Análise IEDI
Paralisia também nos serviços
O quadro de paralisia foi generalizado em maio de 2019. Assim como a indústria (-0,2%) e o varejo ampliado (+0,2%), o desempenho do setor de serviços não saiu do lugar em relação a abril, já descontados os efeitos sazonais. Seu faturamento real registrou 0%, fazendo com que seu nível permanecesse -1,1% inferior ao do último mês de 2018.
Se a ausência de crescimento é grave para os demais setores da economia, notadamente para a indústria, cujas perdas na crise foram intensas, é também para os serviços, que só há pouquíssimo tempo começou a dar os primeiros passos no caminho da recuperação. Devido a seu forte potencial empregador, sem uma dinamização maior do setor será difícil que o desemprego no país saia dos níveis recordes em que se encontra atualmente.
Os primeiros meses de 2019 traziam a esperança de termos uma reação mais satisfatória do agregado dos serviços, mas à medida que o semestre vem passando tem ocorrido uma acomodação do seu ritmo de crescimento. Embora pareça ter deixado para trás a fase de declínio, a realidade atual do setor é de crescimento modesto.
A taxa de +2,9% apresentada no acumulado do primeiro bimestre de 2019 caiu para apenas +1,4% em jan-mai/19. Embora este resultado nos primeiros cinco meses de 2019 seja diametralmente oposto à queda de -1,3% de jan-mai/18, ele ainda é restringido pelo desempenho de dois importantes segmentos, cujo comportamento costuma refletir de perto o nível geral da atividade econômica.
São os casos dos serviços de transporte, seus auxiliares e correios, bem como os serviços profissionais, administrativos e complementares, que são geralmente demandados pelas empresas. Como mostram as variações interanuais a seguir, estes são os dois únicos segmentos de serviços ainda no vermelho.
• Serviços total: -1,3% em jan-mai/18 e +1,4% em jan-mai/19;
• Serviços prestados às famílias: -1,6% e +4,7%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -2,7% e +3,4%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -1,8% e -0,2%;
• Transporte, seus auxiliares e correios: -0,1% e -0,9%;
• Outros serviços: +2,5% e +3,9%, respectivamente.
No caso dos transportes, o declínio é mais intenso em seu componente de transporte aéreo (-3,5% em jan-mai/19), mas que passou a ser acompanhado mais recentemente pelo recuo do faturamento real também do ramo de transportes terrestres (-2,4% no trimestre mar-mai/19), decorrente da perda de força da recuperação da economia nos últimos meses. Com isso o desempenho de jan-mai/19 é pior do que de igual período de 2018.
Já em relação aos serviços profissionais, administrativos e complementares, depois de perdas sucessivas de faturamento desde início de 2015, os resultados permanecem negativos no acumulado de 2019 até o mês de maio, mas ao menos vêm se aproximando da estabilidade. A queda de -1,8% em jan-mai/18 se reduziu para apenas -0,2% em jan-mai/19.
Todos os outros três segmentos de serviços identificados pelo IBGE (informação e comunicação; serviços prestados às famílias; e outros serviços), assim como o agregado especial de serviços de turismo, encontram-se em um quadro melhor do que estavam um ano atrás.
A sequência de resultados positivos mais consistente cabe aos serviços prestados às famílias (+4,7% em jan-mai/19), tanto em função dos serviços de alojamento e alimentação como de outros serviços. Como compreendem muitas atividades informais, o desempenho desta fração do setor de serviços está associado à criação de postos de trabalho sem carteira assinada ou por conta própria, que tem marcado a melhora do quadro do emprego desde o início da recuperação da economia.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de maio, o volume de serviços prestados ficou estável (0,0%) frente a abril de 2019, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (maio/2018) aferiu-se incremento de 4,8%. No acumulado de 12 meses registrou-se expansão de 1,1% e para o acumulado do ano houve crescimento de 1,4%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, quatro dos cinco segmentos analisados registraram variação positiva em relação ao mês imediatamente anterior: outros serviços (2,6%), serviços de informação e comunicação (1,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (0,7%) e serviços prestados às famílias (0,5%). De outro lado, o seguimento de serviços de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correios apresentou retração de 0,6%. Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se expansão de 1,6% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Frente a maio de 2018, todos os cinco segmentos analisados registraram acréscimos: outros serviços (8,7%), serviços prestados às famílias (6,4%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (5,7%), serviços de informação e comunicação (4,7%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (1,8%). Já para o segmento de atividades turísticas o incremento registrado foi de 5,1%, na mesma base de comparação.
Na análise para o acumulado do ano, três dos cinco segmentos analisados registraram expansões: serviços prestados às famílias (4,7%), outros serviços (3,9%) e serviços de informação e comunicação (3,4%). Os demais segmentos que apresentaram retrações: transportes, serviços, auxiliares dos transportes e correio (-0,9%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,2%). Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu crescimento de 3,2%.
Na análise por unidade federativa, no mês de maio de 2019, comparado ao mesmo mês do ano anterior, 12 dos 27 estados apresentaram expansões, sendo os maiores: Roraima (4,4%), Tocantins (3,3%), Espírito Santo (2,4%), Santa Catarina (2,3%), São Paulo (1,3%) e Maranhão (1,1%). Para as outras unidades federativas registraram-se variações positivas, com as maiores registradas em: Mato Grosso (-4,9%), Piauí (-2,3%), Alagoas (-1,9%), Bahia (-1,9%), Rio Grande do Norte (-1,8%), Distrito Federal (-1,4%), Mato Grosso do Sul (-1,3%) e Amapá (-1,2%).
Por fim, analisando o acumulado do ano, 10 dos 27 estados aferiram incrementos, sendo as maiores: São Paulo (4,9%), Santa Catarina (4,2%), Amazonas (3,4%), Maranhão (3,4%) e Sergipe (2,1%). Para os demais estados houve decréscimos, sendo as maiores no: Acre (-9,1%), Amapá (-7,7%), Rondônia (-6,9%), Mato Grosso (-6,1%) e Piauí (-5,0%).