Carta IEDI
A relevância da indústria para o crescimento
A Indústria de transformação, pela forte presença de economias de escala, investimentos em inovação e interação com os demais setores da economia, tende a comandar o aumento das taxas médias de produtividade e a sustentar o crescimento econômico. No Brasil, isso não é diferente.
Entretanto, a manufatura brasileira foi o setor que mais perdeu participação em nosso PIB nas últimas décadas, como mostraram trabalhos anteriores do IEDI, como a Carta n. 920 . No período recente, esta tendência se aprofundou com a crise que atingiu o setor no triênio 2014-2016, fazendo com que sua representatividade regredisse de 15,4% do valor adicionado total em 2000 para 11,9% em 2018.
Este processo, segundo o estudo de Paulo Morceiro, publicado na Carta IEDI n. 929 , foi acompanhado pelo esgarçamento de muitas cadeias produtivas, isto é, pela forte penetração de insumos importados, sem que nossas manufaturas tivessem uma maior presença no comércio mundial. Em outros termos, devido aos problemas de competitividade que a indústria brasileira enfrenta, a maior penetração de importados reflete menos uma integração mais forte em cadeias globais de valor e mais provavelmente casos de deslocamento da produção nacional pela estrangeira, sem que havido benefício para exportação, ao contrário do que foi o caso dos países emergentes de maior sucesso.
A despeito disso tudo, a Carta IEDI de hoje mostra que, no Brasil, a indústria de transformação preservou seu papel potencial de máquina do crescimento econômico, mesmo em um dos piores momentos de sua história. O estudo foi feito a partir da Matriz de Insumo-Produto, cuja última atualização pelo IBGE trouxe informação até o ano de 2015.
Por trás deste papel estão dois aspectos. O primeiro deles é que o dinamismo (positivo ou negativo) da indústria de transformação tem grande capacidade de se retroalimentar, em que a evolução de um dado segmento do setor afeta os demais, voltando a afetar o primeiro. Isso decorre do fato de que 60% do seu consumo de insumos intermediários (dados de 2015) consistem em bens produzidos pela própria indústria de transformação.
O segundo aspecto é que a manufatura tem grande capacidade de influenciar os demais setores por meio do uso dos produtos e serviços que eles produzem como insumos industriais. Em 2015, por exemplo, 11,6% dos insumos consumidos pela manufatura brasileira vieram da agropecuária. Isso representava 53,4% da produção total deste setor.
No caso das atividades extrativas, por sua vez, seus produtos pesavam apenas 8% no consumo intermediário da manufatura, mas isso representava nada menos do que 68% do total produzido pelo setor em 2015. Vale mencionar que estes valores já foram maiores e se reduziram porque o Brasil se descuidou em agregar valor a estes produtos primários, agropecuários ou minerais, por meio da transformação industrial.
Uma avaliação mais precisa da capacidade mobilizadora da indústria de transformação na estrutura produtiva, isto é, em relação a todas as atividades econômicas, pode ser obtida pelos coeficientes técnicos diretos da Matriz de Insumo-Produto, que permitem comparar a importância relativa dos setores quanto ao seu impacto como demandantes de insumos dos demais (backward linkages).
Neste caso, o estudo do IEDI conclui que é a manufatura quem possui ligações mais fortes como compradora de bens intermediários. O coeficiente técnico da indústria de transformação é o maior da matriz, com valor de 0,61. A segunda atividade em importância em 2015 foi o de eletricidade e gás, água, esgoto e atividade de gestão de resíduos, mas com um coeficiente (0,506) 17% inferior ao da indústria de transformação.
Outra forma de avaliação é por meio da chamada Matriz de Leontief, que apresenta as relações diretas e indiretas entre as atividades econômicas. Neste caso, os coeficientes agregam a integralidade dos efeitos que uma variação de demanda de certa atividade desencadeia tem sobre as demais atividades econômicas.
Sob esta perspectiva, constata-se, novamente, que é a indústria de transformação quem apresenta o maior coeficiente (2,15) e isso em todos os anos analisados pelo estudo. Eletricidade e gás, água, esgoto e atividade de gestão de resíduos ocupou, aqui também, o segundo lugar em 2015 (1,95).
