Análise IEDI
Fase promissora
Em jul/21, o setor de serviços voltou a crescer, mais uma vez puxado pelos serviços prestados às famílias, cuja demanda, após meses de retenção, tende a reagir mais fortemente com o avanço da vacinação. Deste modo, o setor como um todo, que vinha atrasado no processo de recuperação, dá sinais de entrar em uma nova fase mais promissora.
Nesta entrada do segundo semestre, o faturamento dos serviços cresceu +1,1%, já corrigido pela inflação. É a quarta alta consecutiva, levando o setor a um patamar de faturamento 3,9% superior ao de fev/20, isto é, ao pré-pandemia.
Todos os segmentos que compõem o setor de serviços na pesquisa do IBGE apresentam, em 2021, um número majoritário de meses em alta e 80% deles já superaram o choque da Covid-19, ficando acima de fev/20. A única exceção é justamente o segmento de serviços prestados às famílias, que caminha na direção certa ao avançar com maior intensidade que os demais nos últimos meses.
Ainda assim, há quem recentemente venha oscilando, como os serviços de informação e comunicação, que registraram recuo na passagem de jun/21 para jul/21, bem como o segmento de outros serviços, que reúne um conjunto amplo e diversificado de atividades.
• Serviços – total: +1,9% em mai/21; +1,8% em jun/21 e +1,1% em jul/21;
• Serviços prestados às famílias: +11,9%; +6,4% e +3,8%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -0,5%; +2,6% e -0,4%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +2,1%; +1,5% e +0,6%;
• Transportes, armazenagem e correio: +4,2%; +1,6% e -0,2%;
• Outros serviços: +1,0%; +2,4% e -0,5%, respectivamente.
O segmento de serviços de transporte, armazenagem e correio, como mostram as variações com ajuste sazonal acima, também perderam faturamento em jul/21 (-0,2%), mas ficaram muito próximos da estabilidade. Tivesse a produção industrial em um momento positivo, estes serviços teriam se saído melhor, dada a mobilização logística que a indústria promove para produzir.
Entre os segmentos no positivo, estão os serviços profissionais, administrativos e complementares, que registraram +0,6% ante jun/21, sob influência do seu componente de serviços técnico-profissionais, cujo faturamento real avançou +4,4%. Este foi o melhor resultado para este componente, que reúne atividades de maior qualificação e especialização, desde jul/20.
Seu outro componente, o de serviços administrativos e complementares, que compreendem aquelas atividades de menor qualificação terceirizadas pelas empresas, não conseguiu crescer, variando -0,6% na série com ajuste sazonal. É o único componente destes serviços corporativos que permanece aquém do nível pré-pandemia, refletindo, entre outros fatores, à extensão que assumiu o teletrabalho. Esta defasagem contribuiu para o elevado desemprego no país.
Por fim, como mencionado anteriormente, quem melhor se saiu foi o segmento de serviços prestados às famílias ao registrar alta de +3,8%. A maior influência positiva veio de seu componente alojamento e alimentação (+4,4%), em função da flexibilização das restrições impostas pela pandemia e da vacinação, que vem viabilizando a normalização da sociabilidade. Outros serviços pessoais, embora menos, também cresceram em jul/21 (+0,9%).
Com a sequência recente de resultados positivos, a diferença do nível de faturamento dos serviços prestados às famílias em relação ao pré-pandemia recuou de -44,5% no final do 1º trim/21 para -23,2% em jul/21. Apesar disso, ainda é a parcela do setor de serviços que mais tem o que recuperar, mais inclusive do que o transporte aéreo (15,2% abaixo de fev/20) também muito prejudicado pela crise da Covid-19.
Conforme os dados para o mês de julho de 2021 da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou expansão de 1,1% frente a junho na série com ajuste sazonal. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior (julho/2020) aferiu-se incremento de 17,8%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 2,9% e para o acumulado no ano (jan-jul) houve variação positiva de 10,7%.
Na comparação do mês de julho de 2021 com o mês imediatamente anterior (junho/2021) na série dessazonalizada, dois dos cinco segmentos analisados apresentaram incremento: serviços prestados às famílias (3,8%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,6%). Por outro lado, os três segmentos restantes apresentaram variação negativa: outros serviços (-0,5%), transportes, serviços de informação e comunicação (-0,4%) e serviços auxiliares dos transportes e correio (-0,2%). Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se expansão de 0,5% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com julho de 2020, todos os segmentos apresentaram expansão do volume de serviços: serviços prestados às famílias (76,3%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (21,0%), serviços profissionais, administrativos e complementares (14,1%), serviços de informação e comunicação (11,3%) e outros serviços (10,8%). Já no segmento de atividades turísticas houve expansão de 83,0% na mesma base de comparação.
Na análise do acumulado no ano (janeiro-julho), todos os segmentos analisados apresentaram expansão: transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (15,7%), serviços prestados às famílias (10,9%), outros serviços (9,7%), serviços de informação e comunicação (8,9%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (6,7%). Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação positiva de 13,1%.
Na análise por unidade federativa, no mês de julho de 2021 frente ao mesmo mês do ano anterior (julho/2020), aferiu-se que 26 das 27 unidades federativas apresentaram incremento do volume de serviços, sendo os maiores: Alagoas (40,7%), Acre (35,3%), Roraima (33,1%), Rio Grande do Norte (29,6%), Bahia (28,7%), Pernambuco (25,8%), Minas Gerais (25,4%) e Ceará (22,9%). Apenas o estado de Rondônia (-0,9%) apresentou variação negativa na mesma base de comparação.
Por fim, no acumulado no ano em 2021, os 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Roraima (21,7%), Acre (19,4%), Tocantins (18,0%), Santa Catarina (17,1%), Pará (16,8%), Minas Gerais (16,3%) e Mato Grosso do Sul (14,7%).