Análise IEDI
Reativação industrial no Sudeste
Em mai/21, a indústria apresentou expansão da produção pela primeira vez depois de uma série de resultados negativos nos meses anteriores. A alta de +1,4% frente a abr/21, já descontados os efeitos sazonais, veio acompanhada de crescimento na maioria dos parques regionais do setor, segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE.
Das 15 localidades acompanhadas, 11 apontaram aumento de produção, o equivalente a 73% do total. A maioria destes parques no azul contaram com a ajuda de bases baixas de comparação: 7 deles tiveram perda em abr/21 e em alguns casos também nos meses anteriores. Entre os maiores centros industriais, foram os casos, por exemplo, de São Paulo e, em menor medida, do Rio Grande do Sul.
Como mostram as variações a seguir, os estados do Sudeste puxaram o dinamismo industrial na passagem de abr/21 para mai/21, ficando entre as maiores altas na série com ajuste sazonal. O sinal de reativação da indústria desta região é a novidade destes últimos dados, especialmente para São Paulo, que não registrava uma alta mais robusta desde set/20.
• Brasil: -2,3% em mar/21; -1,5% em abr/21 e +1,4% em mai/21;
• São Paulo: +0,5%; -4,8% e +3,9%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: -4,5%; +1,6% e +4,3%;
• Minas Gerais: +1,9%; -0,7% e +4,6%;
• Nordeste: -4,3%; -11,2% e -2,8%;
• Rio Grande do Sul: -6,9%; -0,1% e +0,3%;
• Santa Catarina: -1,6%; -2,0% e +0,1%, respectivamente.
Este é um desempenho muito bem-vindo, pois, embora as indústrias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já tenham superado o nível de produção pré-pandemia (fev/20), a entrada de 2021 vinha comprometendo os ganhos de São Paulo, cuja produção em mai/21 continuou 1% abaixo daquela registrada em dez/20.
Se, recentemente, o Sudeste mostrou vitalidade, o mesmo não pode ser dito das regiões Nordeste e Sul do país. Nestes casos, não há novidade nos resultados, que há algum tempo são adversos. A pior situação é a da indústria nordestina como um todo, que não registra uma variação positiva na série com ajuste sazonal desde nov/20.
Em comparação com abr/21 a indústria do Nordeste caiu -2,8% e passou a se encontrar nada menos do que 23,5% abaixo do nível pré-pandemia. Neste caso, a redução do valor do auxílio emergencial pago às famílias pode estar pesando na evolução do setor atualmente, dado o ganho de renda adicional que as mensalidades de R$ 600 em 2020 significavam para a população da região.
Já os estados do Sul do país, que vinham com seguidos resultados negativos, saíram do vermelho em alguns casos, mas nem por isso voltaram a crescer. As variações de +0,1% em Santa Catarina e de +0,3% no Rio Grande do Sul, agora em mai/21, sugerem mais um quadro de estabilidade. Paraná, por sua vez, caiu -1,4% também frente a abr/21,já descontados os efeitos sazonais.
Deste modo, nos três casos acima 2021 ainda não se firmou como um ano de retomada. Os níveis de produção de mai/21 ficaram 6,4% abaixo daquele de dez/20 para a indústria gaúcha, 4,1% abaixo em Santa Catariana e 3,5% abaixo no Paraná. Assim, se todos estes parques já superaram os níveis pré-pandemia foi graças à reação registrada na segunda metade do ano passado.
Por fim, vale notar que Mato Grosso (+3,4%) e Goiás (+4,8%), cujas indústrias estão mais associadas às atividades agropecuárias, também se saíram bem em mai/21. Já no Norte do país, a indústria do Amazonas cresceu pouco (apenas +0,5%) e a do Pará caiu -2,1%.
Na passagem de abril para maio de 2021, a produção industrial brasileira registrou expansão de 1,4%, a partir dos dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisados, 11 registraram acréscimos, sendo os maiores: Goiás (4,8%), Minas Gerais (4,6%), Ceará (4,4%), Rio de Janeiro (4,3%), São Paulo (3,9%) e Mato Grosso (3,4%). Por outro lado, os quatro locais restantes apresentaram variações negativas: Região Nordeste (-2,8%), Bahia (-2,1%%), Pará (2,1%) e Paraná (-1,4%).
Analisando em relação a maio de 2020, registrou-se variação positiva de 24,0% na produção da indústria nacional. Entre os 15 locais pesquisados, 12 registraram variações positivas, sendo as maiores: Amazonas (98,2%), Ceará (81,1%), Santa Catarina (38,7%), Espírito Santo (37,9%), Minas Gerais (32,3%) e São Paulo (31,4%). Nos três outros locais pesquisados observaram-se retrações: Bahia (-17,7%), Mato Grosso (-2,2%) e Goiás (-0,3%).
Analisando para o acumulado no ano, registrou-se acréscimo de 13,1% na produção industrial. Considerando os 15 locais pesquisados, 11 apresentaram acréscimos, sendo os maiores observados em: Amazonas (27,1%), Santa Catarina (26,7%), Ceará (25,3%), Rio Grande do Sul (22,6%), Paraná (20,0%) e São Paulo (18,4%). Por outro lado, as quatro regiões restantes apresentaram quedas, sendo elas: Bahia (-16,3%), Mato Grosso (-5,3%), Goiás (-4,2%) e Região Nordeste (-0,5%).
São Paulo. Na comparação do mês de maio com o mês de abril de 2021, a produção da indústria paulista registrou expansão de 3,9%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a maio de 2020, houve variação positiva de 31,4%, e analisando os dados acumulados no ano, registrou-se acréscimo de 18,4%. Os setores com maiores expansões no comparativo com o acumulado do ano foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (62,2%), produtos têxteis (42,0%), metalurgia (35,7%), produtos de minerais não-metálicos (34,1%) e confecção de artigos de vestuário e acessórios (33,2%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-22,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,2%), produtos alimentícios (-9,6%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal (-2,1%).
Amazonas. Na comparação de maio de 2021 com o mês de abril de 2021, a produção da indústria amazonense registrou variação positiva de 0,5% a partir de dados dessazonalizados. Em relação a maio de 2020, houve expansão de 98,2%. No acumulado do ano aferiu-se variação positiva de 27,1%. Os setores com maiores contribuições positivas no comparativo do acumulado no ano foram: produtos de borracha e de material plástico (68,3%), outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (62,7%), máquinas e equipamentos (59,3%), bebidas (34,5%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (31,6%). De outro lado, os seguintes segmentos apresentaram as maiores variações negativas: impressão e reprodução de gravações (-67,0%) e indústrias extrativas (-2,1%).
Minas Gerais. Na comparação de maio frente a abril, a produção da indústria mineira apresentou expansão de 4,6%, segundo dados dessazonalizados. Em relação a maio de 2020, houve acréscimo de 32,3%. No acumulado no ano verificou-se variação positiva de 18,1%. Os setores que registraram as maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (122,0%), máquinas e equipamentos (45,5%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (32,3%), produtos têxteis (30,4%) e bebidas (25,8%). Por fim, o maior decréscimo se deu no setor de produtos alimentícios (-1,7%).