Análise IEDI
Ainda sob efeito da pandemia
Em nov/20, mesmo sem ter suas atividades normalizadas devido ao surto de Covid-19 que ainda aflige o país, o setor de serviços registrou mais um mês de recuperação. Seu faturamento real aumentou +2,6% frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais. Foi o sexto mês seguido de avanço.
O ritmo de crescimento não só foi superior ao de set/20 e out/20, como novembro também contou com variações positivas em todos os cinco segmentos de serviços identificados pelo IBGE. A alta mais forte veio dos serviços prestados às famílias, de +8,2% com ajuste sazonal, revertendo a tendência de desaceleração dos meses anteriores. Em seguida vieram serviços profissionais e de transporte, como mostram as variações a seguir.
• Serviços – total: +2,2% em set/20; +1,8% em out/20 e +2,6% em nov/20;
• Serviços prestados à famílias: +10,0%; +5,0% e +8,2%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +2,1%; +2,0% e +0,5%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -0,3%; +1,0% e +2,5%;
• Serviços de transportes e correios: +1,6%; +2,0% e +2,4%;
• Outros serviços: +5,7%; -3,9% e +0,5%, respectivamente.
Muito desse resultado positivo pode estar associado à proximidade das festas de final de ano e férias. Tanto é que o agrupamento especial de atividades turísticas também se saiu bem e cresceu +7,6% ante out/20. O risco é que o aumento do número de casos de Covid-19 em muitas regiões do país venha a retrair a demanda e exigir novas suspensões das atividades nos próximos seguintes.
De todo modo, a distância em relação ao nível de faturamento anterior ao choque da pandemia em mar-abr/20 tem se reduzido. Em nov/20, o setor como um todo estava apenas 3,2% abaixo do patamar de fev/20, mas havia quem estivesse muito mais longe, como serviços prestados às famílias (25,5% abaixo), serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,7%) e transportes e correios (-5,1%).
Isto é, os três ramos com melhores resultados na passagem de out/20 para nov/20 coincidem com os que mais distantes estão do pré-pandemia, indicando que bases de comparação muito deprimidas continuam ajudando a obtenção de taxas de crescimento mais expressivas nesta fração do setor.
Em 2021, o fim dos programas emergenciais pode desacelerar a recuperação do PIB e comprometer o resultados destes segmentos dos serviços que têm crescido mais fortemente. Como os serviços pessoais, os administrativos e complementares, que envolvem as atividades de menor qualificação terceirizadas pelas empresas, e os transportes são bastante empregadores, se isso vier a acontecer, pode agravar o quadro do desemprego no país.
É importante a recuperação tenha continuidade porque, nos serviços, poucos são os ramos que já estão entrando em uma fase de dinamismo mais consistente. Ou seja, que já superaram o tombo de mar-abr/20 e que apresentam desempenho recente positivo. É o caso de apenas três grupos de atividade e, em menor medida, de um quarto grupo. Sinal de que os serviços ainda estão sob efeito da pandemia.
São eles: os serviços técnico profissionais, que compreendem serviços de maior qualificação demandados pelas empresas e que tendem a ser melhor adaptados ao home office, com alta de +2,5% em nov/20 e 4,9% acima do patamar de fev/20; serviços de armazenagem e correios, beneficiados pelos resultados da agricultura e das compras online, com +1,6% em nov/20 e 4,7% acima de fev/20; e outros serviços, que é um segmento que reúne um conjunto diversificado de atividades, com variação de +0,5% em nov/20 e 1,6% acima de fev/20.
Os serviços de tecnologia da informação, essenciais em tempos de isolamento social e teletrabalho, também já superaram em muito o patamar pré-crise: 11% acima de fev/20, mas apresentaram certa acomodação na passagem de out/20 para nov/20, quando ficaram virtualmente estáveis, com variação de -0,2%, já descontados os efeitos sazonais.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou expansão de 2,6% em novembro de 2020 frente a outubro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior (novembro/2019) aferiu-se redução de 6,8%. No acumulado em 12 meses registrou-se decréscimo de 7,4% e no acumulado do ano (janeiro-novembro) houve variação negativa de 8,3%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, os cinco segmentos analisados apresentaram variações positivas: serviços prestados às famílias (8,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (2,5%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (2,4%), serviços de informação e comunicação (0,5%) e outros serviços (0,5%). Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se variação positiva de 7,6% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com novembro de 2019, dois dos cinco segmentos analisados apresentaram variação positiva: outros serviços (7,3%) e serviços de informação e comunicação (1,0%). Os três segmentos analisados restantes registraram decréscimos na mesma base de comparação (mesmo mês do ano anterior): serviços prestados às famílias (-26,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-10,7%) e transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-3,7%). Já para o segmento de atividades turísticas houve retração de 29,6% frente a novembro de 2019.
Na análise do acumulado do ano (janeiro-novembro), um dos cinco segmentos analisados registrou variação positiva: a categoria outros serviços (6,5%). Por sua vez, os demais setores apresentaram variações negativas no período: serviços prestados às famílias (-36,6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-11,8%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-8,1%) e serviços de informação e comunicação (-2,0%). Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação negativa de 37,4%.
Na análise por unidade federativa, no mês de novembro de 2020 frente ao mesmo mês do ano anterior (novembro/2019), cinco dos 27 estados apresentaram variações positivas: Pará (4,8%), Santa Catarina (4,6%), Amazonas (3,9%), Acre (1,4%) e Mato Grosso do Sul (0,5%). Por outro lado, as 22 unidades federativas restantes apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Distrito Federal (18,6%), Rondônia (-17,9%), Sergipe (-15,1%), Piauí (-12,2%), Ceará (-10,4%), Rio Grande do Norte (-10,4%), Paraná (-8,6%) e Paraíba (-8,1%).
Por fim, na análise por unidade federativa considerando-se o acumulado no ano, todas as 27 unidades federativas apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Alagoas (-17,7%), Bahia (16,0%), Rio Grande do Norte (-16,0%), Sergipe (-15,6%), Piauí (15,5%), Ceará (-14,4%) e Rio Grande do Sul (-13,1%).