Análise IEDI
Aceleração da indústria paulista
A reação da produção industrial registrada na passagem de mai/24 para jun/24 foi acompanhada de alta em pouco mais da metade dos parques regionais do setor, notadamente da indústria gaúcha, compensando o choque inicial provocado pelas enchentes no mês anterior. Houve também reforço de crescimento na indústria paulista.
No agregado nacional, o resultado de jun/24 foi de +4,1%, já descontados os efeitos sazonais, sobrepujando assim, a retração de -1,8% acumulado nos dois meses anteriores. Os dados divulgados hoje pelo IBGE, mostram que o Rio Grande do Sul liderou este avanço ao apresentar variação de +34,9%, após o recuo de -26,3% de mai/24, sempre na série com ajuste.
Ao todo, 8 dos 15 parques industriais acompanhados pelo IBGE ficaram no azul, uma parcela de 53%. Em 47% do número total de parques, jun/24 se mostrou melhor do que mai/24, em geral nos estados do Sudeste e do Sul do país.
São Paulo, que possui uma indústria mais diversificada, teve seu terceiro mês consecutivo de expansão, reforçando a intensidade de seu crescimento na passagem de mai/24 (+0,4%) para jun/24 (+1,3%).
Em comparação com um ano atrás, o desempenho da indústria paulista praticamente triplicou no 2º trim/24, o que foi importante para atenuar o impacto de outros parques que perderam dinamismo, a exemplo do Rio Grande do Sul, mas não apenas, como mostram as variações interanuais a seguir.
• Brasil: +1,1% no 4º trim/23; +1,9% no 1º trim/24 e +3,3% no 2º trim/24;
• São Paulo: -0,8%; +2,1% e +6,5%, respectivamente;
• Nordeste: +1,1%; -1,5% e +0,8%;
• Rio de Janeiro: +6,2%; +6,1% e +4,2%;
• Minas Gerais: +2,1%; +2,5% e 0%;
• Amazonas: -6,9%; +4,3% e -0,2%;
• Rio Grande do Sul: -4,0%; +2,7% e -4,3%, respectivamente.
Para São Paulo, 2024 trouxe de volta uma fase de crescimento, depois de ter recuado em todos os quatro trimestres de 2023 na série interanual. Mais do que isso, seu resultado passou de +2,1% no 1º trim/24 para +6,5% no 2º trim/24, alavancado pela produção de alimentos (+4,2% e +11,3%, respectivamente), farmoquímicos e farmacêuticos (-5,8% e +12,9%), máquinas e aparelhos elétricos (+9,0% e +20,3%) e outros equipamentos de transporte (+7,5% e +23,3%).
Também ganharam vigor outros ramos importantes da indústria paulista. Foi o caso, por exemplo, da indústria automobilística, cuja produção caiu a taxas de dois dígitos na segunda metade de 2023, registrou -0,6% em jan-mar/24, para então voltar a crescer no 2º trim/24: +3,0%.
Outro parque que melhorou seu desempenho no 2º trim/24 foi o Nordeste. Tomada a região como um todo, a queda de -1,5% em jan-mar/24 deu lugar a uma alta de +0,8% em abr-jun/24, sob influência do Maranhão, Ceará e Pernambuco. Setorialmente, contribuíram para isso alimentos, bebidas, têxteis, confecção e calçados, bem como produtos de borracha e de metal e a produção de veículos.
No vermelho ficaram apenas 22% dos parques acompanhados pelo IBGE no 2º trim/24. O pior caso foi a da indústria gaúcha, cuja produção foi desorganizada pelas enchentes. Sua queda chegou a -4,3% e interrompeu a sinalização positiva da entrada do ano. As perdas mais graves ficaram a cargo de máquinas e equipamentos (-26,3%), bebidas (-21,1%), fumo (-15,9%), metalurgia (-12,9%), minerais não metálicos (-11,5%) e químicos (-10,9%).
