Análise IEDI
Expansão, mas não para todos
Em mai/24, diferentemente da indústria, que recuou -0,9%, as vendas do comércio varejista registraram expansão real de +1,2% em seu conceito restrito e de +0,8%, em seu conceito ampliado, já descontados os efeitos sazonais. A despeito do sinal positivo no agregado, metade de seus ramos ficou no vermelho.
Aqueles mercados que dependem mais das condições de crédito e juros foram os que pior se saíram na passagem de abr/24 para mai/24: -1,2% em móveis e eletrodomésticos, -2,3% em veículos e autopeças, -3,5% em material de construção e -8,5% em equipamentos de escritório, informática e comunicação.
Com a interrupção da fase de declínio da taxa de juros pelo Banco Central, pode-se esperar que estes freios que começam a aparecer no varejo venham a ficar ainda mais resistentes no futuro.
Na comparação com a situação de um ano atrás, contudo, o desempenho segue favorável, com ganho de robustez na maioria dos casos. Os ramos com expansão de vendas em jan-mai/24 representam 72,7% do total e aqueles que assinalam resultados superiores ao de igual período de 2023 representam 63,6% do número total de ramos.
• Varejo restrito: +1,4% em jan-mai/23 e +5,6% em jan-mai/24;
• Varejo ampliado: +1,6% e +4,8%, respectivamente;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +2,5% e +6,6%;
• Tecidos, vestuário e calçados: -9,6% e -0,5%;
• Móveis e eletrodomésticos: +2,0% e +1,7%;
• Farmácia e perfumaria: +2,0% e +13,8%;
• Veículos e autopeças: +2,8% e +13,4%;
• Material de construção: -3,8% e +1,6%, respectivamente.
Em seu conceito restrito, as vendas do varejo cresceram +5,6% em jan-mai/24, isto é, 4 vezes mais do que em jan-mai/23 (+1,4%). Em seu conceito ampliado, que inclui as vendas de veículos, autopeças, material de construção e atacarejo, a alta foi de +4,8%, também superior ao desempenho de jan-mai/23 (+1,6%).
Três ramos se destacam por terem melhorado bastante seu quadro, com dois deles voltando a crescer em 2024. Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que incluem as lojas de departamento, progrediram de -13,5% em jan-mai/23 para +7,8% em jan-mai/24 e material de construção, de -3,8% para +1,6%, respectivamente.
Tecidos, vestuário e calçados, premidos pela concorrência externa por meio das plataformas digitais estrangeiras, não voltaram ao azul, mas saíram de uma queda de -9,6% em jan-mai/23 para -0,5% em jan-mai/24.
Entre aqueles que já cresciam no ano passado e que agora intensificaram sua expansão, chamam atenção veículos e autopeças (+2,8% em jan-mai/23 e +13,4% em jan-mai/24), artigos farmacêuticos, médicos e de perfumaria (+2,0% e +13,8%, respectivamente) e supermercados, alimentos, bebidas e fumo (+2,5% e +6,6%).
No primeiro caso, vale lembrar a política mais agressiva dos bancos das montadoras na melhora das condições de financiamento da aquisição de veículos novos, ensejada pela redução da taxa básica de juros (Selic) que o Banco Central vinha promovendo até pouco tempo atrás.
Nos dois outros casos acima mencionados, por compreenderem bens de consumo não duráveis, a redução do desemprego e o aumento da renda real das famílias, inclusive com ajuda dos programas públicos de transferência de renda, têm ajudado em sua dinamização.
Segundo os dados de maio de 2024 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou crescimento 1,2% frente ao mês imediatamente anterior (abril/2024) na série com ajuste sazonal. Frente ao mês de maio de 2023, houve acréscimo de 8,1%. No acumulado nos últimos doze meses aferiu-se crescimento de 3,4%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças, de materiais de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, registrou-se incremento de 0,8% em relação a abril de 2024, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mês de maio de 2023, houve acréscimo de 5,0%, enquanto no acumulado nos últimos 12 meses verificou-se aumento de 3,7%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior (abril/2024), segundo dados dessazonalizados, cinco das oito atividades pesquisadas apresentaram expansão: tecidos, vestuário e calçados (2,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,7%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,2%) e livros, jornais, revistas e papelaria (0,2%). As três atividades restantes registraram queda: móveis e eletrodomésticos (-1,2%), combustíveis e lubrificantes (-2,5%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,5%).
Em relação ao mesmo mês do ano passado (maio de 2023), cinco dos oito segmentos registraram incremento: outros artigos de uso pessoal e doméstico (14,5%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (13,6%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (10,5%), móveis e eletrodomésticos (2,1%) e tecidos, vestuário e calçados (2,0%). Os três outros segmentos apresentaram variação negativa: livros, jornais, revistas e papelaria (-8,9%), combustíveis e lubrificantes (-3,2%) e equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-0,2%). No varejo ampliado, o item de veículos, motos, partes e peças teve incremento de 10,6%, o de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou queda de -8,2% e materiais de construção caiu -1,5%.
Na análise do acumulado no ano (janeiro-maio), sete dos oito setores cresceram: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (20,1%), outros artigos de uso pessoal (10,7%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (8,9%), tecidos, vestuário e calçados (1,7%), combustíveis e lubrificantes (1,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,8%) e móveis e eletrodomésticos (0,2%). Por outro lado, o setor de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação retrocedeu -1,5%.
Por fim, comparando maio de 2024 com o mesmo mês do ano passado (maio/2023), todas as 27 unidades federativas apresentaram crescimento no volume de vendas do comércio varejista, sendo os maiores: Amapá (29,4%), Paraíba (14,9%), Bahia (12,2%), Ceará (12,1%) e Tocantins (10,6%).