Análise IEDI
Poucos parques no vermelho
Os dados divulgados hoje pelo IBGE reforçam o perfil localizado do declínio de -0,2% da produção industrial em out/24, já descontados os efeitos sazonais. Como mencionamos na última Análise IEDI, trata-se de uma acomodação que não coloca em risco a boa evolução do setor neste final de ano, muito embora a intensificação da alta da taxa de juros pelo Banco Central seja uma péssima notícia para 2025.
Semana passada vimos que foram poucos os setores industriais no vermelho na passagem de set/24 para out/24 na série com ajuste sazonal (24% deles). Hoje, a pesquisa do IBGE, que traz o recorte regional do desempenho industrial, mostra que apenas 4 dos 15 parques identificados não cresceram, o que representa uma parcela de 27%.
A maioria destes casos são parques em que os setores extrativos e de derivados de petróleo, coque e biocombustíveis, que recuaram em out/24, têm importante peso em suas estruturas industriais: Espírito Santo (-0,5%, com ajuste), Pernambuco (-0,8%) e Rio de Janeiro (-1,3%). O quarto local em queda foi Rio Grande do Sul, com -1,4%.
Entre os destaques positivos, está São Paulo (+2,0%), que ganhou força frente ao resultado anterior (+1,1% em set/24), embora quem melhor se saiu no mês tenha sido o Pará, com +7,0%, após três meses seguidos de recuo. Em seguida, vieram Mato Grosso (+4,6%), Paraná (+3,7%) e Ceará (+3,5%).
Em relação ao ano passado, a indústria tem uma performance superior em seu agregado, mas também para a maioria dos seus parques regionais, a despeito da suave acomodação descrita acima. Ademais, 61% das localidades acompanhadas pelo IBGE sinalizam para uma aceleração na segunda metade de 2024 em comparação com o resultado do 1º semestre do ano.
• Brasil: +0,5% no 2º sem/23; +2,6% no 1º sem/24 e +4,4% em jul-out/24;
• São Paulo: -1,1%; +4,3% e +3,7%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +6,7%; +5,0% e -3,1%;
• Nordeste: -2,7%; +0,1% e +5,0%;
• Amazonas: -5,0%; +2,0% e +2,9%;
• Rio Grande do Sul: -3,6%; -1,2% e +2,1%, respectivamente.
Os parques industriais do Norte, Nordeste e do Sul do país concentram a maioria dos casos de ganho de vigor da produção na segunda metade de 2024, ao menos até o mês de outubro. Ou seja, vem destas regiões o indício de aceleração da indústria brasileira de +2,6% em jan-jun/24 para +4,4% em jul-out/24, na comparação interanual.
O Nordeste como um todo, viu sua produção industrial avançar da mera estabilidade no 1º sem/24 (+0,1%) para uma alta de +5,0% em jul-out/24, que funciona como um indício para seu desempenho no 2º sem/24. Na origem desta melhora estão o ramo extrativo, de têxteis, químicos e borracha e plástico, bem como a produção de veículos.
No Norte, o destaque positivo ficou a cargo do Pará, que acelerou de +0,8% no 1º sem/24 para +9,5% em jul-out/24, devido a seu ramo extrativo, muito embora a produção industrial do Amazonas também indique alguma aceleração.
Já no Sul do país, cabe observar a reversão de sinal da indústria gaúcha, que passou de -1,2% no 1º sem/24 para +2,1% em jul-out/24, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. Tal evolução deve-se aos ramos químico, de borracha e plástico, de minerais não metálicos, metalurgia e produtos de metal.
Entre os parques para os quais o acumulado jul-out/24 indica uma perda de dinamismo na segunda metade do ano, o destaque cabe ao Sudeste. As indústrias do Rio de Janeiro (-3,1% ante jul-out/23) e do Espírito Santo (-1,1%) registram declínio da produção, sob influência de seus ramos extrativos (-7,8% e -3,0%, respectivamente).
São Paulo, que é o parque industrial mais diversificado do país, aponta para uma acomodação no 2º sem/24, mas que pode vir a se reverter nos últimos meses do ano, já que a desaceleração de jul-out/24 é modesta e as bases de comparação de nov/23 e dez/23 são baixas. A expansão de out/24 na série com ajuste sazonal, como visto acima, é outro bom indício.
