Análise IEDI
Perda de fôlego em São Paulo
A virtual estabilidade da indústria brasileira em ago/24, quando registrou apenas +0,1%, já descontados os efeitos sazonais, se deu pela contribuição positiva de uma minoria de seus parques regionais. Ficaram no vermelho 2/3 das indústrias regionais, segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE.
Dente os 5 parques com expansão em ago/24, destacaram-se alguns estados do Nordeste, como Ceará (+2,7%, com ajuste) e Bahia (+0,8%), além de Minas Gerais (+1,8%) e do Mato Grosso (+0,8%). A produção industrial do Rio de Janeiro evitou terreno negativo, mas mal saiu do lugar, ao variar +0,2%.
Já as perdas estão concentradas na região Sul, com resultados de -3,5% no Paraná, de -3,0% no Rio Grande do Sul e de -1,4% em Santa Catarina, mas também atingiram fortemente outros parques, como o do Pará, que registrou -3,5%, e de Pernambuco, com queda de -2,2%.
A indústria de São Paulo, por sua vez, caiu pela segunda vez consecutiva: -1,0% em ago/24 e -1,5% em jul/24, na série com ajuste sazonal. Por ser a maior e também a mais diversificada do país, com participação importante de bens duráveis, seja para consumo, seja para investimento, é de se esperar que a produção paulista se mostre mais vulnerável à fase recente de aumento das taxas de juros promovida pelo Banco Central.
• Brasil: +2,0% no 1º trim/24; +3,3% no 2º trim/24 e +4,1% em jul-ago/24;
• São Paulo: +2,2%; +6,2% e +3,2%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +6,1%; +3,9% e -0,9%;
• Minas Gerais: +2,5%; +0,3% e +6,2%;
• Rio Grande do Sul: +2,5%; -4,7% e +1,1%;
• Nordeste: -1,0%; +1,3% e +4,4%, respectivamente.
Ainda que os últimos dados nos lembrem do risco de uma perda de dinamismo na indústria, o panorama regional do setor é bem mais favorável tomado o desempenho acumulado nestes oito meses já cobertos pela pesquisa do IBGE. A indústria acumula alta de +3%, com 89% dos seus parques no azul, em contraste com um declínio de -0,3% em jan-ago/23, quando 50% de seus parques cortavam produção.
Além disso, é importante notar, como mostram as variações interanuais acima, que o bimestre jul-ago/24 aponta para uma melhora em metade das indústrias regionais, ainda que parques importantes como São Paulo e Rio de Janeiro não estejam neste grupo.
Enquanto a produção da indústria brasileira se acelerou de +3,3% no 2º trim/24 para +4,1% em jul-ago/24, a da indústria paulista refluiu de +6,2% para +3,2%, com uma multiplicação de sinais negativos entre seus ramos. No 2º trim/24, apenas o ramo extrativo ficou no vermelho e, em jul-ago/24, 1/3 dos ramos de São Paulo perdeu produção.
O Rio de Janeiro, cuja produção chegou a cair -0,9% em jul-ago/24, integrando o grupo minoritário (1/3) de parques no vermelho neste bimestre, teve um número maior do que São Paulo de ramos sem crescimento em jul-ago/24: 47% ante 27% no 2º trim/24.
Se o eixo Rio-São Paulo funcionou como uma trava no bimestre em questão, outros parques se dinamizaram mais e asseguraram a aceleração do total Brasil. Entre estes podemos citar o Nordeste como um todo, Amazonas e Minas Gerais.
A produção industrial nordestina deu sequência à sua retomada e passou de +1,3% no 2º trim/24 para +4,4% em jul-ago/24, devido aos ramos extrativos (de -29,6% para +4,9%), de produtos químicos (de -2,2% para +17,3%), de borracha e plástico (de +9% para +21,3%) e metalurgia (de -10,4% para +2,1%).
No Amazonas, a indústria avançou +5,6% em jul-ago/24 frente ao mesmo período do ano anterior, depois de ter registrado -0,3% no 2º trim/24. Houve melhoras substanciais também no ramo extrativo (de -5,3% para +7,7%) e químico (de -6,1% para +12,6%), além de eletrônicos (de +0,9% para +19,7%) e produtos diversos (de -2,9% para +28,5%).
