Carta IEDI
A Produtividade Industrial em 2010
O desempenho recorde da produção (10,5%), do emprego (3,4%) e das horas pagas (4,1%) na indústria em 2010 reflete um comportamento de recuperação da atividade econômica pós recessão. De fato, em 2009, a produção industrial registrou queda de 7,4% em relação a 2008, o emprego se contraiu 5,0% e as horas pagas caíram 5,3%. Assim, a expansão de 6,1% na produtividade em 2010, contra um decréscimo de 2,2% em 2009, pode ser interpretado como resultado, em grande parte, dos ganhos de escala obtidos por uma maior ocupação da capacidade ociosa gerada pela contração da produção no ano de 2009.
Na média de 2009/2010, a produtividade aumentou 1,8%, um índice baixo. Maior – porém ainda podendo ser considerado modesto – foi o crescimento médio da produtividade no período de nove anos que vai de 2002 a 2010: 2,7%. Uma evolução mais ampla da produtividade da indústria seria importante para dar mais capacidade de competição ao setor diante do produto fabricado no estrangeiro. Nesse sentido, metas de produtividade poderiam ser introduzidas em uma nova versão da Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP; incentivos para o aumento e renovação do parque industrial poderiam ser criados, além de ações para melhorar a formação da mão de obra.
Ainda caracterizando 2010 como um ano de recuperação do nível de atividade, observou-se que dentro do ano a retomada do crescimento industrial se iniciou com a expansão da produção e da produtividade à frente das horas pagas e do emprego. Comportamento semelhante ocorreu em 2004, quando a indústria se recuperou da estagnação do ano anterior. Mesmo com uma recuperação bastante forte da produtividade em 2010, esse movimento começou a perder força a partir do segundo semestre, quando as taxas de crescimento das horas pagas, seguindo as do emprego, passaram a ser crescentes na comparação em 12 meses.
O crescimento da produtividade em simultâneo com o aumento na contratação de mão de obra sinaliza uma expectativa favorável do empresário quanto ao futuro desempenho da economia. Porém, para que o crescimento da produtividade seja sustentável, é necessário que a recuperação na taxa de investimento se consolide, dando início a um ciclo virtuoso de crescimento. A concretização deste cenário depende dos estímulos da demanda interna e externa sobre a estrutura produtiva da indústria, bem como do impacto da evolução da taxa de câmbio e da taxa de salários sobre as estruturas de custo das empresas do setor.
A expectativa para o comportamento da produtividade em 2011 é que a taxa seja positiva, porém inferior a alcançada em 2010. Ganhos de escala, pela ocupação de capacidade instalada, já deverão ter menor importância em 2011, assim como também os estímulos da política anti-cíclica mantidos ainda em 2010 já terão se dissipado. Ademais, a indústria deverá enfrentar em 2011 uma maior pressão de custo pelo lado da mão de obra, por força de aumentos na remuneração média real do trabalho acima da produtividade, já percebidos no segundo semestre de 2010. A permanência do câmbio valorizado, reduzindo a competitividade do setor, também deverá atuar como um condicionante a reduzir o ritmo de expansão da indústria em 2011. Do outro lado, o maior investimento realizado em 2010, em parte respondendo ao estímulo do PSI, o Programa de Sustentação do Investimento, favorecerá o aumento da produtividade à medida que as inversões novas forem sendo incorporadas ao estoque de capital industrial.
A análise setorial da produtividade em 2010 mostra que dos 18 setores de atividade, 16 apresentaram taxas positivas de crescimento. Em termos de emprego, a recuperação ocorreu em 13 setores. Mesmo com taxas positivas na maioria dos ramos de atividade, segmentos importantes da indústria não registraram avanços suficientes para compensar as perdas observadas em 2009. Isto aconteceu principalmente em Máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações, que registrou ganho de apenas 1,0% na produtividade em 2010, contra uma perda de 15,0% em 2009; Metalurgia básica, com expansão de 5,0% em 2010 contra um recuo de 9,7% em 2009; Papel e gráfica com expansão de 4,1% em 2010 e perda de 8,0% em 2009 e Minerais não-metálicos, com crescimento de 2,2% em 2010 e queda de 7,0% em 2009. Os setores de Produtos químicos e de Alimentos e bebidas, que foram os que mais expandiram a produtividade em 2009, registraram taxas abaixo da média da indústria em 2010. Dentre os setores mais produtivos em 2010 estiveram os de Madeira (22,4%); Produtos de metal (14,3%); Máquinas e equipamentos (13,4%); Vestuário (9,6%); Fabricação de meios de transporte (9,5%); Indústrias extrativas (9,0%); Borracha e plástico (7,6%); Fabricação de outros produtos da indústria de transformação (6,6%) e Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (6,4%).
