Análise IEDI
Final de ano de desaceleração também nos serviços
No final do ano passado não foi apenas a indústria que apresentou sinais de desaceleração. Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que, embora mais incipiente, tal movimento também se verificou no setor de serviços, cujo faturamento real encolheu -1,4% em nov/24 e -0,5% em dez/24, já descontados os efeitos sazonais.
Isso pode ser visto como um indicativo de que a política monetária contracionista (aumentos da taxa Selic) vigente está obtendo seu objetivo de desaquecer o nível de atividade econômica. Vale lembrar que após ter sido um fator de alta da inflação em 2023, a inflação de serviços desacelerou em 2024, ainda que não o suficiente para compensar a pressão advinda dos preços de alimentos, devido a choques de oferta por razões climáticas.
A queda de faturamento de dez/24 foi menos intensa do que a de nov/24, mas se mostrou mais difundida entre os ramos de serviços: foi de 40% para 60% destes. No último mês do ano, os serviços profissionais, administrativos e complementares reincidiram no sinal negativo e registraram -0,7%, o mesmo patamar de queda do ramo de informação e comunicação, que tem apresentado uma trajetória oscilante desde jul/24.
Quem mais perdeu, porém, foi o ramo de outros serviços, que congrega um conjunto diversificado de atividades, ao registrar -4,2%, anulando a alta de +1% de nov/24. Com isso, este ramo não cresce desde ago/24.
Como consequência, os resultados positivos na comparação frente ao mesmo período do ano anterior ficaram mais dependentes do efeito estatístico derivado das bases de comparação. O bimestre nov-dez/24 interrompeu a trajetória de aceleração do setor, como sugerem as variações interanuais a seguir.
• Serviços – total: +3,1% no acumulado de 2024 e +2,4% no bimestre nov-dez/24;
• Serviços prestados às famílias: +4,4% e +3,5%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +6,2% e +5,8%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +6,2% e +1,2%;
• Transportes e seus auxiliares: -0,7% e +2,3%;
• Outros serviços: +1,1% e -3,9%, respectivamente.
As maiores perdas de dinamismo no último bimestre de 2024 vieram de serviços profissionais, administrativos e complementares demandados pelas empresas, que depois de registrar +6,7% em set-out/24 recuou para somente +1,2% em nov-dez/24, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior, e de outros serviços, que saiu de +2,7% para -3,9%, respectivamente.
Serviços prestados às famílias (+4,7% em set-out/24 e +3,5% em nov-dez/24) e informação e comunicação (+8,0% e +5,8%, respectivamente) também arrefeceram no final do ano passado, mas bem menos do que os ramos acima mencionados. Os transportes, por sua vez, apresentaram maior resiliência (+2,9% e +2,3% nos dois últimos bimestres).
Apesar destas provas de acomodação no encerrar do ano, 2024 foi de crescimento para o setor de serviços como um todo (+3,1%) e para a grande maioria de seus ramos. Seguiu o padrão de dinamismo de 2023 (+2,9%), mais baixo do que nos dois anos que sucederam o choque da Covid-19 (+10,9% em 2021 e +8,3% em 2022), quando os ramos de transporte e de serviços prestados às famílias ganharam impulso baseado no consumo reprimido pelos meses de isolamento e menor mobilidade.
Dos 5 ramos acompanhados pelo IBGE, apenas 1 ficou no vermelho no acumulado de jan-dez/24: transportes e seus auxiliares, com -0,7%. Mas, como vimos acima, este ramo voltou a crescer nos últimos meses do ano. Entre os demais, os serviços prestados às famílias foram os únicos a desacelerarem, passando de +5,0% em 2023 para +4,4% em 2024.
Os 3 outros ramos, isto é, 60% do total, ganharam velocidade, sobretudo outros serviços, que reverteram a queda de -1,8% em 2023 em expansão de +1,1% em 2024. O ramo de informação e comunicação avançou de +3,6% para +6,2% de um ano para outro e o de serviços profissionais, administrativos e complementares manteve-se próximo do mesmo patamar de crescimento: +5,9% em 2023 e +6,2% em 2024.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de dezembro/2024 divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou diminuição de -0,5% frente a novembro, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (dezembro/2023), aferiu-se acréscimo de 2,4%. Quanto à variação acumulada no ano e à acumulada em 12 meses, houve crescimento de 3,1%.
Na comparação do mês de dezembro de 2024 com o mês imediatamente anterior (novembro/2024), na série dessazonalizada, apresentaram queda os segmentos: outros serviços (-4,2%), informação e comunicação (-0,7%) e profissionais, administrativos e complementares (-0,7%). Já serviços prestados às famílias (0,8%) e setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes (0,1%) cresceram. No segmento de atividades turísticas, houve crescimento de 2,8% em relação ao mês imediatamente anterior.
Na comparação do mês de dezembro de 2024 frente ao mesmo mês do ano anterior (dezembro/2023), quatro segmentos apresentaram expansão: serviços de informação e comunicação (5,2%), transportes, serviços auxiliares aos transportes (2,9%), serviços prestados às famílias (2,2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (1,9%). Já outros serviços (-5,1%) apresentou queda. As atividades turísticas, por sua vez, cresceram 9,5%.
Na análise do acumulado no ano, quatro das cinco atividades pesquisadas apontaram crescimento: outros serviços (1,1%), serviços prestados às famílias (4,4%), serviços de informação e comunicação (6,2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (6,2%). Somente transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,7%) apresentou retração. Além disso, o segmento das atividades turísticas variou 3,5% no período.
Na análise por unidade federativa, no mês de dezembro de 2024 em comparação com o mesmo mês do ano anterior (dezembro/2023), 20 das 27 unidades federativas apresentaram crescimento no volume de serviços prestados, sendo os maiores registrados em: Amapá (17,6%), Amazonas (13,6%), Rio Grande do Norte (11,1%) e Roraima (9,9%). Em sentido oposto, Mato Grosso (-22,9%), Mato Grosso do Sul (-8,9%), Rio Grande do Sul (-7,5%) e Piauí (-5,0%) apresentaram as maiores quedas.
Por fim, na análise por unidade federativa para o acumulado no ano, 21 dos 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Amazonas (10,2%), Amapá (7,7%), Sergipe (7,1%), Espírito Santo (6,2%) e Santa Catarina (6,1%). Já as principais influências negativas vieram do Mato Grosso (-10,2%), Rio Grande do Sul (-7,3%), Mato Grosso do Sul (-6,5%), Roraima (-1,9%) e Goiás (-1,2%).