Análise IEDI
O primeiro avanço industrial do ano
Na passagem de abril para maio deste ano, a produção industrial voltou a se expandir, algo que ainda não havia ocorrido em 2021, já que o melhor que se obteve foi uma virtual estabilidade em jan/21. A alta foi de +1,4%, já descontados os efeitos sazonais, suficiente apenas para recompor parte do retrocesso anterior.
Assim, o nível de produção de mai/21 permaneceu 3,1% abaixo daquele de dez/20 e ficou exatamente no mesmo patamar de fev/20, isto é, do pré-pandemia de Covid-19. Ou seja, por ora, 2021 em nada contribuiu para a recuperação industrial.
O crescimento de mai/21 foi puxado por pouco mais da metade dos 26 ramos acompanhados pelo IBGE. Ao todo, 15 deles tiveram aumento de produção frente a abr/21, com destaque para aqueles que permanecem em um patamar muito distante do pré-pandemia, como vestuário e calçados, indústria extrativa, metalurgia e derivados de petróleo, com influência positiva da retomada da economia mundial, além de alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos.
Com a reedição do auxílio emergencial e com o avanço da vacinação no Brasil e em outras partes do mundo, o que vem reaquecendo o comércio global, a alta de mai/21 sinaliza para um retorno mais difundido do crescimento industrial. O ano de 2021 para a indústria pode estar começando só agora. Mas que fique claro que há riscos novos também, como a crise hídrica, cujo efeito na inflação tende a corroer o poder de compra da população e aumentar os custos de produção.
Entre os macrossetores industriais, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir, metade conseguiu crescer, mas a outra metade permaneceu no vermelho, apontando para a parcialidade da reação de mai/21.
• Indústria geral: -2,3% em mar/21; -1,5% em abr/21 e +1,4% em mai/21;
• Bens de capital: -7,0%; +3,0% e +1,3%, respectivamente;
• Bens intermediários: 0%; -1,1% e -0,6%;
• Bens de consumo duráveis: -5,6%; -1,7% e -2,4%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: -10,3%; -0,9% e +3,6%, respectivamente.
Chama atenção a sequência de recuos que bens de consumo duráveis vêm apresentando. Não há um mês sequer de crescimento desde nov/20 na série com ajuste. Isto é, não há recuperação para esta parcela da indústria desde final do ano passado. Com isso, seu nível de produção de mai/21 encontra-se 16% abaixo de dez/20 e 14,5% abaixo do pré-pandemia. Sinal positivo ocorre apenas em comparação com o mesmo período do ano anterior, dada a base muito deprimida de comparação (+149,4% ante mai/20).
Outro macrossetor com dificuldades é o de bens intermediários, que em 2021 ou perdeu produção ou ficou estagnado. Agora em mai/21 registrou -0,6%, ficando 2,2% aquém do nível de dez/20. Os dados mostram que este comportamento tem sido muito distinto do de mai-set/20, um período de retomada persistente mês após mês, que levou o setor a superar o pré-pandemia.
Já bens de consumo semi e não duráveis foi quem registrou a maior taxa de crescimento na passagem de abr/21 pra mai/21, já corrigidos os efeitos sazonais: +3,6%, sob influência de alimentos, bebidas, vestuário e calçados. Isso, porém, ocorre após três meses seguidos de declínio, que explicam porque sua produção encontra-se 6,5% abaixo de dez/20 e 6,3% abaixo do pré-pandemia.
A trajetória mais consistente tem sido a de bens de capital, que cresceram +1,3% frente a abr/21 e estão em um nível de produção 14,1% acima do pré-pandemia. Também é o macrossetor com a menor defasagem em relação a dez/20 (-1,1%) e tem recebido impulso sobretudo de bens de capital para agricultura, transporte e construção. Vale observar que máquinas e equipamentos é o setor industrial que melhor se encontra em relação ao pré-pandemia: +18,4% frente fev/20.
A partir dos dados da Pesquisa Industrial Mensal para o mês de maio de 2021 divulgados hoje pelo IBGE, a produção industrial nacional registrou expansão de 1,4% frente ao mês de abril, na série livre de influências sazonais. Para o acumulado em doze meses registrou-se acréscimo de 4,9% e considerando o acumulado do ano houve crescimento de 13,1%. Em comparação ao mesmo mês do ano anterior (maio de 2020), aferiu-se incremento de 24,0%.
Categorias de uso. Na comparação com o mês anterior (abril/2021), segundo dados sem influência sazonal, três dos cinco segmentos analisados apresentaram expansões: bens semiduráveis e não duráveis (3,6%), bens de consumo (1,5%) e bens de capital (1,3%). De outro lado, apresentaram retrações os dois segmentos restantes: bens duráveis (-2,4%) e bens intermediários (-0,6%).
No resultado observado na comparação com o mesmo mês do ano anterior (maio/2020), os cinco segmentos analisados apresentaram acréscimos: bens de consumo duráveis (149,4%), bens de capital (76,7%), bens de consumo (27,0%), bens intermediários (18,1%) e bens semiduráveis e não duráveis (13,2%).
Para o índice acumulado nos últimos doze meses, registaram-se acréscimos em todos os segmentos analisados: bens de capital (14,1%), bens duráveis (6,3%), bens intermediários (5,8%), bens de consumo (1,8%) e bens semiduráveis e não duráveis (0,7%). Por fim, considerando o acumulado do ano (janeiro-maio), todos os segmentos apresentaram variações positivas, na seguinte ordem: bens de capital (43,7%), bens duráveis (37,5%), bens de consumo (11,7%), bens intermediários (10,9%) e bens semiduráveis e não duráveis (6,3%).
Setores. Na comparação com maio de 2020, houve variação positiva no nível de produção em 22 dos 26 ramos pesquisados. As maiores variações positivas foram percebidas nos seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (216,0%), outros equipamentos de transporte (192,2%), produtos diversos (107,1%), confecção de artigos de vestuário e acessórios (97,6%), produtos têxteis (70,2%), máquinas e equipamentos (64,9%) 4, couro, artigos de viagem e calçados (56,2%). Por sua vez, as maiores variações negativas ficaram por conta dos seguintes setores: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustível (-5,9%), produtos alimentícios (-4,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-2,6%), e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-2,2%).
Por fim, na comparação do acumulado do ano de 2021 (janeiro-maio), frente igual período do ano anterior, a produção industrial apresentou variação positiva em 21 dos 26 ramos analisados, sendo os maiores: veículos automotores, reboques e carrocerias (52,9%), máquinas e equipamentos (39,4%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (36,6%), produtos têxteis (36,3%), produtos de minerais não-metálicos (32,6%), produtos diversos (30,8%), outros equipamentos de transporte (29,7%) e móveis (29,4%). Em sentido oposto, os setores que apresentaram as maiores variações negativas foram: produtos alimentícios (-5,2%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-5,2%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-3,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,0%), coque, produtos derivados do petróleo e bicombustíveis (-1,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-1,5%).