Em 2010, pela primeira vez em três anos, houve aumento de produtividade em todos os locais pesquisados. Os destaques foram as taxas de dois dígitos alcançadas pelas indústrias do Espírito Santo (14,8%), Minas Gerais (11,7%) e Paraná (10,1%). Nos três casos as marcas obtidas foram as mais elevadas da série. No caso dos dois primeiros locais o resultado foi muito influenciado pelo desempenho das Indústrias extrativas. A indústria paulista se situou na média nacional (6,1%). Todas as demais indústrias locais apresentaram taxas que foram menos da metade da marca nacional: Santa Catarina e Ceará com (2,9%), Rio Grande do Sul (2,6%), Pernambuco (2,3%), Rio de Janeiro (1,7%) e Bahia (1,4%).
Produtividade Industrial em 2010. Os expressivos resultados alcançados pela indústria em 2010 refletem um comportamento típico de recuperação pós recessão. A expansão da produção industrial de 10,5% se deu em relação à contração de 7,4% registrada em 2009. As horas pagas em 2010 cresceram 4,1%, quando em 2009 tinham registrado queda de 5,3%, e o emprego industrial cresceu 3,4%, a maior taxa desde 2002, quando em 2009 havia caído 5,0%. A produtividade do trabalho, medida pela comparação dos indicadores de produção física e de horas pagas, cresceu 6,1% em 2010 contra uma retração de 2,2% em 2009.
A taxa de crescimento da produtividade em 2010 foi igual à observada em 2004. Porém, diferentemente do contexto de 2010, quando a indústria completou o movimento de recuperação da queda de produção provocada pela crise financeira internacional de 2008, em 2004 a indústria se recuperava de um período de estagnação, devido à crise de confiança provocada pela eleição presidencial no final de 2002. Mesmo assim, em ambos os momentos, observou-se que a recuperação na produção industrial antecipou a das horas pagas e do emprego, um movimento típico de retomadas de crescimento.
A remuneração média do trabalho na indústria em 2010 cresceu 3,3% em termos reais. Comparando com o aumento da produtividade, isso representou uma queda acumulada no custo da mão de obra para a indústria de 2,7%. O movimento ao longo do ano, no entanto, mostrou que a partir do segundo semestre as taxas de aumento dos salários em relação ao ano anterior se situaram acima da produtividade, sinalizando uma possível pressão de custos para a indústria a partir de então.
O movimento das taxas de crescimento da produção industrial e da produtividade ao longo do ano, na comparação mês em relação a igual mês do ano anterior da Indústria geral, mostrou que o ritmo de expansão se reduziu já a partir do segundo trimestre de 2010, quando as taxas de crescimento passaram a ser menores. Em outubro, mês em que a produção industrial registrou expansão de apenas 1,9% em relação a outubro de 2009, a produtividade registrou contração de 2,0%. As horas pagas e o emprego apresentaram taxas positivas e crescentes a partir de fevereiro até o final do primeiro semestre, quando também reduziram o ritmo de expansão. Mesmo com menor ritmo de crescimento da produção industrial, o emprego se manteve positivo, assim como as horas pagas. Esse resultado sinaliza que a produção industrial deverá continuar a se expandir em 2011, porém em menor ritmo que em 2010, dado que a fase de recuperação em relação a 2009 já teria se completado, e pressões de aumento de custo da mão de obra já se fizeram presentes em 2010.
O movimento da recuperação da produtividade ao longo de 2010, representado pelo indicador de média móvel de 12 meses, mostra que a recuperação se iniciou em outubro de 2009 e começou a dar mostras de arrefecimento no segundo semestre de 2010. Tal movimento de desaceleração da produtividade foi acompanhado de aumento nas horas pagas a partir de julho de 2010, quando as taxas de crescimento se tornaram positivas e crescentes. Assim, a partir de julho de 2010, mês em que a produtividade registrou crescimento de 8,1% na comparação em 12 meses, as taxas de crescimento foram decaindo até atingir a 6,1% em dezembro.
