Análise IEDI
Risco de reação efêmera
Em fev/21, assim como no comércio varejista e em contraste com a indústria, houve reação no setor de serviços, após um quadro de virtual estagnação nos dois meses anteriores. A alta foi de +3,7% ante jan/21, já descontados os efeitos sazonais, com variações positivas em todos os seus segmentos.
Embora este desempenho tenha sido importante, por levar o setor como um todo a níveis de faturamento real superiores ao pré-pandemia (+0,9%), o mais provável é que não venha ter continuidade nos que se seguiram, dado o novo surto de Covid-19 no país e o endurecimento das medidas restritivas a partir de março. Ou seja, a reação deve ser efêmera.
A deterioração da situação sanitária tente a prejudicar principalmente a parcela dos serviços que mais cresceu na passagem de jan/21 para fev/21, a saber, os serviços prestados às famílias. O faturamento deste segmento avançou +8,8%, com ajuste sazonal, ajudado por bases de comparação deprimidas pelo recuo nos meses anteriores, como mostram as variações a seguir.
• Serviços – total: +0,3% em dez/20; +0,1% em jan/21 e +3,7% em fev/21;
• Serviços prestados às famílias: -3,6%; -2,6% e +8,8%, respectivamente;
• Serviços de info. E comunicação: +0,6%; -0,9% e +0,1%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +0,4%; +2,3% e +3,3%;
• Serviços transportes e correios: -0,9%; +4,1% e +4,4%;
• Outros serviços: +0,7%; -9,7% e +4,7%, respectivamente.
Cabe observar que esta melhora dos serviços às famílias ante jan/21, proporcionada sobretudo pelos serviços de alojamento e alimentação, não foi suficiente para reduzir sua defasagem em relação ao pré-pandemia. O desempenho no 1º bim/21 ante o mesmo período do ano anterior mostra a gravidade do quadro: -28%, pior inclusive do que o resultado do último bimestre de 2020 (-25,7%).
A segunda maior alta de fev/21 na série com ajuste também compensou resultado anterior desfavorável. Foi o caso do segmento de outros serviços, que reúne um conjunto amplo de atividades, como serviços financeiros, imobiliários etc., com queda de -9,7% em jan/21 e reação de +4,7% em fev/21. Aqui também o 1º bim/21 ante o mesmo período do ano anterior foi negativo, mas o mais preocupante é sua trajetória: +10,9% em set-out/20; +8,5% em nov-dez/20 e -1% em jan-fev/21.
Um perfil mais consistente tem marcado o crescimento dos segmentos de serviços profissionais, administrativos e complementares e de transportes e correios, que já tinham ficado no positivo em jan/21 e agora em fev/21 reforçaram seu desempenho na série livre de sazonalidades. Em ambos os casos, porém, o 1º bim/21 ficou abaixo do 1º bim/20 (-5,0% e -2,2%, respectivamente), mas sua evolução aponta claramente para redução das perdas. A recuperação está incompleta, mas está presente.
Dos cinco ramos de serviços identificados pelo IBGE, quem está em uma situação mais confortável são os serviços de informação e comunicação, ajudados pela necessidade de distanciamento físico e trabalho remoto. É importante notar que nos últimos meses tem ocorrido baixo dinamismo neste ramo, com seu faturamento oscilando em torno da estabilidade na série com ajuste sazonal. Mas apenas disso, está em um ponto superior à entrada do ano passado: +2,1% no 1º bim/21.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de fevereiro, o volume de serviços prestados apresentou acréscimo de 3,7% frente a janeiro de 2021, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (fevereiro/2020) aferiu-se redução de 2,0%. No acumulado de 12 meses e para o acumulado do ano (janeiro-fevereiro) registraram-se decréscimos de 8,6% e 3,5%, respectivamente.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, todos os cinco segmentos analisados apresentaram incrementos: serviços prestados às famílias (8,8%), outros serviços (4,7%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (4,4%), serviços profissionais, administrativos e complementares (3,3%) e serviços de informação e comunicação (0,1%). Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se crescimento de 2,4% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Frente a fevereiro de 2020, dois dos cinco seguimentos analisados apresentaram expansões: serviços de informação e comunicação (2,7%) e outros serviços (1,2%). Os outros quatro segmentos analisados registraram decréscimos em relação à mesma base de comparação (mesmo mês do ano anterior): serviços prestados às famílias (-28,1%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-2,2%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-0,5%). Já para o segmento de atividades turísticas houve retração de 31,1% frente a fevereiro de 2020.
Na análise do acumulado no ano (janeiro-fevereiro), um dos cinco segmentos apresentou expansão: serviços de informação e comunicação (2,1%). Por outro lado, os demais segmentos analisados registraram retrações,: serviços prestados às famílias (-28,1%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,0%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-2,2%) e outros serviços (-0,9%). Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação negativa de 30,1%.
Na análise por unidade federativa, no mês de fevereiro de 2021, comparando ao mesmo mês do ano anterior (janeiro/2020), aferiu-se que 10 dos 27 estados apresentaram incrementos do volume de serviços, sendo os maiores: Amazonas (10,7%), Tocantins (10,0%), Santa Catarina (9,9%), Mato Grosso (6,3%), Minas Gerais (6,2%) e Pará (2,2%). Por outro lado, as 17 unidades federativas restantes apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Rio Grande do Norte (-14,7%), Bahia (-14,0%), Distrito Federal (-11,0%), Pernambuco (-10,3%), Acre (-10,0%) e Sergipe (-8,8%).
Por fim, na análise por unidade federativa no mês de fevereiro considerando o acumulado no ano em 2021, aferiu-se que 8 dos 27 estados apresentaram incrementos, sendo os maiores: Santa Catarina (7,5%), Amazonas (6,0%), Minas Gerais (4,0%), Amapá (3,9%), Roraima (3,9%) e Tocantins (2,9%). Para esse fim de comparação, o estado do Espírito Santo apresentou estabilidade. Por outro lado, as 18 unidades federativas restantes apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Bahia (-13,0%), Rio Grande do Norte (-13,0%), Pernambuco (-10,6%), Alagoas (-10,2%), Ceará (-9,9%) e Sergipe (-9,9%).