Análise IEDI
Retrocessos na indústria do Sul e do Nordeste
Em mar/21, mês em que a indústria recuou -2,4% na série com ajuste sazonal, variações negativas também marcaram nove dos quinze parques regionais identificados pela pesquisa do IBGE divulgada hoje, isto é, uma difusão em 60% das localidades industriais.
As regiões Sul e Nordeste foram as mais afetadas. São Paulo, que é o parque mais diversificado do país, não chegou a perder produção, como em fev/21, mas também pouco cresceu, registrando nos últimos meses um quadro que se aproxima mais da estabilidade.
Quem melhor se saiu nos dados livres de efeitos sazonais foi a indústria do Amazonas, cuja variação chegou a +7,8% ante fev/21, mas como mostram as variações a seguir, este desempenho sucedeu uma sequência de recuos que se iniciou em dez/20 e atingiu forte intensidade em jan/21.
• Brasil: +0,3% em jan/21; -1,0% em fev/21 e -2,4% em mar/21;
• Amazonas: -11,6%; -0,7% e +7,8%, respectivamente;
• Nordeste: -3,0%; -1,4% e -4,2%;
• Minas Gerais: -0,5%; -0,1% e +1,7%;
• Rio de Janeiro: +3,0%; +2,1% e -4,7%;
• São Paulo: +1,2%; -0,9% e +0,6%;
• Rio Grande do Sul: +1,9%; -2,1% e -7,3%, respectivamente.
Além do Amazonas, outros casos de reação em mar/21 após uma fase recente de perdas incluem Minas Gerais, Espírito Santo e também Goiás, cujo declínio em out/20-jan/21 deu lugar a variações positivas em fev/21 e mar/21.
São Paulo, como dissemos, não caiu, mas também não progrediu muito, tanto é que seu nível de produção em mar/21 encontrava-se apenas 0,9% acima daquele de dez/20. Apesar disso, a indústria paulista se mantém em situação melhor que o total Brasil, superando patamar de produção do pré-pandemia. Enquanto a indústria brasileira está exatamente no nível de fev/20, São Paulo encontra-se 7,1% acima. Por isso, a fase atual pode ser vista mais como uma acomodação.
Nas regiões que concentraram os resultados adversos na passagem de fev/21 para mar/21 há três trajetórias. A primeira e mais grave é a do Nordeste como um todo, cuja indústria vêm declinando sistematicamente desde dez/20 e a taxas cada vez maiores.
Muito disto deve-se provavelmente à redução e posterior interrupção do auxílio emergencial no primeiro trimestre de 2021, cuja reedição em abr/21 pode vir a amenizar a tendência negativa da indústria nordestina. Seria algo muito bem vindo, dado que o Nordeste está 11,2% abaixo do nível de fev/20, isto é, antes do choque da Covid-19.
A segunda trajetória refere-se ao Sul, com quedas reincidentes, mas por um período não tão longo quando as do Nordeste. Neste caso, a maioria dos estados continua com um nível de produção superior ao pré-pandemia: 9,8% acima em Santa Catarina e 6,3% acima no Paraná. O Rio Grande do Sul voltou a ficar 1,3% abaixo de fev/20, mas devido à intensidade das perdas de fev-mar/21, pois até janeiro superava o pré-pandemia em 8,7%.
A terceira trajetória, por fim, reúne aqueles casos cujas perdas em mar/21 na série com ajuste podem vir a ser apenas pontuais, como as do Rio de Janeiro e de Mato Grosso. Como estes parques ainda são superaram o choque da Covid-19 (-5,5% e -5,2% ante fev/20, respectivamente), seria conveniente que voltassem aos trilhos da recuperação nos próximos meses.
Na passagem de fevereiro para março de 2021, a produção industrial brasileira registrou retração de 2,4% segundo dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisados, seis registraram acréscimos: Amazonas (7,8%), Pará (2,1%), Minas Gerais (1,7%), Goiás (1,6%), Espírito Santo (1,5%) e São Paulo (0,6%). Por outro lado, os 9 locais pesquisados restantes apresentaram variações negativas: Ceará (-15,5%), Rio Grande do Sul (-7,3%), Bahia (-6,2%), Rio de Janeiro (-4,7%), Pernambuco (-2,8%) e Mato Grosso (-2,0%).
Frente a março de 2020, registrou-se variação positiva de 10,5% na produção da indústria nacional. Entre os 15 locais pesquisados, 10 registraram variações positivas, sendo as maiores em: Santa Catarina (35,5%), Amazonas (22,5%), Rio Grande do Sul (21,0%), São Paulo (16,0%), Paraná (12,3%) e Ceará (9,9%). Nos outros 5 locais pesquisados apresentaram retrações nessa mesma base de comparação, sendo as maiores: Bahia (-18,3%), Rio de Janeiro (-4,8%), Nordeste (-2,7%), Mato grosso (-1,7%) e Espírito Santo (-1,4%).
Analisando o acumulado no ano, registrou-se acréscimo de 4,4% na produção nacional. Considerando-se os 15 locais pesquisados, nove apresentaram crescimentos, sendo os maiores: Santa Catarina (17,8%), Rio Grande do Sul (12,3%), Minas Gerais (9,1%), São Paulo (9,0%), Paraná (9,0%) e Ceará (6,5%). Por outro lado, as seis regiões restantes apresentaram quedas: Bahia (-17,9%), Mato Grosso (-7,7%), Nordeste (-6,1%), Goiás (-5,5%), Espírito Santo (-4,8%) e Rio de Janeiro (-4,5%).
São Paulo. Na comparação do mês de março de 2021 com o mês de fevereiro de 2021, a produção da indústria paulista registrou expansão de 1,0%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a março de 2020, houve variação positiva de 16,0%, e analisando os dados acumulados no ano, registrou-se acréscimo de 9,0%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: produtos de minerais não-metálicos (30,0%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (18,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (17,3%), máquinas e equipamentos (14,5%) e metalurgia (13,6%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-39,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,3%) e, produtos alimentícios (-0,8%).
Nordeste. Na comparação de março de 2021 com o mês de fevereiro de 2021, a produção da indústria nordestina registrou variação negativa de 4,2% a partir de dados dessazonalizados. Em relação a março de 2020, houve retração de 2,7%. No acumulado do ano, aferiu-se variação negativa de 6,1%. Os setores com maiores contribuições positivas no comparativo do acumulado no ano foram: produtos têxteis (25,3%), produtos de minerais não-metálicos (14,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (13,6%), confecção de artigos de vestuários e acessórios (13,5%) e outros produtos químicos (13,4%). Em sentido oposto, os seguintes segmentos apresentaram as maiores variações negativas: veículos automotores, reboques e carrocerias (-49,8%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-20,6%), indústrias extrativas (-10,1%), produtos alimentícios (-7,7%) e, indústrias de transformação (-5,8%).
Rio de Janeiro. Na comparação de março de 2021 com o mês de fevereiro de 2021, a produção da indústria carioca apresentou retração de 4,7% segundo dados dessazonalizados. Em relação a março de 2020, houve decréscimo de 4,8%. No acumulado do ano registrou-se variação negativa de 4,5%. Os setores que apresentaram as maiores expansões, na comparação do acumulado do ano, foram: produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (34,3%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (24,0%), produtos de minerais não-metálicos (20,3%) produtos de borracha e de material plástico (12,9%) e metalurgia (5,3%). Por fim, os maiores decréscimos se deram nos seguintes setores: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-17,1%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-13,8%), bebidas (-12,6%), impressão e reprodução de gravações (-9,8%) e, outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-9,3%).