Desagregando-se a evolução da produtividade da Indústria geral entre as Indústrias Extrativas e de Transformação, observa-se que o movimento das taxas seguiu padrão semelhante ao longo dos últimos dois anos, com as taxas das Indústrias Extrativas situando-se em níveis inferiores às da Indústria de Transformação na maior parte do tempo. A situação se inverteu a partir de agosto de 2010, quando ocorreu uma desaceleração no ritmo de crescimento acumulado da produtividade da Indústria de Transformação, que alcançou em dezembro de 2010 taxa de 6,0%, contra 9,0% das Indústrias Extrativas.
Observa-se também que existe uma elevada correlação entre a taxa de crescimento da produtividade da indústria e a taxa de crescimento da formação bruta de capital fixo. Ambas as taxas evoluem de forma pró-cíclica, sinalizando que o crescimento da produtividade industrial depende, em grande parte, da expansão do investimento na economia. Em tese, isso ocorre por pelo menos dois motivos. A expansão do investimento deve se reverter em parte em demanda por produtos produzidos pela indústria de transformação, ampliando as possibilidades de exploração das economias de escala no setor e, portanto, contribuindo para o aumento da produtividade agregada da indústria. A demanda por investimento também deve se refletir em demanda para o setor produtor de máquinas e equipamentos, que por sua natureza incorpora progresso técnico, na medida em que máquinas novas e mais modernas são mais produtivas. Assim, a expansão do setor doméstico produtor de bens de capital, estimulado pelo aumento no investimento, é um importante indutor e disseminador do progresso técnico, e portanto do aumento da produtividade tanto na indústria como nos demais setores da economia. Na medida em que esses dois fatores se verifiquem, maior será o impacto positivo do investimento produtivo sobre a produtividade industrial.
Em termos da indústria no contexto recente, pode-se argumentar que o desempenho da produtividade industrial deverá passar a depender mais da introdução de melhorias e inovações no processo de produção no futuro próximo, fruto de uma maior taxa de investimento na produção. A maior dependência do aumento da produtividade de taxas de investimento mais elevadas pode ser justificada por dois fatores. De um lado, a produção e o emprego industrial apontaram em 2010 para uma recuperação em relação aos níveis pré-crise financeira internacional, que atingiu a economia brasileira mais fortemente a partir do último trimestre de 2008. Dessa forma, ganhos de produtividade oriundos da ocupação de capacidade ociosa gerada pela crise devem ser cada vez menores daqui para frente. De outro, as medidas de política econômica anti-cíclicas adotadas em 2009 já começaram a ser retiradas em 2010, sinalizando que esse estímulo ao crescimento da demanda agregada está tendo seus efeitos multiplicadores dissipados, reforçando a importância da retomada do investimento produtivo para o crescimento da produtividade industrial. Vale observar que a tendência à apreciação cambial que se observa da moeda nacional, e que deve persistir dada a elevada liquidez internacional, ajuda na renovação do parque industrial, por um lado, porém vem exercendo efeito perverso na competitividade dos bens industrializados, com consequencias negativas sobre a estrutura produtiva da indústria.
Em suma, se a retomada do ciclo expansivo do investimento que se iniciou em 2004 e foi abruptamente interrompido pela crise financeira internacional no final de 2008 for mantida, deve-se esperar um bom desempenho da produtividade industrial em 2011, ainda que inferior ao registrado em 2010. Contudo, a sustentação da retomada do investimento irá depender do conjunto de estímulos internos e externos à expansão da demanda agregada. O desempenho da produtividade deverá aliviar também pressões advindas do maior custo da mão de obra, fruto da aceleração do crescimento industrial em 2010.





Produtividade por Setores de Atividade. A análise setorial da produtividade em 2010 mostra que todos os setores, à exceção de Têxtil (–2,4%) e Fumo (–3,6%), apresentaram taxas positivas de crescimento. A relativamente boa performance da produtividade setorial em 2010 não significou recuperação no emprego na mesma extensão. Dos dezesseis setores com expansão da produtividade, em quatro o emprego se retraiu (Madeira, –5,8%; Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool, –3,3%; Vestuário, –2,1% e Papel e gráfica, –0,3%). No geral, as horas pagas acompanharam de perto a evolução do emprego em 2010, confirmando o movimento de recuperação da produção e da produtividade em relação ao ano anterior.