Face a estes resultados, não há dúvidas de que o setor mais estratégico para dinamizar o crescimento da economia como um todo é a indústria de transformação. Em outras palavras, quando a indústria manufatureira cresce, são grandes as chances de o PIB deslanchar. Sem crescimento industrial, mais difícil impulsionar o PIB. Vale também observar o papel cada vez mais importante para a dinamização da economia brasileira da infraestrutura, representada pelo setor de eletricidade e gás, água, esgoto, atividade de gestão de resíduos.
As evidências encontradas pelo estudo do IEDI ajudam, assim, a compreender o motivo da gravidade da crise que a economia brasileira viveu em 2015-2016, uma vez que o setor industrial foi aquele que enfrentou as maiores e mais duradouras perdas. Cabe lembrar que já em 2014 o setor encontrava-se em crise.
Ajudam também a entender a fragilidade da etapa de recuperação que se iniciou em 2017. Devido às dificuldades de competitividade que vêm de longa dada e em função da gravidade da crise recente para o setor, a indústria de transformação brasileira, mesmo se mantendo como a alavanca do crescimento, teve parcialmente deteriorada sua capacidade de exercer este papel.
É isso que significa o declínio dos coeficientes da indústria de transformação nos dez anos entre 2005 e 2015. No caso do coeficiente direto, que mede o impacto da manufatura como demandantes de insumos dos demais setores, a queda foi de -0,8%. No caso do coeficiente que mede os efeitos totais, isto é, tanto diretos como indiretos, o recuo foi de -3%.
Como estão disponíveis apenas os dados até 2015 da Matriz de Insumo-Produto, cuja produção pelo IBGE é de elevada complexidade, esta evolução dos coeficientes de impacto da indústria de transformação brasileira é apenas parcial, mas já indica as consequências estruturais negativas da crise do setor entre 2014 e 2016.
Introdução
Esta Carta IEDI recorre a informações recentemente divulgadas da Matriz de Insumo-Produto, atualizada para o ano de 2015, para avaliar a magnitude e a evolução dos impactos da atividade manufatureira no Brasil sobre o dinamismo dos demais setores e sobre o crescimento econômico total. Para isso, segue são empregadas três abordagens complementares.
Inicialmente, são analisadas as Tabelas de Recursos e Usos (TRU), que são a base para a construção dos coeficientes técnicos da matriz. Elas apresentam as relações entre os produtos (bens e serviços) produzidos e consumidos pelas atividades econômicas.
A seguir, a análise será complementada com os coeficientes técnicos da Matriz de Insumo-Produto. A Matriz de Insumo-Produto apresenta não mais as relações produto x atividade como na TRU, mas as relações entre as atividades econômicas (atividade x atividade).
Desta forma, os coeficientes técnicos descrevem como a dinâmica de cada atividade econômica impacta as demais, ou seja, os coeficientes da Matriz de Insumo-Produto permitem identificar a cadeia de impactos setoriais provenientes de um choque de demanda final na economia.
O modelo da Matriz de Insumo-Produto é composto de duas matrizes, uma que apresenta as relações diretas (coeficientes técnicos diretos) e outra, conhecida como Matriz de Leontief, que apresenta as relações diretas mais as indiretas entre as atividades econômicas (coeficientes diretos mais indiretos).
No primeiro caso, os coeficientes técnicos quantificam o efeito de variações nos componentes da demanda final de determinada atividade sobre seus fornecedores (são os encadeamentos do tipo backward linkages).
No segundo caso, os coeficientes agregam os efeitos diretos e indiretos sobre cada atividade, ou seja, quantificam como um choque de demanda de determinada atividade desencadeia estímulos intersetorias afetando as demais atividades econômicas (são os encadeamentos do tipo forward linkages).
