Análise IEDI
Vendas menores no final do semestre
Em jun/24, as vendas do comércio recuaram -1,0%, já corrigidos os efeitos sazonais, e, se considerados os ramos de veículos, autopeças, material de construção e atacarejo, isto é, no conceito ampliado do setor, o resultado aproximou-se da estabilidade (+0,4%). Este desempenho contrasta com os avanços registrados pela indústria (+4,1%) e pelos serviços (+1,7%) no fim do semestre.
A perda de dinamismo do comércio em relação ao mês anterior foi condicionada por apenas dois de seus ramos, notadamente pelas vendas de supermercado, alimentos, bebidas e fumo, que encolheram -2,1%, já descontados os efeitos sazonais. O ramo de artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento, caiu -1,8% na mesma comparação.
Já o varejo ampliado evitou o terreno negativo graças a veículos e autopeças, cujas vendas cresceram +3,9% na passagem de mai/24 para jun/24, mais do que compensando o recuo anteriormente assinalado (-2,6%). Material de construção também ajudou, ao registrar +4,8%, com ajuste sazonal.
Apesar da evolução mais modesta neste último mês, o setor continua em alta em relação ao ano passado, superando os resultados da indústria (+3,3%) e dos serviços (+2,0%) no 2º trim/24. Em seu conceito restrito, o varejo cresceu +4,6% e em seu conceito ampliado, +4,0% ante o 2º trim/23, com alguma desaceleração vis-à-vis o 1º trim/24, como mostram as variações interanuais a seguir.
• Varejo restrito: +1,4% no 4º trim/23; +5,9% no 1º trim/24 e +4,6% no 2º trim/24;
• Varejo ampliado: +2,3%; +4,6% e +4,0%, respectivamente;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +4,2%; +8,0% e +4,1%;
• Móveis e eletrodomésticos: +1,7%; -0,3% e +5,4%;
• Eq. de escritório, informática e comunicação: +4,0%; -0,1% e +6,4%;
• Veículos e autopeças: +11,6%; +9,4% e +14,8%;
• Material de construção: +1,7%; -1,8% e +5,9%, respectivamente.
Dois ramos foram importantes para o menor resultado no 2º trim/24: combustíveis e lubrificantes, que ampliaram sua queda de -1,6% no 1º trim/24 para -2,2%; e supermercado, alimentos, bebidas e fumo, cujo ritmo de expansão caiu pela metade, de +8,0% para +4,1%.
Em contrapartida, os ramos de bens de consumo duráveis apresentaram melhora de desempenho. Móveis e eletrodomésticos bem como equipamentos de escritório, informática e comunicação, que tinham caído no 1º trim/24 (-0,3% e -0,1%, respectivamente), voltaram a crescer com algum vigor no 2º trim/24: +5,4% no primeiro caso de +6,4% no segundo caso, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior.
O mesmo ocorreu com material de construção (-1,8% no 1º trim/24 e +5,9% no 2º trim/24), que assim como bens de consumo duráveis, também dependem das condições de financiamento das famílias. Essas evoluções, além do repasse de quedas anteriores da Selic para as taxas de empréstimo, também podem estar refletindo a trajetória cadente do comprometimento da renda das famílias com o serviço de dívidas desde meados do ano passado, como indicam as estatísticas do Banco Central.
As vendas de veículos e autopeças, a seu turno, já estavam em expansão nos trimestres anteriores e, em abr-jun/24, foi um dos ramos mais dinâmicos do varejo. Sua alta de +14,8%, estimulada por estratégias de crédito ostensivas dos bancos das montadoras, só não foi mais intenso do que o resultado do ramo de farmacêuticos, perfumaria e produtos ortopédicos (+15,8%) no 2º trim/24.
A partir dos dados de junho de 2024 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou retração de 1,0% frente ao mês imediatamente anterior (maio/2024), na série com ajuste sazonal. Frente ao mês de junho de 2023, houve acréscimo de 5.2%. Para o acumulado nos últimos doze meses aferiu-se crescimento de 3,6%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças, de materiais de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, registrou-se incremento de 0,4% em relação a maio de 2024, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mês de junho de 2023 houve decrescimento de 1,5%, enquanto que para o acumulado nos últimos 12 meses verificou-se aumento de 3,5%.
A partir de dados dessazonalizados, na comparação frente ao mês imediatamente anterior (maio/2024), cinco das oito atividades pesquisadas apresentaram expansão: móveis e eletrodomésticos (2,6%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,8%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,2%), tecidos, vestuário e calçados (0,9%), combustíveis e lubrificantes (0,6%). As atividades que registraram queda foram: hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,8%), livros, jornais, revistas e papelaria (-0,3%).
Em relação ao mesmo mês do ano passado (junho de 2023), seis dos oito segmentos aumentaram o volume de vendas: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (15,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,6%), móveis e eletrodomésticos (6,7%), equipamentos e material para escritório informática e comunicação (4,7%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,5%) e tecidos, vestuário e calçados (0,1%). Os dois segmentos restantes apresentaram variação negativa: livros, jornais, revistas e papelaria (-8,1%), combustíveis e lubrificantes (-4,1%). No varejo ampliado, o item de veículos, motos, partes e peças apontou incremento de 7,0%, o de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou queda de -11,5% e materiais de construção cresceu 3,9%.
Na análise do acumulado no ano (janeiro-junho), cinco dos oito setores cresceram: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (14,0%), outros artigos de uso pessoal (7,7%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (6,0%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,0%) e móveis e eletrodomésticos (2,5%). Por outro lado, os setores em queda foram: tecidos, vestuário e calçados (-0,4%), combustíveis e lubrificantes (-1,9%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-7,6%).
Por fim, comparando junho de 2024 com o mesmo mês do ano anterior (junho/2023), 25 das 27 unidades federativas apresentaram crescimento no volume de vendas do comércio varejista, sendo os maiores: Paraíba (16,4%), Amapá (13,4%), Rio Grande do Sul (11,0%), Rondônia (8,3%) e Tocantins (7,9%). Em contra partida, Rio de Janeiro (-0,5%) e Espírito Santo (-1,8%) apresentaram queda.