O maior crescimento da produtividade em 2010 foi registrado no setor de Madeira (22,4%), resultado que revela uma recuperação importante do setor frente ao alcançado em 2009 (0,1%), quando foi um dos que mais contraiu a produção física e as horas pagas. A expansão de 2010 foi obtida ainda pela retração de 5,2% nas horas pagas e expansão de 16,1% da produção industrial, a quinta maior registrada em 2010. O setor de Vestuário, com a quarta maior taxa de crescimento da produtividade (9,6%) em 2010, também apresentou comportamento semelhante ao de Madeira, dado que a expressiva expansão da produtividade foi obtida com contração nas horas pagas (–2,2%). Assim, dois setores relativamente intensivos em mão de obra, apresentaram uma reação positiva da produtividade em 2010, graças em parte à redução no emprego.
Os setores de Produtos de metal e de Máquinas e equipamentos, com a segunda e terceira maiores taxas de crescimento da produtividade (respectivamente, 14,3% e 13,4%), haviam registrado forte retração da produtividade em 2009 (–6,3% e –8,9%, nessa ordem). A recuperação na produção desses setores foi das maiores em 2010 (23,4% e 24,3%, respectivamente), sendo acompanhada por crescimento do emprego de 7,0% no primeiro caso e de 7,3% no segundo.
Os setores de Fabricação de meios de transporte (9,5%), Indústrias extrativas (9,0%), Borracha e plástico (7,6%) e de Fabricação de outros produtos da indústria de transformação (6,6%) expandiram a produção e a produtividade acima da média da indústria, assim como registraram também crescimento positivo do emprego e das horas pagas. Desse grupo, as Indústrias extrativas e de Fabricação de outros produtos da indústria de transformação haviam registrado decréscimo na produtividade em 2009. O setor de Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool, também com taxa negativa de crescimento da produtividade em 2009 (–3,0%), é o último do grupo com expansão da produtividade acima da média da indústria (6,4%) em 2010. Esse aumento foi resultado de queda nas horas pagas (–5,4%), a maior registrada dentre todos os setores, e pequeno acréscimo na produção (0,7%).
O setor de Produtos químicos (5,8%), apesar de ter expandido a produtividade apenas ligeiramente abaixo da média da indústria, foi o único a manter o ritmo de expansão próximo ao alcançado em 2009 (5,2%). O resultado de 2010 foi obtido com crescimento de 7,1% da produção física e 1,2% das horas pagas. Também no grupo dos setores com menor crescimento relativo da produtividade e com desempenho positivo em 2009 e 2010, encontram-se os setores de Alimentos e bebidas (4,1%) e Calçados e couros (1,7%).
A expansão da produtividade dos setores de Metalurgia básica (5,0%), Papel e gráfica (4,1%) e Minerais não metálicos (2,2%), apesar de positiva, não compensou a queda registrada em 2009 (–9,7%; –8,0% e –7,0%, respectivamente). Nos três casos a produção e as horas pagas tiveram desempenho positivo, sendo que o setor de Metalurgia básica foi o que registrou a maior expansão no emprego (7,7%) e nas horas pagas (11,8%).
Máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações, com crescimento de apenas 1,0% na produtividade em 2010, foi o setor que menos recuperou do recuo da produtividade em 2009 (–15,0%). O resultado de 2010 foi obtido pela expansão de 8,6% na produção e de 7,6% nas horas pagas.
Os dois setores com crescimento negativo da produtividade em 2010, Têxtil (–2,4%) e Fumo (–3,6%), apresentaram reação diferente em relação a 2009. O setor Têxtil havia registrado queda de 0,7% da produtividade em 2009 e o resultado negativo da produtividade em 2010 se deveu à expansão na produção física de 4,3%, inferior à expansão de 6,9% nas horas pagas. O setor de Fumo havia registrado ligeiro crescimento da produtividade em 2009 (0,6%), e o recuo em 2010 se deveu à queda de 8,0% na produção física e de 4,6% nas horas pagas.
