Análise IEDI
Reação com obstáculos
Em agosto de 2020, os serviços cresceram +2,9% frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais. Ou seja, a recuperação do setor vem se mantendo e já soma três meses seguidos, embora seja mais fraca do que na indústria e no comércio varejista.
Tanto é que é o setor que mais longe se encontra de seu nível anterior ao choque da Covid-19. A comparação de ago/20 com fev/20 aponta uma lacuna de -9,8% a ser compensada pelos serviços, enquanto para a indústria é de apenas -2,6%. O varejo ampliado, a seu turno, já se encontra a 2,2% acima do patamar de fev/20.
Isso se deve ao fato de que, apesar da progressiva flexibilização do isolamento social, o setor de serviços ainda não pôde normalizar suas atividades. Seja porque os protocolos de segurança sanitária não permitem a utilização de sua capacidade total de atendimento, seja porque os consumidores se mostram reticentes por medo da Covid-19 e pela perda de renda ao longo da crise. É uma reação com obstáculos importantes.
Na passagem de julho para agosto, 4 dos 5 segmentos de serviços registravam avanços. A única exceção foi informação e comunicação, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir.
• Serviços total: +5,3% em jun/20; +2,6% em jul/20 e +2,9% em ago/20;
• Serviços prestados às famílias: +14,4%; -10,8% e +33,3%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +3,9%; +2,4% e -1,4%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +1,8%; +2,5% e +1,0%;
• Transportes e correios: +7,1%; +2,1% e +3,9%;
• Outros serviços: +7,3%; +3,5% e +0,8%, respectivamente.
O destaque positivo ficou a cargo do segmento de serviços prestados às famílias, cuja alta de +33,3% compensou o retrocesso pontual registrado no mês de julho. Seu componente referente a serviços pessoais acelerou de +3,7% para +9,1% de jul/20 para ago/20, mas o maior impulso veio de alojamento e alimentação, com alta de +37,9%, devido à reabertura de bares, restaurantes e hotéis.
Apesar destes resultados positivos, os serviços às famílias ainda estão 42% abaixo do nível de fev/20. Só não estão piores que as atividades turísticas, que se encontram 47% abaixo do pré-crise. Muito disso é porque este agregado especial calculado pelo IBGE considera também as viagens aéreas, que estão 53% abaixo de fev/20.
O segundo melhor resultado coube a transporte e correios, que, ademais, apresentou aceleração ante o resultado de jul/20. Sua alta de +3,9% foi puxada pelos transportes terrestres (+4,3%, com ajuste), em resposta à reação econômica geral, e pelo transporte aéreo (+14,6%), que, depois da paralisação em mar-abr/20, vem recompondo sua malha aeroviária.
À exceção destes segmentos, todos os outros três identificados pelo IBGE acusaram perda de dinamismo em ago/20. Os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram somente +1%, devido à forte desaceleração de seu componente técnico-profissional, com serviços mais qualificados.
Outros serviços, que incluem atividades bastante diversificadas, como financeiras, imobiliárias, rurais etc., vêm se aproximando da estabilidade desde a reação inicial de jun/20. Agora em agosto variou apenas +0,8%. Já para os serviços de informação e comunicação, a perda de fôlego foi mais acentuada e levou o segmento a registrar -1,4%, devido ao componente de tecnologia da informação (-4,1% ante jul/20).
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de agosto divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou expansão de 2,9% frente a julho de 2020, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (agosto/2019) aferiu-se redução de 10,0%. No acumulado de 12 meses houve decréscimo de 5,3% e para o acumulado do ano (janeiro-agosto) registrou-se variação negativa de 9,0%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, quatro segmentos analisados apresentaram variações positivas: serviços prestados às famílias (33,3%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (3,9%), serviços profissionais, administrativos e complementares (1,0%) e outros serviços (0,8%). O único segmento analisado que apresentou decréscimo foi o de serviços de informação e comunicação (-1,4%). Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se variação positiva de 19,3% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com agosto de 2019, apenas um dos cinco segmentos analisados apresentou variação positiva: outros serviços (7,2%). Os demais segmentos analisados registraram decréscimos: serviços prestados às famílias (-43,8%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-14,0%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-8,5%) e serviços de informação e comunicação (-4,0%). Já para o segmento de atividades turísticas houve retração de 44,5% na mesma base de comparação.
Na análise do acumulado do ano (janeiro-agosto), apenas um dos cinco segmentos analisados registrou variação positiva: a categoria outros serviços (5,2%). Em sentido oposto, os setores restantes apresentaram variações negativas no período: serviços prestados às famílias (-38,9%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-11,6%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-8,9%) e serviços de informação e comunicação (-2,7%). Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação negativa de 38,8%.
Na análise por unidade federativa, no mês de agosto de 2020 frente ao mesmo mês do ano anterior, Rondônia apresentou estabilidade. As 26 unidades federativas restantes apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Alagoas (-23,4%), Bahia (-23,4%), Rio Grande do Norte (-22,9%), Sergipe (-20,8%), Ceará (-17,6%), Roraima (-17,5%), Pernambuco (-16,4%), Rio Grande do Sul (15,1%) e Paraná (-14,1%).
Por fim, na análise por unidade federativa no mês de agosto para o acumulado no ano em 2020, Rondônia apresentou expansão de 3,5%. Por outro lado, as 26 unidades federativas restantes apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Alagoas (-19,6%), Bahia (18,6%), Piauí (17,8%), Rio Grande do Norte (-17,5%), Ceará (-15,5%), Sergipe (-15,3%), Rio Grande do Sul (-14,5%) e Roraima (-13,4%).