Indústria de transformação na matriz de produção da economia: peso da demanda intermediária
A complexidade da Indústria de transformação está no fato de esta atividade ser a que mais consome insumos produzidos nela mesma. No caso da economia brasileira, na última década e meia, a indústria manufatureira consumiu dentro da própria atividade cerca de 60% do que produziu. Dos restantes 40% consumidos pela indústria manufatureira no processo de produção, cerca de 11% foram de produtos da Agropecuária e cerca de 8% de produtos das Indústrias extrativas.
O impacto da demanda da Indústria de transformação na produção de produtos oriundos dos demais setores de atividade pode ser avaliado em termos de quanto sua demanda representa em termos da produção dos produtos de cada setor. Neste caso, observa-se que é decrescente o peso da demanda intermediária da indústria manufatureira em relação à produção dos produtos dos demais setores.
Dos produtos da Agropecuária, 64,6% foram destinados à Indústria de transformação em 2000, e este percentual se reduz a 53,4% em 2015. Dos produtos das Indústrias extrativas, a parcela destinada ao setor manufatureiro decresceu de 96,4% em 2000 para 68,9% em 2015. À exceção da própria Indústria de transformação, os demais setores apresentaram o mesmo movimento de decréscimo na importância da manufatura como demandante da produção final.
A constatação de que a demanda de insumos para a produção manufatureira tem representado uma proporção menor da produção na matriz produtiva brasileira comprova o avanço da desindustrialização na última década e meia.
Matriz de coeficientes técnicos diretos: o quanto a indústria demanda de seus fornecedores
Uma avaliação mais precisa da capacidade mobilizadora da Indústria de transformação na estrutura produtiva (em relação a todos os setores de atividade) pode ser obtida pelos coeficientes de impacto da Matriz de Insumo-Produto. A tabela a seguir mostra os coeficientes técnicos diretos para os anos 2000, 2005, 2010 e 2015, considerando os grandes setores de atividade (12 no total). Permite, assim, comparar a importância relativa dos setores de atividade quanto ao seu impacto como demandantes de insumos dos demais.
É a Indústria de transformação quem se destaca com os mais elevados coeficientes técnicos diretos em todos os anos e por isso é a atividade com ligações mais fortes como compradora de bens intermediários. Por isso, a indústria quando cresce consegue espalhar seu dinamismo para um número maior de atividades, dando vigor e consistência ao crescimento econômico.
Os coeficientes da Indústria de transformação são relativamente estáveis e apresentam um leve aumento em valor absoluto entre 2000 e 2005, regredindo em 2010 e não se recuperando plenamente em 2015.
A segunda atividade em importância em 2015 foi o de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividade de gestão de resíduos, com um coeficiente 17% inferior ao da Indústria de transformação. Esse setor ampliou seu coeficiente entre 2010 e 2015, deslocando a posição da Indústria extrativa, que ocupava a segunda posição em 2000 e 2005 e que em 2015 passou a ocupar a quarta posição.
Os coeficientes apresentados na tabela acima representam a soma dos coeficientes técnicos obtidos em cada célula da matriz de coeficientes técnicos diretos . Assim, é possível para um determinado setor de atividade (para cada coluna da Matriz de Insumo-Produto) identificar especificamente o impacto de sua demanda em cada um dos demais setores. Esta é a análise a seguir.
As tabelas abaixo reproduzem os coeficientes técnicos diretos da Indústria de transformação para cada ano da Matriz de Insumo-Produto e apresentam a sua distribuição em percentagem.
Pela Matriz de coeficientes técnicos diretos, em 2000, a atividade produtiva da Indústria de transformação impactava em 50,7% a demanda de insumos da própria indústria. Este percentual se reduz entre 2005 e 2010, passando de 51,1% para 47,5%, para chegar em 44,8% em 2015. Considerando a Indústria como um todo, o impacto da produção da Indústria de transformação foi decrescente passando de 61,3% em 2000 para 54,4% em 2015.
O impacto da demanda do ramo manufatureiro por insumos ao setor Agropecuário também decresceu considerando os anos extremos, passando de 13,6% em 2000 para 12,5% em 2015. Em contrapartida, o impacto sobre a demanda de insumos sobre a atividade de Serviços aumentou, saindo de 25,1% em 2000 para 33,1% em 2015.