Além disso, cabe observar que a passagem de uma alta de +4,3% em jan-jun/24 para o resultado de +3,7% em jul-out/24 na indústria paulista se deve a somente 1/3 de seus ramos e está muito concentrada na evolução do ramo alimentício, que passou de +9,1% para -7,0% no período em tela, em função da forte estiagem no estado.
Este fator climático também não pode ser ignorado quando analisamos o desempenho das indústrias do Centro-Oeste do país, que também perderam dinamismo, notadamente Goiás, cuja produção saiu de +7,5% no 1º sem/24 para -0,5% em jul-out/24. Os ramos de alimentos (de +7,3% para -3%) e de biocombustíveis e derivados de petróleo (de +9,6% para +0,7%), que juntos representam quase 60% da indústria do estado, condicionaram esta evolução.
Em outubro de 2024, quando a produção industrial nacional registrou recuo de 0,2% frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, onze dos quinze locais pesquisados (como Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul ainda não têm série histórica longa o suficiente, não há ajuste sazonal para estes estados) apresentaram taxa positiva, com as maiores observadas em: Pará (7,0%), Mato Grosso (4,6%), Paraná (3,7%) e Ceará (3,5%). Em sentido oposto, as quatro unidades federativas restantes registraram retração: Espírito Santo (-0,5%), Pernambuco (-0,8%), Rio de Janeiro (-1,3%) e Rio Grande do Sul (-1,4%).
Analisando em relação a outubro de 2023, registrou-se um crescimento de 5,8% da indústria nacional. Entre os dezoito locais pesquisados, 16 registraram expansão da produção, sendo as mais expressivas: Rio Grande do Norte (25,0%), Pará (12,5%), Santa Catarina (12,2%), Mato Grosso (12,0%) e Paraná (11,3%). Por outro lado, Rio de Janeiro (-5,8%) e Pernambuco (-0,7%) apresentaram recuo no período.
Analisando o acumulado no ano (janeiro-outubro), houve incremento de 3,4% na produção brasileira, com aumento em todos os 18 locais pesquisados: Rio Grande do Norte (10,6%), Ceará (8,6%), Santa Catarina (7,4%), Mato Grosso do Sul (5,5%), Pará (4,7%), Paraná (4,2%), São Paulo (4,0%), Maranhão (4,0%), Mato Grosso (3,9%), Goiás (3,7%), Minas Gerais (3,1%), Pernambuco (3,1%), Bahia (2,9%), Amazonas (2,4%), Região Nordeste (2,1%), Rio de Janeiro (1,5%), Espírito Santo (0,3%) e Rio Grande do Sul (0,2%).
Por fim, analisando o acumulado nos últimos 12 meses, registrou-se expansão de 3,0% na produção industrial brasileira. Dos 18 locais pesquisados, 17 apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Goiás (3,7%), Mato Grosso (3,9%), Maranhão (4,0%), São Paulo (4,0%), Paraná (4,2%), Pará (4,7%), Mato Grosso do Sul (5,5%), Santa Catarina (7,4%), Ceará (8,6%), Rio Grande do Norte (10,6%). Por outro lado, Rio Grande do Sul (-0,9% )apresentou retração no período.
São Paulo. Na comparação do mês de outubro de 2024 com o mês de setembro, a produção da indústria paulista registrou aumento de 2,0% a partir de dados dessazonalizados. Frente a outubro de 2023, houve aumento de 5,8%, e analisando o acumulado no ano, registrou-se variação positiva de 4,0%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (17,2%) e Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14,9%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: Confecção de artigos do vestuário e acessórios (0,4%) e Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-2,3%).
Paraná. A partir de dados dessazonalizados, no mês outubro de 2024 a produção da paranaense registrou expansão de 1,1% frente ao mês de setembro. Já em relação a outubro de 2023, houve crescimento de 11,3 %. No acumulado no ano registrou-se variação de 4,2%. Os setores que registraram maiores aumentos, na comparação do acumulado no ano, foram: Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (28,6%) e Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (14,2%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-0,9%) e Fabricação de máquinas e equipamentos (-3,4%).
Bahia. Em outubro de 2024 frente a setembro, a produção da indústria baiana apresentou uma variação positiva de 2,3% na série com ajuste sazonal. Em relação a outubro de 2023, houve crescimento de 1,7%. No acumulado no ano, registrou-se variação de 2,9%. Os setores que registraram maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (25,1%) e Fabricação de produtos de borracha e de material plástico (10,7%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-6,5%) e Metalurgia (-13,9%).