Análise IEDI
Em alta devido a veículos
Diferentemente da indústria e dos serviços, em nov/23, as vendas reais do comércio varejista praticamente não cresceram, variando somente +0,1% já descontados os efeitos sazonais. Entretanto, devido à reação do ramo de veículos e autopeças, depois de dois meses de resultados fracos, o varejo ampliado, que também inclui material de construção e o atacarejo, teve alta de +1,3% na série com ajuste.
Tal crescimento do varejo em seu conceito ampliado foi o melhor resultado desde mar/23 (+4,7%), quando foi igualmente impulsionado pelo ramo de veículos. Em nov/23, este ramo registrou +4,0% ante out/23, com ajuste sazonal. Outros destaques positivos ficaram por conta de móveis e eletrodomésticos (+4,5%) e equipamentos de escritório, informática e comunicação (+18,6%). Todos estes casos vinham de uma sequência de meses ruins.
Com quase todos os meses do ano cobertos pelas estatísticas do IBGE, o desempenho do varejo em 2023 é próximo daquele de 2022, com certa melhora: +1,7% em jan-nov/23 e +1,1% em jan-nov/22 frente ao mesmo período do ano anterior.
Diferença maior se dá no varejo ampliado, em função da melhora do ramo de veículos, que como se sabe, teve redução de impostos federal em meados de 2023. Alta das vendas neste agregado do comércio é de +2,6% em jan-nov/23 ante -0,6% em jan-nov/22.
Cabe notar que nos últimos meses a expansão do varejo ampliado ganhou mais robustez, como mostram as variações interanuais a seguir:
• Varejo ampliado: +2,1% em jan-jun/23; +2,9% em jul-set/23 e +3,5% em out-nov/23;
• Varejo restrito: +1,3%; +2,7% e +1,2%, respectivamente;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +2,6%; +5,3% e +3,4%;
• Tecidos, vestuário e calçados: -9,0%; -2,8% e +1,7%;
• Móveis e eletrodomésticos: +1,1%; +1,3% e +2,8%;
• Veículos e autopeças: +5,4%; +10,0% e +13,7%;
• Material de construção: -3,6%; -2,0% e +3,7%, respectivamente.
No bimestre out-nov/23, que dá um indicativo do desempenho do último trimestre do ano, 73% dos ramos do varejo acompanhados pelo IBGE tiveram expansão. Na primeira metade de 2023 esta parcela era menor, de 55%.
Devido ao seu peso para o varejo total, dois ramos se destacam na promoção deste crescimento mais intenso nos últimos meses do ano passado: supermercados e alimentos e veículos e autopeças. Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria também ganharam ritmo.
No caso de supermercados, alimentos, bebidas e fumo, as vendas se aceleraram na entrada do segundo semestre, em função da inflação menor, da expansão do emprego e dos programas governamentais de transferência de renda. Em out-nov/23 (+3,4%), embora o resultado tenha sido um pouco inferior ao do 3º trim/23 (+5,3%), superou aquele acumulado em jan-jun/23 (+2,6%).
Já no caso de veículos e autopeças, suas vendas têm registrado taxas de crescimento de dois dígitos, ajudadas não apenas pela redução de impostos, como dito anteriormente, mas também pelas bases fracas de comparação de 2022. Assim, cresceu +10% no 3º trim/23 e +13,7% em out-nov/23, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior.
Outros ramos contribuíram mais recentemente por pararem de cair, como tecidos, vestuário e calçados (-2,8% no 3º trim/23 e +1,7% em out-nov/23) e material de construção (-2,0% e +3,7%, respectivamente). Equipamentos de informática, escritório e comunicação e o atacarejo alimentar também tiveram reação, mas já na virada do semestre, deixando para trás uma fase de declínio na primeira metade do ano.
No vermelho, ficaram os ramos de combustíveis e lubrificantes (-5,7% ante out-nov/22) e livros, jornais e papelaria (-5,0%) com a virada do primeiro para o segundo semestre de 2023. Também perdeu vendas o ramo de outros artigos de uso pessoal e doméstico, mas, ao menos, neste caso a queda dá sinais de ficar menos intensa (-7,1% em out-nov/23).
A partir dos dados de novembro de 2023 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou incremento de 0,1% frente ao mês imediatamente anterior (outubro/2023), na série com ajuste sazonal. Frente ao mês de novembro de 2022, houve acréscimo de 2,2%. No acumulado nos últimos doze meses aferiu-se crescimento de 1,5%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças, de materiais de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, registrou-se variação positiva de 1,3% em relação a novembro de 2023, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mês de novembro de 2022 houve variação positiva de 4,3%. No acumulado nos últimos 12 meses verificou-se aumento de 2,3%.
A partir de dados dessazonalizados, na comparação com o mês imediatamente anterior (outubro/2023), seis das oito atividades pesquisadas apresentaram expansão: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (18,6%), móveis e eletrodomésticos (4,5%), tecidos, vestuário e calçados (3,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico e combustíveis e lubrificantes (ambos com 1,0%) e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%). Por outro lado, entre outubro e novembro de 2023, dois dos oito grupamentos pesquisados registraram retração: livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,6%).
Em relação ao mesmo mês do ano anterior (novembro de 2022), cinco dos oito segmentos apresentaram incremento no volume de vendas: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (18,1%), tecidos, vestuário e calçados (6,1%), móveis e eletrodomésticos (5,2%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,0%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (4,1%). Os setores que registraram queda nessa base de comparação foram: combustíveis e lubrificantes (-1,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (-5,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-5,9%).
Na análise do acumulado no ano (janeiro-novembro), cinco dos oito setores pesquisados cresceram: combustíveis e lubrificantes (4,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,3%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,5%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (2,2%) e móveis e eletrodomésticos (1,5%). Por outro lado, os setores com queda no período foram: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-10,7%), tecidos, vestuário e calçados (-5,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-4,2%). No comércio varejista ampliado, o setor de veículos, motos, partes e peças subiu 8,2%, enquanto a categoria de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo cresceu 0,9% e a categoria de material de construção caiu 1,8%.
Por fim, comparando novembro de 2023 com o mesmo mês do ano anterior (novembro/2022), 16 de 27 unidades federativas apresentaram crescimento no volume de vendas do comércio varejista, sendo os maiores: Espírito Santo (5,1%), Maranhão (2,7%), Distrito Federal (2,6%), Minas Gerais (2,4%) e Pernambuco (2,3%).