Dentro da atividade de Serviços, destaca-se o aumento do impacto na demanda da Indústria de transformação por insumos dos setores de Comércio; Transporte, armazenagem e correio e de Outras atividades de serviços. No primeiro caso, o impacto da demanda da Indústria de transformação aumentou de 7,4% em 2000 para 12,9% em 2015. No segundo caso, o aumento foi de 6,0% em 2000 para 8,1% em 2015 e, no terceiro caso, de 4,6% em 2000 para 7,5% em 2015. Chama atenção a queda do impacto no suprimento de insumos dos setores de Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (de 4,2% em 2000 para 2,9% em 2015) e de Informação e comunicação (de 1,9% em 2000 para 0,9% em 2015).
Desta forma, observa-se que:
• A Indústria de transformação se manteve entre 2000 e 2015 como o setor de atividade com maior impacto direto na demanda de bens intermediários sobre os demais setores de atividade.
• Apesar disso, houve mudança significativa na composição do impacto de sua demanda: queda em relação à Agropecuária e à Indústria total e aumento em relação aos Serviços.
• Nos Serviços, o que mais aumentou foi o impacto da demanda para ramos de baixa sofisticação tecnológica, como Comércio, Transporte e Outras atividades de serviços.
• Caiu o impacto nos ramos de Serviços mais sofisticados na demanda da Indústria de transformação, como os de Informação e comunicação e as Atividades financeiras, seguros etc.
Estes resultados são um indicativo importante de que o processo de retrocesso industrial tem avançado pelo enfraquecimento dos encadeamentos entre os elos da cadeia produtiva dentro da Indústria e com setores de Serviços mais sofisticados tecnologicamente.
Matriz de coeficientes técnicos diretos e indiretos: o impacto de encadeamento da indústria na demanda de fornecedores e na oferta dos demais setores
A Matriz de insumo-produto oferece também informação sobre o impacto da produção de um setor de atividade sobre todos os demais através da combinação de coeficientes técnicos diretos e indiretos.
Neste caso, os coeficientes de cada setor de atividade mostram a importância relativa de cada setor da economia em termos de sua capacidade de impactar toda a cadeia produtiva (para frente e para trás). Quanto maior o coeficiente de um setor de atividade, mais estratégico ele se revela para dinamizar a produção dos demais elos da matriz de produção.
A tabela a seguir, obtida a partir dos coeficientes da Matriz de coeficientes técnicos diretos e indiretos (conhecida como Matriz de Leontief), mostra o impacto total sobre a produção de cada setor de atividade econômica de um aumento unitário na demanda final de cada setor. Ou seja, considera não apenas o impacto da demanda final sobre seus fornecedores diretos, mas inclui também os impactos em toda a cadeia produtiva.
Desta forma, a Matriz de Leontief é uma ferramenta que permite sintetizar as relações de produção intersetoriais completas na economia. Na referida tabela, esta síntese é obtida pela soma das colunas dos coeficientes da Matriz de Leontief publicada e os coeficientes encontrados mostram o poder de encadeamento de cada setor de atividade sobre os demais. Neste sentido os coeficientes podem ser interpretados como representando o efeito multiplicador da demanda final de cada setor de atividade sobre o total da produção da economia.
Constata-se que a Indústria de transformação é o único setor a apresentar coeficiente acima de 2 em todos os anos considerados. Por esta razão, é sem sombra de dúvida o setor mais estratégico para dinamizar o crescimento da economia como um todo. Em outras palavras, quando a indústria manufatureira cresce, são grandes as chances do PIB deslanchar. Sem crescimento industrial, mais difícil impulsionar o PIB.
Vale observar, contudo, que o coeficiente da Indústria de transformação só avançou na primeira metade dos anos 2000, isto é, até 2005. Nos cinco anos que se seguiram, houve declínio e uma restauração parcial em 2015. Ou seja, o valor registrado em 2015 situa-se abaixo do observado em 2005.