Em suma, dos oito setores que mais contraíram a produtividade em 2009 – Máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações; Metalurgia básica; Máquinas e equipamentos; Papel e gráfica; Minerais não-metálicos; Produtos de metal; Indústrias extrativas e Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool – apenas os três últimos, além de Máquinas e equipamentos, conseguiram taxas em 2010 que recuperaram a retração do ano anterior. Assim, o processo de recuperação da produtividade em 2010, mesmo que forte no agregado, não foi suficiente para resgatar a eficiência de todos os setores da indústria. Neste contexto é particularmente preocupante a resposta do setor de Máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações, de alta tecnologia, com maior percentual de retração da produtividade em 2009, e com um avanço pífio de 1,0% em 2010. Os setores de Produtos químicos e de Alimentos e bebidas, que em 2009 registraram as maiores taxas de crescimento da produtividade, também apresentaram taxas positivas em 2010, porém relativamente mais baixas quando comparadas aos demais setores. O setor de Madeira, com o maior percentual de crescimento da produtividade em 2010, apresentou contração no emprego e nas horas pagas.
Por fim, em relação às taxas de remuneração média real aos trabalhadores da indústria em 2010, todos os setores apresentaram expansão, com exceção de Metalurgia básica (–2,5%). Poucos foram os setores onde se observou que o crescimento das remunerações médias superou o aumento da produtividade no acumulado do ano. Isto ocorreu nos setores de Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (7,1%); Minerais não-metálicos (6,0%) e Máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações (4,1%), além dos setores de Têxtil (1,8%) e Fumo (2,8%), que apresentaram retração na produtividade.



Produtividade por Unidades da Federação e Setores de Atividade. Em 2010 pela primeira vez em três anos, houve aumento de produtividade em todos os locais pesquisados. Comparando com 2004, ano em que a expansão da produtividade também foi de 6,1%, observa-se pelo menos duas diferenças importantes. No ano passado, comparativamente a 2004, as taxas regionais foram mais dispersas, variando entre 14,8% na indústria do Espírito Santo a 1,4% na da Bahia. Outra diferença é a posição da indústria paulista, a principal do País, que em 2004 liderava o crescimento de produtividade com uma variação positiva de 9,9%, e em 2010 obtêm taxa apenas idêntica à média nacional (6,1%).
Em 2010, os destaques foram as taxas de dois dígitos alcançadas pelas indústrias do Espírito Santo (14,8%), Minas Gerais (11,7%) e Paraná (10,1%). Nos três casos, as marcas obtidas foram as mais elevadas da série. No caso dos dois primeiros locais, o resultado foi muito influenciado pelo desempenho das Indústrias Extrativas. A indústria paulista se situou na média nacional (6,1%). Todas as demais indústrias locais apresentaram taxas que foram menos da metade da marca nacional: Santa Catarina e Ceará com (2,9%), Rio Grande do Sul (2,6%), Pernambuco (2,3%), Rio de Janeiro (1,7%) e Bahia (1,4%). Portanto a distância entre a maior e a menor taxa regional foi de 13,4 pontos percentuais. Em 2004, essa diferença foi de 9,5 p.p.. No acumulado 2002-2010 o maior incremento de produtividade foi das indústrias de Espírito Santo (67,5%) e Rio de Janeiro (45,4%), ficando o pior desempenho com a indústria de Santa Catarina (–4,2%). Esse último local registrou quatro taxas negativas nos últimos nove anos e teve incremento quase nulo (0,3%) em 2008.
A indústria do Espírito Santo alcançou um crescimento de 14,8% na produtividade industrial em 2010. Essa taxa recorde na série foi também a mais elevada dentre os locais pesquisados. Esse resultado foi obtido graças ao aumento muito elevado da produção (59,9%) e da produtividade (43,5%) das Indústrias Extrativas, puxado pelo desempenho da extração de minério de ferro.
A indústria de Minas Gerais apontou o segundo melhor desempenho dentre os locais pesquisados (11,7%). Destacaram-se as performances da Metalurgia básica (22,4%) e das Indústrias extrativas (20,9%). Ambas tiveram expressivas elevações de produção física, de 27,6% e 31,9% respectivamente, que em muito superaram a elevação das horas pagas. Essas atividades foram muito influenciadas pelo desempenho dos segmentos de ferronióbio e extração de minério de ferro.
