Análise IEDI
Melhor do que no ano passado
As vendas reais do comércio varejista, depois de três meses de recuo ou estagnação, registraram crescimento de +0,7% na passagem de jun/23 para jul/23, já descontados os efeitos sazonais. Apesar disso, se também forem consideradas as vendas de veículos, autopeças, atacarejo e material de construção, o quadro do varejo foi outro: -0,3% nesta mesma comparação.
Muito deste sinal negativo para o conceito ampliado do comércio varejista deveu-se ao recuo do segmento de veículos e autopeças (-6,2%, com ajuste), após o forte avanço de jun/23 (+8,8%), motivado pelo programa de redução de tributos para este setor. Mesmo desconsiderando este fator, o desempenho do varejo como um todo foi menos positivo do que parece.
Tanto é que dos 10 ramos identificados pelo IBGE apenas 2 realmente obtiveram expansão de vendas em jul/23; os demais ou ficaram virtualmente estáveis ou declinaram na série com ajuste. As altas de destaque couberam a equipamentos de escritório, informática e comunicação (+11,7% ante a jun/23) e ao segmento de artigos de uso pessoal e doméstico (+8,4%).
Cabe observar que estes dois ramos vinham acumulando resultados desfavoráveis nos meses anteriores, fazendo com que suas bases de comparação se tornassem muito deprimidas. Outros artigos de uso pessoal e doméstico não cresciam desde jan/23 e equipamentos de informática e comunicação, também desde o início de 2023, vinham em uma gangorra, em que as quedas eram mais intensas do que as altas.
O mês de jul/23 foi de virtual estabilidade para combustíveis e lubrificantes (-0,1% ante jun/23), artigos farmacêuticos e de perfumaria (+0,1%), supermercados, alimentos, bebidas e fumo (+0,3%) e material de construção (+0,3%). Para 40% dos ramos, o quadro foi de retração: -2,7% em tecidos, vestuário e calçados, -2,6% em livros, jornais e papelaria e -0,9% em móveis e eletrodomésticos, além de veículos e autopeças, como mencionado anteriormente.
As fragilidades remanescentes na trajetória do varejo não anulam, contudo, a melhora verificada em relação ao ano passado, como mostram as variações interanuais a seguir. Isso devido à desaceleração da inflação e aos progressos do emprego, mas também a ações do governo, como a redução de impostos para veículos. Outros fatores poderão ajudar nos próximos meses, como o Programa Desenrola, a mudança nas regras do saque aniversário do FGTS e o recente início da fase de redução dos juros pelo Banco Central.
• Varejo estrito: +2,4% no 1º trim/23; +0,2% no 2º trim/23 e +2,4% em jul/23;
• Varejo ampliado: +3,3%; +4,6% e +6,6%, respectivamente;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +2,6%; +2,6% e +3,0%;
• Tecidos, vestuário e calçados: -4,7%; -12,2% e +1,6%;
• Móveis e eletrodomésticos: +2,3%; -0,2% e +3,4%;
• Veículos e autopeças: +4,9%; +5,8% e +9,8%;
• Material de construção: -3,3%; -3,9% e -0,3%, respectivamente.
Neste início do terceiro trimestre do ano, a sinalização é de reforço do resultado vis-à-vis o ano passado tanto para o varejo restrito como para o varejo ampliado, mas sobretudo para este último. Como dito anteriormente, em boa medida graças ao avanço das vendas de veículos e autopeças (+9,8% ante jul/22), embora este fator tenda a se esgotar nos próximos meses.
Para 82% dos ramos do varejo ampliado jul/23 aponta dias melhores em comparação com igual período de 2022. Além de veículos, podemos citar as vendas do atacarejo (+19,6%), de equipamentos de escritório, informática e comunicação (+6,9%) e artigos farmacêuticos e de perfumaria (+6,2%). Estes foram os que mais cresceram no período.
Apesar disso, ainda existe uma parcela de 37% de ramos no vermelho. São os casos de livros, jornais e papelaria (-7,3% ante jul/22); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,9%); combustíveis e lubrificantes (-2,8%) e material de construção (-0,3%).
Ou seja, segue incompleta a obtenção de uma performance superior, mas os ramos que vêm progredindo dão o tom de 2023. Tanto é assim que no acumulado jan-jul/23 o varejo restrito registra alta de +1,5%, resultado que sobe para +4,3% se incluídas as vendas de veículos, autopeças, material de construção e atacarejo.
A partir dos dados de julho de 2023 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou crescimento de 0,7% frente ao mês imediatamente anterior (junho/2023), na série com ajuste sazonal. Frente ao mês de julho de 2022, houve acréscimo de 2,4%. Para o acumulado nos últimos doze meses aferiu-se crescimento de 1,6% e no acumulado no ano houve expansão de 1,5%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças, de materiais de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, registrou-se variação negativa de 0,3% em relação a junho de 2023, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mês de julho de 2022 houve variação de 6,6%. Para o acumulado nos últimos 12 meses verificou-se aumento de 2,3%.
A partir de dados dessazonalizados, na comparação com o mês imediatamente anterior (junho/2023), quatro dos oito setores analisados apresentaram expansão: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (11,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,4%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,1%). Os setores que caíram foram: tecidos, vestuário e calçados (-2,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2,6%), móveis e eletrodomésticos (-0,9 %) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%). Para o comércio varejista ampliado, a atividade de material de construção subiu 0,3% e a de veículos e motos, partes e peças caiu em 6,2%. O setor de atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo ainda não tem dados suficientes para o ajuste sazonal.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior (julho de 2022), cresceram cinco dos oito segmentos: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (6,5%), móveis e eletrodomésticos (3,4%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,0%) e tecidos, vestuário e calçados (1,6%). Houve queda em três setores, sendo eles: livros, jornais, revistas e papelaria (-7,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,9%) e combustíveis e lubrificantes (-2,8%). Para o comércio varejista ampliado, o setor de atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo teve crescimento de 19,6% e o de veículos e motos, partes e peças de 9,8%. A categoria de material de construção caiu 0,3%.
Na análise do acumulado do ano (janeiro-julho), os resultados mostram que cinco dos oito setores cresceram: combustíveis e lubrificantes (11,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (3,0%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,7%), móveis e eletrodomésticos (1,4%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (0,1%). Por outro lado, os setores em queda foram: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-12,5%), tecidos, vestuário e calçados (-7,5%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-0,7%). No comércio varejista ampliado, o setor de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo cresceu 9,8% e o de veículos, motos, partes e peças 6,0%, enquanto a categoria de material de construção recuou -3,1%.
Por fim, comparando julho de 2023 com o mesmo mês do ano anterior (julho/2022), 21 das 27 unidades federativas apresentaram crescimento no volume de vendas do comércio varejista, sendo os maiores: Tocantins (14,6%), Ceará (12,3%), Maranhão (11,0%), Bahia (10,3%) e Acre (6,9%). Amapá e Piauí mostraram estabilidade. Por sua vez, as UFs com maiores quedas foram: Rondônia (-1,6%), Mato Grosso (-1,1%), Mato Grosso do Sul (-0,6%) e Paraná (-0,3%).