Análise IEDI
Sinais desfavoráveis no curto prazo
Os serviços foram o último dos grandes setores da economia a sair da crise recente. No final de 2017 e início de 2018 conseguiu frear o declínio de seu faturamento e só a partir de meados do ano passado deu sinais de reação. O problema neste início de 2019 é que vemos alguns indícios de perda de fôlego, em um quadro que só não é mais nítido devido à existência de bases muito deprimidas de comparação.
A tendência de mais longo prazo, aferida a partir da comparação do acumulado de doze meses frente ao mesmo período do ano anterior, evoluiu de -5% em fev/17 para -2,4% em fev/18 e chegando a +0,7% em fev/19. Desde novembro do ano passado, o setor vem evitando o terreno negativo, de modo a lhe assegurar alguma recuperação.
São os sinais de curto prazo que preocupam, pois caso se tornem frequentes poderão comprometer a recomposição do faturamento do setor. Tais sinais são captados pelas variações na margem, isto é, frente ao mês anterior com ajuste sazonal. Tanto em janeiro como em fevereiro houve retração de mesma magnitude: -0,4%, que somadas anulam a expansão de dez/18 (+0,8%). Com isso, os serviços estariam paralisados desde out/18.
Dois meses seguidos de queda em 2019, resultando em estagnação nos últimos cinco meses, é um quadro nada satisfatório para um setor cujo faturamento real se encontrava, em fev/19, 11,4% abaixo do nível de nov/14, mês que antecedeu a trajetória cadente que vigorou até 2017.
Justamente porque os serviços encontram-se em um ponto muito abaixo daquele que já atingira no passado, as bases de comparação permanecem deprimidas e ajudam o desempenho do setor em relação à sua situação de um ano atrás, como mostram as variações abaixo.
• Serviços total: +0,7% no 3º trim/18; +0,9% no 4º trim/18 e +2,9% no 1º bim/19;
• Serviços prestados às famílias: +1,7%; +2,8% e +4,3%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +0,5%; +1,9% e +4,8%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -1,5%; -1,7% e +0,5%;
• Transporte, serviços auxiliares e correios: +2,3%; +0,9% e +1,5%;
• Outros serviços: -0,6%; +2,9%; +5,4%, respectivamente.
Assim, no 1º bimestre de 2019, o resultado para o total de serviços foi de +2,9% frente ao 1º bim/18, para o qual também contribuiu a existência de um efeito calendário positivo, já que fev/19 teve dois dias úteis a mais do que fev/18. Caso nenhuma reversão acentuada ocorra, o primeiro trimestre poderá reservar resultados mais robustos para os serviços.
Este desempenho dos dois primeiros meses do ano foi condicionado sobretudo pelos serviços de informação e comunicação, serviços prestados às famílias e outros serviços, que reúnem um conjunto diversificado de atividades. Todos estes têm componentes pertencentes às cestas de consumo da população e, por isso, é possível que seja justamente o consumo das famílias que esteja por trás da recuperação do setor como um todo.
Do lado dos segmentos mais associados às empresas, como transporte e serviços profissionais, as altas de faturamento, quando existem, têm sido muito mais modestas. Isso mostra os efeitos de um quadro financeiro ainda não resolvido para o ramo corporativo. Empresas endividadas e com baixa lucratividade têm funcionado como entrave para a recuperação mais consistente do setor de serviços.
O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares, em queda desde o início de 2015, a contar pela variação de +0,5% no 1º bim/19, pode vir a ter seu primeiro trimestre no azul só agora em março.
Já os serviços de transporte, seus auxiliares e correios viu seu faturamento real crescer (+1,5%) a metade do total dos serviços (+2,9%) no 1º bim/19 e em linha com o seu desempenho obtido em 2018 como um todo (+1,2% ante jan-dez/17). Isso sugere ausência de aceleração deste segmento, em convergência com o que temos testemunhado para o agregado da economia nos últimos meses.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de fevereiro, o volume de serviços prestados registrou queda de 0,4% frente a janeiro de 2019, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (fevereiro/2018) aferiu-se expansão de 3,8%. No acumulado de 12 meses verificou-se incremento de 0,7% e para o acumulado do ano houve crescimento de 2,9%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, um dos cinco segmentos analisados registraram acréscimo em relação ao mês imediatamente anterior: serviços de informação e comunicação (0,8%). De outro lado, três seguimentos apresentaram retrações: outros serviços (-3,8%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-2,6%) e serviços prestados às famílias (-1,1%). Para os serviços profissionais, administrativos e complementares não houve variação (0,0%). Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se retração de 4,8% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com fevereiro de 2018, os cinco segmentos analisados registraram expansão: serviços de informação e comunicação (6,2%), outros serviços (5,0%), serviços prestados às famílias (4,3%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (2,4%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (1,6%). Ainda para esta comparação, as atividades turísticas apresentaram variação positiva de 5,0% frente a fevereiro de 2018.
Na análise para o acumulado do ano, os cinco segmentos analisados registraram incrementos: outros serviços (5,3%), serviços de informação e comunicação (4,8%), serviços prestados às famílias (4,3%), transportes, serviços, auxiliares dos transportes e correio (1,5%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,5%). Para a mesma comparação, o segmento de atividades turísticas apresentou acréscimo de 4,3%.
Na análise por unidade federativa, no mês de fevereiro de 2019, comparado ao mesmo mês do ano anterior, 12 dos 27 estados apresentaram variação positiva, sendo as maiores: Tocantins (13,4%), Maranhão (9,6%), São Paulo (8,3%), Distrito Federal (4,2%), Bahia (4,1%), Pernambuco (3,6%), Sergipe (3,5%), Santa Catarina (3,3%), Mato Grosso do Sul (3,3%), Amazonas (2,2%) e Rio Grande do Sul (0,8%). Para as demais unidades federativas registraram-se retrações, com as maiores no: Acre (-17,3%), Amapá (-13,3%), Rondônia (-6,1%), Mato Grosso (-4,9%), Roraima (-4,6%), Piauí (-2,9%), Goiás (-2,9%), Ceará (-2,7%) e Rio de Janeiro (-2,7%).
Por fim, analisando o acumulado do ano, 10 dos 27 estados aferiram crescimento, sendo os maiores: Maranhão (7,0%), Tocantins (6,7%), São Paulo (6,4%), Distrito Federal (5,8%), Minas Gerais (3,3%), Roraima (2,9%), Sergipe (2,5%) e Mato Grosso do Sul (2,5%). Nos demais estados houve retração, sendo as maiores no: Acre (-15,1%), Amapá (-12,5%), Ceará (-4,9%), Piauí (-3,7%), Rondônia (-2,9%), Paraíba (-2,7%) e Rio de Janeiro (-2,5%).