O segundo maior coeficiente de impacto em 2015 coube novamente ao setor de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividade de gestão de resíduos. Este setor se destaca pois apresenta o maior aumento em relação ao ano de 2000. Sinaliza também para a importância dos investimentos em infraestrutura para alavancar o crescimento da economia.
De uma forma geral, observa-se que os coeficientes de impacto aumentaram para todos os setores entre 2000 e 2005, à exceção de Construção e de Intermediação financeira, seguros e previdência.
De 2005 a 2010, o número de setores com queda no coeficiente de impacto atinge 7 do total de 12 setores (isto é, 58% deles), incluindo as Indústrias extrativa e de transformação.
De 2010 a 2015, em contrapartida, há pequeno aumento em metade dos setores, o que também atingiu as Indústrias de extrativa e de transformação. Pode-se concluir então que a perda de tração da Indústria de transformação para o restante da economia vem se aprofundando a partir de 2005, como resultado da perda de participação do setor no PIB.
De todo modo, a Indústria de transformação, mesmo perdendo espaço na estrutura produtiva, ainda é o setor com maior capacidade de impactar demais setores econômicos e, por isso, se mantem como um destacado motor do crescimento. O setor de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividade de gestão de resíduos, que reúne áreas da infraestrutura, ao apresentar aumento expressivo do seu coeficiente de impacto intersetorial de 2000 a 2015, desponta também como um motor adicional.
Em outros termos, indústria forte e investimentos em infraestrutura são as vias principais pelas quais a recuperação deve seguir para que o Brasil consiga apresentar novamente taxas robustas de crescimento do PIB.
Mudança estrutural nos anos 2010: o aprofundamento do regresso industrial
Apesar da estabilidade nos coeficientes de impacto da Matriz de Insumo-Produto para o setor de transformação industrial, uma análise qualificada dos coeficientes indica que o retrocesso industrial da economia brasileira desde os anos 2000 vem ocorrendo pelo enfraquecimento das cadeias produtivas da manufatura.
Nesta avaliação, a perda de importância relativa da Indústria de transformação em alavancar o crescimento dos demais setores pode ser ilustrada pela evolução da relação entre o valor adicionado (VA) e o valor bruto da produção (VBP) do setor (VA/VBP). Esta relação mostra a capacidade da Indústria de transformação em agregar valor em relação ao total do valor da produção.
Tomando esta relação a preços constantes de 2010, ou seja, mantendo fixo o vetor de preços relativos em 2010, observa-se que a queda desta razão VA/VBP no setor de transformação industrial é contínua ao longo dos anos recentes. Dentre os setores da Indústria, apenas a Indústria de transformação apresenta este comportamento, como mostra o gráfico a seguir.
A próxima tabela, por sua vez, apresenta a evolução da razão VA/VBP a preços de 2010 para os grandes setores de atividade e para o total da economia. Em todos os grandes setores a capacidade de adicionar valor é ligeiramente decrescente.
A participação do valor adicionado a preços de 2010 mostra que a maior queda na participação percentual entre 2010 e 2015 ocorre justamente na Indústria de transformação (1,7 ponto percentual).
Por fim, a tabela abaixo mostra a posição relativa dos setores de atividade em relação ao produto médio total a preços de 2010. Esta tabela foi construída considerando o produto médio da economia como referência, e calculando em percentagem o quanto cada setor representa da média da economia. Os setores cujo produto médio é superior ao médio da economia são setores mais intensivos em capital, e os setores cujo produto médio situa-se abaixo da média da economia são os mais intensivos em mão-de-obra.
Dos sete setores mais intensivos em capital, com produto médio acima do total da economia, três registraram aumento de produto médio relativo entre 2010 e 2015: Indústrias extrativas, Produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e Informação e comunicação. Dos setores com produto médio abaixo da média, apenas o setor de Agropecuária aumentou relativamente seu produto médio.
Em resumo, o processo de declínio industrial continua se aprofundando na presente década. O setor de Agropecuária é o que consistentemente vem apresentando ganho de participação na estrutura produtiva, indicando que a economia brasileira está cada vez mais dependente do agronegócio.