Análise IEDI
Forte alta da massa de rendimentos
Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desemprego do país ficou em 8,4% no trimestre móvel findo em jan/23. Trata-se da menor marca desde igual período de 2015, indicando a manutenção do processo de melhora gradual do mercado de trabalho. Em relação ao trimestre findo em jan/22, a taxa de desemprego recuou -2,8 pontos percentuais.
Embora a população sem emprego ainda some 9 milhões de pessoas, em relação ao mesmo período do ano passado foram ocupados 3,2 milhões a mais de indivíduos, o equivalente a uma alta de +3,4% do número de ocupados entre os trimestres findos em jan/22 e jan/23.
Este é um crescimento que vem perdendo força, mas que dá sinais de melhora qualitativa. É o caso da evolução do emprego com carteira assinada, que conta com remunerações maiores e mais estáveis, permitindo um melhor acesso dos indivíduos ao mercado de crédito.
Desde fev/22, o número de ocupados com carteira assinada vem crescendo a um ritmo superior ao total de ocupados e, agora no trimestre findo em jan/23, registrou um dinamismo quase duas vezes mais intenso: +6,5% frente ao mesmo período do ano passado ante os +3,4% do agregado da ocupação, como visto anteriormente.
Em jan/23, o trabalho com carteira assinada também cresceu mais intensamente do que aquele sem carteira assinada, como mostram as variações interanuais a seguir. Isso era algo que não acontecia desde a retomada do emprego após a crise da Covid-19.
• Ocupação total: +8,8% em mai-jul/22, +6,1% em ago-out/22 e +3,4% em nov/22-jan/23;
• Trabalho com carteira assinada: +10,0%; +8,1% e +6,5%, respectivamente;
• Trabalho sem carteira assinada: +19,8%; +11,8% e +5,9%;
• Trabalho doméstico: +14,1%; +6,7% e +4,7%;
• Trabalho por conta própria: +3,5%; -0,9% e -1,1%, respectivamente.
Outros tipos de ocupação, geralmente informais ou de menor renda, também estão se desacelerando e passaram a apresentar uma performance bem aquém do emprego com carteira assinada. É o caso do trabalho doméstico, mas sobretudo do conta própria, que inclui os chamados “bicos”.
Efeito disso é que, embora alta, a taxa de informalidade vem se reduzindo e o rendimento médio aumentando. O IBGE calcula que a taxa de informalidade tenha atingido 39,0% em jan/23, um nível que está mais próximo daquele existente em 2016-2017.
Quanto ao rendimento, há avanços não apenas do ponto de vista real, de +7,7% ante jan/22, decorrente da desaceleração da inflação, mas também em termos nominais (+13,9%), sob influência da melhora do perfil do emprego.
Com o número de ocupados em expansão, puxado por empregos de melhor qualidade, rendimento em alta e inflação mais baixa, a massa de rendimentos reais, que funciona como a base do consumo das famílias, tem crescido a taxas de dois dígitos: +11,9% ante o trimestre findo em jan/22.
O valor da massa de rendimentos reais, que foi de R$ 275,1 bilhões em jan/23, oscila em torno do patamar mais elevado da série histórica do IBGE desde o final do ano passado. É uma boa notícia para o mercado interno, mas seria melhor se as famílias também não estivessem muito endividadas e comprometendo boa parte de seus rendimentos com o pagamento de juros, como discutido no Destaque IEDI de 28/02/23.
Conforme dados da PNAD Contínua Mensal divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrou 8,4% no trimestre compreendido entre novembro de 2022 e janeiro de 2023. Em relação ao trimestre imediatamente anterior (ago-set-out/2022), houve crescimento de 0,1 p.p., e para o mesmo trimestre do ano anterior houve variação negativa de 2,9 p.p., quando registrou 11,2%.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos registrou R$ 2.835, apresentando variação de 1,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior (ago-set-out/2022), já frente ao mesmo trimestre de referência do ano anterior houve aumento de 7,7%.
A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos atingiu R$ 275,1 bilhões no trimestre que se encerrou em janeiro/2023, registrando crescimento de 0,8% frente ao trimestre imediatamente anterior (ago-set-out/2023) e variação positiva de 11,9% em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior (R$ 246,0 bilhões).
Para o trimestre de referência, a população ocupada registrou 98,6 milhões de pessoas, apresentando variação negativa de 1,0% em relação ao trimestre imediatamente anterior e incremento de 3,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (95,4 milhões de pessoas ocupadas).
Em comparação ao trimestre imediatamente anterior, o número de desocupados retraiu 0,3%, com 9,0 milhões de pessoas. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, observou-se variação negativa de 25,3%. Em relação a força de trabalho, computou-se neste trimestre 107,6 milhões de pessoas, representando retração de 1,0% frente ao trimestre imediatamente anterior e variação negativa de 0,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (107,5 milhões de pessoas).
Na análise referente ao mesmo trimestre do ano anterior, dos dez agrupamentos analisados, oito registraram expansão: transporte, armazenagem e correios (9,8%), outros serviços (8,8%), administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (5,3%), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (4,8%), serviços domésticos (4,4%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,5%), alojamento e alimentação (2,7%), indústria (2,3%). Em sentido oposto, os dois agrupamentos restantes apresentaram queda: construção (-0,2%) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-4,5%).
Por fim, frente ao mesmo trimestre do ano anterior, a população ocupada por posição na ocupação aumentou em cinco das sete categorias analisadas: trabalho privado com carteira (6,5%), trabalho privado sem carteira (5,9%), trabalho doméstico (4,7%), empregador (4,6%), setor público (3,9%). Por outro lado, houve recuo nas duas categorias restantes: trabalhador por conta própria (-1,1%) e trabalho familiar auxiliar (-20,4%).