A indústria do Paraná atingiu o terceiro maior incremento de produtividade regional (10,1%). Esse resultado foi muito impactado pela evolução positiva dos setores de Madeira (14,9%), Produtos de metal (10,6%), ambos com incremento de dois dígitos na produção industrial – 10,0% e 21,6%, respectivamente. No primeiro setor, o incremento da produção foi acompanhado por queda nas horas pagas (–4,2%). Algumas indústrias, para as quais não foi possível estimar índices de produtividade, certamente tiveram expressivos aumentos da produção por hora paga devido aos elevados acréscimos de produção física, como foi o caso de Veículos automotores (57,6%), Mobiliário (28,0%), e Máquinas e equipamentos (24,5%).
A indústria de São Paulo apresentou acréscimo de produtividade idêntico à média nacional (6,1%). Nesse local, as maiores taxas foram as de Produtos de metal (23,5%), Vestuário (14,8%) e Borracha e plástico (13,4%). Todos esses setores tiveram aumento de produção na faixa de dois dígitos, sendo o mais expressivo o de Produtos de metal (25,3%). Em Vestuário, apesar do incremento na produção (11,7%), houve contração nas horas pagas (–2,7%). Alguns segmentos industriais, para as quais não foi possível estimar índices de produtividade, certamente tiveram significativos aumentos da produção por hora paga devido aos elevados acréscimos de produção física, como foi o caso de Máquinas para escritório e equipamentos de informática (26,6%), Máquinas e equipamentos (26,6%) e Veículos automotores (24,6%).
A indústria de Santa Catarina registrou um incremento de 2,9% na produtividade em 2010, marca que representa menos da metade da média nacional (6,1%). Apesar de a taxa global do local não ser elevada, dois setores obtiveram incrementos expressivos de produtividade, Madeira (17,5%) e Metalúrgica básica (16,6%). Este último setor alcançou um aumento de 40,3% na produção física e de 20,3% nas horas pagas. Certamente contribuíram para o desempenho abaixo da média nacional a evolução de Veículos automotores – para este segmento não é possível estimar índice de produtividade, mas possivelmente a variação da produção por hora paga foi negativa ou pouco expressiva, dada a queda de produção ocorrida nessa indústria, que foi de 25,5%.
A indústria do Ceará apontou um aumento de 2,9% na produtividade, marca bem abaixo da média nacional, mas mesmo assim a maior da região Nordeste. Nesse local ocorreram elevações expressivas em Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (20,5%) e Metalúrgica básica (18,9%). Esses incrementos, no entanto, foram acompanhados de contração da produtividade em Têxtil (–6,3%), Vestuário (–6,0%) e Calçados e Couro (–5,0%) e crescimento nulo (0,0%) em Minerais não metálicos.
A indústria do Rio Grande do Sul apresentou um acréscimo de 2,6% da produtividade em 2010, que representa a taxa mais baixa entre os estados da região Sul. Apenas um setor teve aumento de produtividade na faixa de dois dígitos, qual seja, Produtos de metal (15,6%). Três segmentos apontaram contração da produção por hora paga: Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (–14,5%), Fumo (–8,7%) e Borracha e plástico (–8,1%).
A indústria de Pernambuco apontou uma variação de 2,3% na produtividade em 2010. As maiores taxas foram as de Calçados e couro (71,0%), Têxtil (23,0%) e Minerais não metálicos (11,5%). No entanto, setores de peso na economia local tiveram variações negativas, como foi o caso de: Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (–19,1%), e Alimentos e bebidas (–4,9%).
A indústria do Rio de Janeiro alcançou um acréscimo de produtividade de apenas 1,7%, o menor dentre os estados da região Sudeste. Todas as taxas positivas de produtividade foram na faixa de um dígito, destacando-se os segmentos de Minerais não metálicos e Têxtil ambos com acréscimo de 6,5% na produtividade. As Indústrias extrativas (7,4%) e Metalúrgica básica (–2,8%), de grande importância local, tiveram variações negativas.
O pior desempenho regional ficou com a indústria da Bahia (1,4%). Nesse local alguns setores alcançaram taxas expressivas de crescimento, como foi caso de Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (16,9%) e Minerais não metálicos (12,1%). No entanto, Borracha e plástico registrou taxa pouco expressiva (1,3%) e Metalúrgica básica uma variação negativa (–0,4%).