Já Minas Gerais, que havia ficado praticamente estável no 2º trim/24, com +0,3% ante o 2º trim/23, acena para um dinamismo bastante superior no trimestre seguinte, ao registrar +6,2% em jul-ago/24. Este resultado se deveu, assim como nos casos anteriores, ao ramo extrativo (de +3% para +10,7%) e de químicos (de -3% para +26,6%), mas também envolveu a indústria automobilística (de +1% para +15,9%).
Em agosto de 2024, quando a produção industrial nacional registrou avanço de 0,1% frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, cinco dos quinze locais pesquisados (como Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul ainda não têm série histórica longa o suficiente, não há ajuste sazonal para estes estados) apresentaram taxa positiva: Ceará (2,7%), Minas Gerais (1,8%), Bahia (0,8%), Mato Grosso (0,8%), e Rio de Janeiro (0,2%). Em sentido oposto, as maiores taxas negativas foram observadas em: Pará (-3,5%), Paraná (-3,5%), Rio Grande do Sul (-3,0%) e Pernambuco (-2,2%).
Frente a agosto de 2023, registrou-se crescimento de 2,2% da produção da indústria nacional. Entre os dezoito locais pesquisados, 12 registraram expansão da produção, sendo as maiores observadas em: Ceará (17,3%), Pará (16,9%), Mato Grosso do Sul (12,4%), Minas Gerais (7,3%) e Bahia (5,6%). Por outro lado, Rio Grande do Norte (-22,6%), Espírito Santo (-6,0%), Rio Grande do Sul (-5,2%) e Goiás (-2,8%) mostraram os recuos mais acentuados nesse mês.
Analisando o acumulado no ano (janeiro-agosto), houve incremento de 3,0% na produção da indústria brasileira, com aumento em 16 dos 18 locais, sendo as maiores observadas em: Rio Grande do Norte (13,7%), Ceará (8,9%), Santa Catarina (6,4%), Goiás (4,5%), Pará (4,5%), Mato Grosso do Sul (4,2%), São Paulo (4,0%), Maranhão (3,6%), Rio de Janeiro (3,5%), Paraná (3,2%), Amazonas (2,9%), Mato Grosso (2,8%), Minas Gerais (2,7%), Bahia (2,5%), Pernambuco (2,4%), Nordeste (1,2%). Nessa base de comparação, Espírito Santo (0,0%) apresentou estabilidade e Rio Grande do Sul (-0,6%) recuou.
No acumulado nos últimos 12 meses, registrou-se incremento de 2,4% na produção industrial brasileira. Dos 18 locais pesquisados, 17 apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Rio Grande do Norte (12,9%), Goiás (7,6%), Pará (6,9%), Espírito Santo (6,1%), Ceará (5,4%) e Paraná (5,3%). Por outro lado, Rio Grande do Sul (-2,0%) apresentou queda.
São Paulo. Na comparação do mês de agosto de 2024 com o mês de julho, a produção da indústria paulista registrou retração de 1,0% a partir de dados dessazonalizados. Frente a agosto de 2023, houve aumento de 1,2%, e analisando o acumulado no ano, registrou-se variação positiva de 4,0%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (18,9%) e Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14,6%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-1,0%) e Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-2,4%).
Rio Grande do Sul. A partir de dados dessazonalizados, no mês agosto de 2024 a produção da gaúcha registrou expansão de 0,8% frente ao mês de maio. Já em relação a agosto de 2023, houve decrescimento de -5,2%. No acumulado no ano registrou-se variação de -0,6%. Os setores que registraram maiores aumentos, na comparação do acumulado no ano, foram: Fabricação de produtos químicos (25,5%) e Fabricação de móveis (12,2%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: Fabricação de produtos do fumo (-12,9%) e Fabricação de máquinas e equipamentos (-24,2%).
Bahia. Em agosto de 2024 frente a maio, a produção da indústria baiana apresentou variação positiva de 4,2% na série com ajuste sazonal. Em relação a agosto de 2023, houve expansão de 5,6%. No acumulado no ano, registrou-se variação de 2,5%. Os setores que registraram maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (25,1%) e Fabricação de produtos de borracha e de material plástico (9,8%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: Fabricação de produtos de minerais não metálicos (-8,2%) e Metalurgia (-16,9%).