6%; +1,7% e +2,8%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -3,7%; -0,3%; +0,5% e +1,4%;
• Serviços prof. administrativos e complementares: -2,6%; -1,6%; -1,5% e -1,9%;
• Transportes, seus auxiliares e correio: +1,1%; +0,3%; +2,3% e +0,9%;
• Outros serviços: +1,8%; +3,5%; -0,6% e +2,8%, respectivamente.
Dificuldades no cenário corporativo também ajudam a explicar porque outro importante segmento encerrou 2018 no vermelho: serviços de informação e comunicação acumularam queda de -0,5% frente a 2017. Ao menos neste caso a sequência trimestral de resultados aponta para dias melhores, muito provavelmente com contribuição relevante da demanda gerada pelas famílias. No 4ºtrim/18 houve crescimento de +1,4%.
Foram os serviços que compõem a cesta de consumo das famílias os que têm mais reagido com maior firmeza e que, a contar pela trajetória recente, apresentam maiores chances de ganhar robustez em 2019. A alta em 2018 neste caso foi de apenas +0,2%, mas chegou a +2,8% no último trimestre do ano. Contribuem para isso o aumento registrado na ocupação e o crescimento dos rendimentos reais da população, ainda que progridam a ritmo modesto.
Por incluírem serviços igualmente demandados pelas famílias, além de um conjunto amplo de outras atividades, o segmento de outros serviços registrou a taxa de crescimento mais significativa de 2018: +1,9%, com direito a uma aceleração no último trimestre, embora sem tendência muito clara. Cabe notar, porém, que a recessão neste segmento durou cinco anos, de 2013 a 2017, e seu nível de faturamento real permanece 23% abaixo do pico de jan/12.
Por fim, o segmento de transporte, seus auxiliares e correio, também encerrou 2018 em alta de +1,2% no acumulado de jan-dez, um desempenho que é a metade daquele de 2017 (+2,3%) e que foi produzido por uma trajetória relativamente irregular ao longo deste período, para a qual a greve dos caminhoneiros foi fator importante. O baixo nível geral de atividade econômica no 4º trim/18 foi outro determinante na variação de apenas +0,9% neste segmento.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de dezembro de 2018, o volume de serviços prestados registrou acréscimo de 0,2% frente a novembro, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (dezembro/2017) verificou-se retração de 0,2%. No acumulado do ano houve decréscimo de 0,1%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, apenas um dos cinco segmentos analisados registrou incremento em relação ao mês imediatamente anterior: serviços de informação e comunicação (0,2%). Os demais seguimentos apresentaram retrações: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-0,6%), outros serviços ( -0,2%), e serviços prestados às famílias (-0,1%). Para o segmento das atividades turísticas registrou-se queda de 1,0% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Frente a dezembro de 2017, três dos cinco segmentos analisados registraram incremento: serviços prestados às famílias (3,1%), serviços de informação e comunicação (1,6%) e outros serviços (2,3%). Os demais segmentos apresentaram decréscimo: serviços profissionais, administrativos e complementares (-4,2%) e transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-0,4%). Ainda para esta base de comparação, as atividades turísticas apresentaram crescimento de 1,5%.
No acumulado do ano (janeiro de 2018 a dezembro de 2018), três dos cinco segmentos aferiram crescimento: outros serviços (1,9%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1,2%) e serviços prestados às famílias (0,2%). De outra forma, os demais setores registraram retração: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,9%) e serviços de informação e comunicação (-0,5%). O volume de serviços relacionados as atividades turísticas registrou incremento de 2,0%.
Na análise por unidade federativa, no mês de dezembro de 2018 comparado ao mesmo mês do ano anterior, 19 dos 27 estados aferiram acréscimos, sendo os mais expressivos no Distrito Federal (6,6%), São Paulo (3,1%), Pernambuco (1,5%), Pará (1,5%), Mato Grosso do Sul (1,0%), Minas Gerais (0,8%) e Rondônia (0,6%). Para as outras unidades federativas registraram-se quedas, com as maiores sendo em: Roraima (-22,9%), Amapá (-11,2%), Mato Grosso (-8,1%), Rio de Janeiro (-7,4%), Piauí (-6,7%), Ceará (-6,5%) e Paraíba (-6,4%).
Por fim, e ainda na análise por unidade federativa, na comparação do acumulado do ano com relação ao mesmo período do ano anterior verificou-se expansão em quatro dos vinte e sete estados analisados: São Paulo (2,1%), Santa Catarina (1,7%), Distrito Federal (1,3%) e Mato Grosso (0,1%). Para as outras unidades federativas foram aferidas quedas, com as maiores sendo em: Tocantins (-7,5%), Ceará (-7,1%), Rio Grande do Norte (-6,8%), Amapá (-6,7%), Acre (-6,0%), Sergipe (-4,6%), Rio de Janeiro (-3,2%) e Piauí (-3,0%).