Análise IEDI
O desafio no emprego
Na entrada da segunda metade de 2021, segundo os dados da Pnad/IBGE de hoje, o número total de ocupados cresceu, embora a taxa de desemprego tenha seguido tão elevada quanto em 2020. Isso porque, como era esperado, com o avanço da vacinação e a normalização da atividade econômica, mais pessoas voltaram a buscar uma colocação no mercado de trabalho. O desafio é obter crescimento econômico robusto o suficiente para absorver estas pessoas.
No trimestre móvel findo em jul/21, a ocupação total aumentou +8,6% em relação ao mesmo período do ano passado, equivalente a um adicional de 7 milhões de pessoas. Embora positiva, a criação de vagas foi insuficiente para incorporar todo o acréscimo de pessoas na força de trabalho (+7,9 milhões ou +8,4% ante mai-jul/20) à medida que o desalento (-7,3%) perdeu força. Como resultado, o contingente de desempregados manteve-se em alta.
O IBGE mostra que aqueles que buscaram, mas não encontraram uma ocupação somaram 14,1 milhões de pessoas, isto é, 955 mil a mais do que no trimestre findo em jul/20. Em termos percentuais a alta foi de +7,3%. Este movimento manteve a taxa de desemprego em níveis ainda elevadíssimos: 13,7%, praticamente a mesma de mai-jul/20 (13,8%), embora inferior à do início de 2021 (14,7% em jan-mar/21).
A boa notícia, mesmo que as bases baixas de comparação ajudem, é que todos os setores econômicos acompanhados pela Pnad registraram avanço em relação a mai-jul/20. A liderança coube a construção e comércio, mas como mostra o número adicional de ocupados em cada setor, frente a um ano atrás, o quadro progride favoravelmente para todos.
• Ocupação total: -8,1 milhões em nov/20-jan/21; -3,3 milhões em fev-abr/21; +7,0 milhões em mai-jul/21;
• Ocupação na construção: -693 mil; +95 mil e +1,3 milhão, respectivamente;
• Ocup. no comércio: -1,9 milhão; -1,1 milhão e +1,2 milhão;
• Ocup. na agropecuária: +257 mil; +532 mil e +924 mil;
• Ocup. em info, com, financeiros, imobiliários etc.: -164 mil; +333 mil e +865 mil;
• Ocup. na indústria: -1,2 milhão; -497 mil e +718 mil;
• Ocup. em alojamento e alimentação: -1,6 milhão; -871 mil e +638 mil;
Juntos, construção e comércio, que são atividades muito intensivas em mão de obra, responderam por 35% do aumento do número de ocupados em mai-jul/21 ante mai-jul/20, com 2,5 milhões de pessoas a mais com emprego. Em ambos, a reação recente foi forte, já que na virada do ano sua ocupação somada havia sido reduzida em 2,6 milhões de pessoas.
O emprego em outros setores também passou por uma reviravolta importante. Foi o caso da indústria, que na entrada do ano perdia 1,2 milhão de ocupados e em mai-jul/21 ampliou seu contingente de funcionários em +718 mil. Outros exemplos são os serviços de alojamento e alimentação e os serviços domésticos.
Também contribuíram bastante para o recente aumento da ocupação o setor agropecuário e os serviços de informação, comunicação, financeiros, imobiliários e profissionais, com alta de +924 mil e +865 mil pessoas empregadas em mai-jul/21 ante o mesmo período do ano passado, respectivamente. Nestes casos, porém, os efeitos negativos da pandemia sobre a ocupação foram mais restritos e já no início de 2021 estavam em situação melhor que os demais setores.
Conforme dados da PNAD Contínua Mensal divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrada foi de 13,7% no trimestre compreendido entre maio e julho de 2021. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, fevereiro a abril de 2021, houve retração de 0,6 p.p., e para o mesmo trimestre do ano passado houve variação negativa de 0,1 p.p., quando registrou 13,8%.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos registrou R$2.508,00, apresentando variação negativa de 2,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior (fev-mar-abr). Já frente ao mesmo trimestre de referência do ano passado houve declínio de 8,8%.
A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos atingiu R$ 218,0 bilhões no trimestre que se encerrou em julho, registrando variação positiva de 0,6% frente ao trimestre imediatamente anterior (fev-mar-abr) e variação negativa de 1,0% em comparação ao mesmo trimestre do ano passado (R$ 220,2 bilhões).
Para o trimestre de referência, a população ocupada registrou 89,0 milhões de pessoas, apresentando variação positiva de 3,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior (fev-mar-abr) e incremento de 8,6% frente ao mesmo trimestre do ano passado (82,0 milhões de pessoas ocupadas).
Em comparação com o trimestre imediatamente anterior, o número de desocupados aferiu retração de 1,0%, com 13,7 milhões de pessoas. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior observou-se variação negativa de 0,1%. Em relação a força de trabalho, computou-se neste trimestre 103,1 milhões de pessoas, representando crescimento de 2,4% frente ao trimestre imediatamente anterior e variação positiva de 8,4% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (95,2 milhões de pessoas).
Com análise referente ao mesmo trimestre do ano anterior, os 10 agrupamentos analisados apresentaram variações positivas: Construção (23,8%), Alojamento e alimentação (16,8%), Serviços domésticos (16,5%), Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (11,5%), Transporte, armazenagem e correios (9,1%), Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (8,7%), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (7,9%), Indústria geral (6,8%), Outros serviços (4,6%) e Administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (0,1%).
Por fim, analisando a população ocupada por posição na ocupação frente ao mesmo trimestre do ano anterior, houve acréscimo em 5 das 7 categorias analisadas: trabalho privado sem carteira (19,0%), trabalhador por conta própria (17,6%), trabalho doméstico (16,1%), trabalho familiar auxiliar (7,2%) e trabalho privado com carteira (4,2%). Em sentido oposto, as 2 categorias restantes apresentaram retração: empregador (-4,9%) e setor público (-2,7%).