Análise IEDI
Amplo retrocesso
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que o setor de serviços, assim como ocorreu com a indústria e o comércio, não escapou de uma queda recorde no mês de abril de 2020, registrando -11,7% frente ao mês de março, descontados os eventuais efeitos sazonais.
Com isso, a pandemia de Covid-19 já retirou dos serviços 17,9% de seu faturamento real, distanciando ainda mais o setor de seu pico histórico obtido em nov/14: em abr/20 o nível de atividade dos serviços encontrava-se 27% abaixo desta marca.
A exemplo de outros setores, a retração dos serviços devido ao coronavírus foi amplamente difundido entre seus segmentos, atingindo todos os cinco acompanhados pelo IBGE, como ilustram as variações com ajuste sazonal a seguir.
• Serviços total: -1,0% em fev/20; -7,0% em mar/20 e -11,7% em abr/20;
• Serviços prestados às famílias: -0,4%; -31,2% e -44,1%, respectivamente;
• Informação e comunicação: -1,3%; -1,3% e -3,6%;
• Serviços profissionais, administrativos e complementares: -0,5%; -7,2% e -8,6%;
• Transporte, armazenagem e correio: +0,3%; -8,7% e -17,8%;
• Outros serviços: +0,5%; -1,5% e -7,4%, respectivamente.
Dois ramos, porém, lideram as perdas com larga vantagem. O primeiro deles são os serviços prestados às famílias, cujo faturamento real caiu -44,7% na passagem de mar/20 a abr/20, já com ajuste sazonal, fazendo deste o ramo mais afetado pela pandemia: -61,6% na comparação de abr/20 com fev/20.
Trata-se do efeito direto das medidas de isolamento social e dos protocolos de distanciamento físico, que tendem a afetar atividades mais intensivas em mão de obra. Este declínio dos serviços prestados às famílias também é resultado da elevação do desemprego e da perda de renda de muitos daqueles que preservaram suas ocupações. Seu componente mais afetado foi o de serviços de alojamento e alimentação (-64,6% para abr20/fev20).
O segundo ramo a liderar as perdas na pandemia são os serviços de transporte, respondendo diretamente pela menor mobilidade das pessoas, mas também indiretamente pela redução do nível geral de atividade econômica. Em abr/20 seu faturamento real declinou -17,8%, mas como já havia caído muito em mar/20, a perda acumulada na pandemia chega a -24,9%.
Em contrapartida, embora também no vermelho, desempenho dos demais ramos de serviços não é tão grave quanto estes dois anteriores. Isso porque muitas destas atividades ou são melhor adaptáveis ao teletrabalho ou encontram demanda adicional em função do distanciamento social. Tais serviços têm mitigado as perdas do setor como um todo.
É o caso dos serviços de informação e comunicação, que registraram -3,6% em abr/20, enquanto seu componente de telecomunicações manteve-se no azul, variando +0,1%. É também o caso dos serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,6%), especialmente os que requerem maior qualificação, isto é, o componente tecno-profissionais, cuja queda foi de apenas -3,5% em abr/20.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de abril, o volume de serviços prestados apresentou retração de 11,7% frente a março de 2020, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (abril/2019) aferiu-se redução de 17,2%. No acumulado de 12 meses registrou-se decréscimo de 0,6% e para o acumulado do ano registrou-se variação negativa de 4,5%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, todos os cinco segmentos analisados apresentaram retrações em relação ao mês imediatamente anterior: serviços prestados às famílias (-44,1%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-17,8%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,6%), outros serviços (-7,4%) e, serviços de informação e comunicação (-3,6%). Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se variação negativa de 54,5% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com abril de 2019, apenas um dos cinco segmentos analisados registrou variação positiva: a categoria outros serviços (1,0%). Por outro lado, todos os outros segmentos registraram decréscimos em relação ao mês de abril de 2019, sendo eles: serviços prestados às famílias (-65,2%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-21,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-17,3%) e serviços de informação e comunicação (-4,8%). Já para o segmento de atividades turísticas houve retração de 67,3%, frente a abril de 2019.
Na análise para o acumulado do ano, apenas um dos cinco segmentos analisados registrou variação positiva: a categoria outros serviços (8,5%). Por sua vez, todos os outros setores apresentaram variações negativas no período, sendo eles: serviços prestados às famílias (-23,6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,3%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-4,6%) e, serviços de informação e comunicação (-0,9%). Para a mesma comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação negativa de 20,9%.
Na análise por unidade federativa, no mês de abril de 2020 frente ao mesmo mês do ano anterior, apenas 1 dos 27 estados apresentou variação positiva: Rondônia (3,1%). Em sentido oposto, os demais 26 estados apresentaram variações negativas, sendo as maiores em: Alagoas (-32,3%), Rio Grande do Norte (-29,9%), Bahia (29,9%), Rio Grande do Sul (-27,5%), Pernambuco (-27,2%), Piauí (-26,7%), Ceará (-26,3%), Sergipe (-24,0%), Paraíba (23,1%), Amapá (-22,0%), Roraima (-21,0%), Santa Catarina (-20,3%), Acre (-19,2%), Paraná (-17,1%) e, Goiás (-17,0%).
Por fim, na análise do acumulado do ano, 2 das 27 unidades federativas apresentaram variações positivas no volume de serviços: Rondônia (2,7%) e Amazonas (0,8%). Por outro lado, as 25 unidades federativas restantes apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Bahia (-12,3%), Piauí (-12,0%), Alagoas (-10,5%), Rio Grande do Norte (-9,3%), Sergipe (-9,1%), Roraima (-9,6%), Amapá (-7,7%), Ceará (-7,1%), Pernambuco (-6,8%), Goiás (-6,4%), Santa Catarina (-5,9%), Paraná (-5,5%), Espírito Santo (-5,3%), Minas Gerais (-5,2%) e Paraíba (-5,1%).