Em junho de 2024, quando a produção industrial nacional registrou crescimento de 4,1% frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, oito dos quinze locais pesquisados (como Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul ainda não têm série histórica longa o suficiente, não há ajuste sazonal para estes estados) apresentaram taxa positiva, sendo elas: Rio Grande do Sul (34,9%), Pará (9,7%), Paraná (3,5%), Minas Gerais (3,3%), Espírito Santo (2,7%), Ceará (1,6%), São Paulo (1,3%) e Santa Catarina (0,9%). Em sentido oposto, as maiores taxas negativas foram observadas em: Região Nordeste (-6,0%), Bahia (-5,4%), Pernambuco (-5,2%), Goiás (-4,6%), Amazonas (-3,4%) e Mato Grosso (-2,1%).
Analisando em relação a junho de 2023, registrou-se crescimento de 3,2% na produção da indústria nacional. Entre os dezoito locais pesquisados, 11 registraram expansão da produção, sendo as maiores observadas em: Maranhão (17,3%), Rio Grande do Norte (15,2%), Mato Grosso do Sul (14,1%), Ceará (11,1%) e Pará (10,5%). Por outro lado, Espírito Santo (-9,6%), Amazonas (-5,7%), Mato Grosso (-3,1%), Pernambuco (-2,8%), Goiás (-1,7%), Região Nordeste (-1,2%) e Rio Grande do Sul (-0,5%) registraram os recuos mais acentuados nesse mês.
Analisando o acumulado no ano (janeiro-junho), houve incremento de 2,6%, com aumento em 16 locais, sendo os maiores: Rio Grande do Norte (22,9%), Goiás (7,6%), Ceará (7,3%), Santa Catarina (5,6%), Rio de Janeiro (5,2%), Maranhão (4,8%), São Paulo (4,4%), Mato Grosso (4,0%) e Mato Grosso do Sul (3,4%). Em sentido oposto, Rio Grande do Sul (-1,0%) e Região Nordeste (-0,4%) retrocederam no período.
Por fim, analisando o acumulado nos últimos 12 meses, registrou-se incremento de 1,5% na produção industrial brasileira. Dos 18 locais pesquisados, 15 apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Rio Grande do Norte (22,8%), Espírito Santo (11,5%), Goiás (9,3%), Mato Grosso (6,4%) e Rio de Janeiro (6,0%). Por outro lado, os três locais restantes apresentaram queda: Nordeste (-1,5%), Amazonas (-1,5%) e Rio Grande do Sul (-2,3%).
São Paulo. Na comparação do mês de junho de 2024 com o mês de maio, a produção da indústria paulista registrou aumento de 1,3% a partir de dados dessazonalizados. Frente a junho de 2023, houve aumento de 8,6%, e analisando o acumulado no ano, registrou-se variação positiva de 4,4 %. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: Fabricação de produtos alimentícios (10,4%) e Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (8,7%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,3%) e Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-11,3%).
Santa Catarina. A partir de dados dessazonalizados, no mês junho de 2024 a produção da indústria catarinense registrou expansão de 0,9% frente ao mês de maio. Já em relação a junho de 2023, houve crescimento de 2,0%. No acumulado no ano registrou-se variação de 5,6%. Os setores que registraram maiores aumentos, na comparação do acumulado no ano, foram: Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (16,2%) e Fabricação de produtos de borracha e de material plástico (12,6%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: fabricação Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,8%) e Fabricação de móveis (-16,4%).
Nordeste. Em junho de 2024 frente a maio, a produção da indústria nordestina apresentou variação negativa de -6,0% na série com ajuste sazonal. Em relação a junho de 2023, houve expansão de 17,3%. No acumulado no ano, registrou-se variação de 0,4%. Os setores que registraram maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: Fabricação de produtos de borracha e de material plástico (4,5%) e Fabricação de bebidas (4,4%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-9,9%) e Metalurgia (-10,7%).