Análise IEDI
Serviços também em queda
Depois do comércio e dos serviços, hoje foi a vez de os serviços apresentarem declínio nos dados divulgados pelo IBGE. A variação de seu faturamento real foi de -0,6% na passagem de ago/21 para set/21, já descontados os efeitos sazonais. Foi o primeiro recuo desde mar/21 nesta comparação e se mostrou bastante difundido entre os segmentos do setor.
Quatro dos cinco ramos pesquisados pelo IBGE ficaram no vermelho. A queda foi mais intensa em outros serviços (-4,7% ante ago/21), o qual reúne um conjunto diversificado de atividades, como serviços financeiros, imobiliários, rurais etc., mas é nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) que o desempenho recente é mais preocupante, pois não crescem há três meses.
Apesar de ter acompanhado o movimento descendente da indústria e do varejo em set/21, o quadro dos serviços permaneceu mais favorável. Parte disso porque só mais recentemente, com o avanço da vacinação contra a Covid-19, sua recuperação tornou-se mais consistente. O nível de faturamento real do setor continua acima do pré-pandemia (+3,7% ante fev/20) e em comparação com o ano passado está em alta nos últimos sete meses.
Na comparação trimestral, os serviços como um todo acumularam alta de +15,2% no 3º trim/21 frente ao 3º trim/20 e, como mostram as variações a seguir, o sinal positivo marcou o desempenho de todos os seus segmentos.
• Serviços – total: -0,8% no 1º trim/21; +21,5% no 2º trim/21 e +15,2% no 3º trim/21;
• Serviços prestados às famílias: -25,4%; +72,1% e +48,2%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +3,5%; +13,6% e +11,6%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -3,0%; +15,0% e +12,2%;
• Transportes, seus auxiliares e correios: +1,7%; +30,3% e +17,9%;
• Outros serviços: +1,6%; +18,1% e +6,9%, respectivamente.
O avanço mais intenso ficou por conta dos serviços prestados às famílias, que ainda têm um longo caminho para superar as perdas provocadas pela pandemia. Em set/21 seu faturamento real ainda se encontrava 16,2% abaixo do pré-pandemia. A imunização da população e o relaxamento de medidas restritivas têm sido fundamental para a retomada do setor, que poderia ser mais rápida se a inflação não estivesse corroendo poder de compra das famílias.
Serviços profissionais, administrativos e complementares também estão aquém do pré-pandemia (-1,6% ante fev/20) e, dado o baixo dinamismo dos últimos meses na série com ajuste sazonal, a manutenção da alta de dois dígitos no 3º trim/21 contou muito com a ajuda de bases baixas de comparação. Seu componente se serviços complementares e administrativos, que incluem atividades secundárias geralmente terceirizadas pelas empresas, ainda são um obstáculo para uma retomada mais robusta deste ramo como um todo.
Os demais ramos, sobretudo, outros serviços e transportes, registraram desaceleração importante no 3º trim/21, mas vinham crescendo há mais tempo e já superaram o choque da Covid-19. O segmento de outros serviços está 3,3% acima de fev/20 e transportes, 5,5% acima deste patamar.
Serviços de informação e comunicação, por sua vez, quase não perderam dinamismo do 2º trim/21 para o 3º trim/21, mantendo crescimento a taxas de dois dígitos, e é quem melhor se encontra em relação ao pré-pandemia: 9,9% acima de fev/20. Cabe lembrar que muitas de suas atividades passaram a ser mais demandadas em função dos períodos de isolamento social e com a expansão do teletrabalho e dos negócios digitais.
Conforme os dados para o mês de setembro de 2021 da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou expansão de 0,6% frente a agosto, na série com ajuste sazonal. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior (setembro/2020) aferiu-se incremento de 11,4%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 6,8% e no acumulado no ano (jan-set) houve variação positiva de 11,4%.
Para a comparação do mês de setembro de 2021 com o mês imediatamente anterior (agosto/2021), na série dessazonalizada, um dos cinco segmentos analisados apresentou incremento: prestados às famílias (1,3%). Por outro lado, os outros quatro segmentos apresentaram variação negativa: outros serviços (-4,7%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-1,9%), serviços profissionais, administrativos e complementares apresentou variação negativa (-1,1%) e serviços de informação e comunicação (-0,9%). Já no segmento de atividades turísticas registrou-se expansão de 0,8% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Frente a setembro de 2020, quatro dos cinco segmentos pesquisados apresentaram expansão do volume do setor de serviços: serviços prestados às famílias (32,2%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (13,7%), serviços de informação e comunicação (10,1%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (9,6%). Em sentido oposto, o segmento de outros serviços (-11,7%) apresentou variação negativa. Já no segmento de atividades turísticas houve expansão de 36,6% frente ao mesmo mês do ano anterior (setembro/2020).
Na análise do acumulado no ano (janeiro-setembro), todos os segmentos analisados apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (16,4%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (15,9%), serviços de informação e comunicação (9,5%), outros serviços (8,6%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (7,8%). Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação positiva de -19,9%.
Na análise por unidade federativa, no mês de setembro de 2021 frente ao mesmo mês do ano anterior (setembro/2020), 25 das 27 unidades federativas apresentaram incremento do volume de serviços, sendo os maiores: Alagoas (29,7%), Roraima (26,0%), Bahia (19,7%), Sergipe (19,1%), Rio Grande do Sul (18,8%) e Pernambuco (17,7%). Por outro lado, as duas unidades federativas restantes apresentaram variação negativa: Rondônia (-2,3%) e Piauí (-1,9%).
Por fim, na análise por unidade federativa considerando o acumulado no ano em 2021, os 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Roraima (22,0%), Acre (19,4%), Tocantins (18,4%), Santa Catarina (16,6%), Minas Gerais (16,0%), Pará (15,2%) e Goiás (14,5%).