Análise IEDI
Enfraquecimento industrial difundido
Em abr/23, quando a indústria voltou a perder produção, não apenas um número maior de ramos ficou no vermelho em comparação com meses anteriores, como uma parcela majoritária dos parques industriais regionais não conseguiu crescer, segundo mostram os dados divulgados hoje pelo IBGE.
Dos quatro meses já cobertos pelas estatísticas oficiais, três foram marcados por variações negativas: -0,3% em jan/23, -0,2% em fev/23 e -0,6% em abr/23, sempre em relação ao mês anterior e descontados os efeitos sazonais. Além de mais intensa, esta última queda atingiu 67% das indústrias regionais ante uma parcela de 40% em jan-fev/23.
Os maiores recuos ficaram por conta do Amazonas (-14,2%) e de Minas Gerais (-3,0%), que eliminaram os avanços do mês anterior (+11,4% e +1,6%, respectivamente), e do Nordeste (-2,4%), sob influência das indústrias de Pernambuco (-5,5%) e Ceará (-3,7%).
São Paulo, que possui o parque industrial mais diversificado do país, também pisou no freio, mas desta vez não tão fortemente quanto o total Brasil. Sua produção variou -0,2% na série com ajuste sazonal, o suficiente para eliminar seu único resultado positivo no ano (+0,2% em mar/23).
Em relação ao quadro de 2022, porém, a indústria paulista acumula declínios persistentes e sempre mais intensos que o agregado nacional, como mostram as variações interanuais a seguir. O enfraquecimento industrial também marca as regiões Sul e Nordeste do país.
• Brasil: -2,5% em jan-abr/22 e -1,0% em jan-abr/23;
• São Paulo: -2,9% e -3,2%, respectivamente;
• Nordeste: -0,1% e -4,3%;
• Rio Grande do Sul: -0,3% e -8,7%;
• Santa Catarina: -6,2% e -4,5%;
• Paraná: -2,9% e -0,4%, respectivamente.
Em abr/23, a indústria de São Paulo registrou -3,6% frente a abr/22, acumulando queda de -3,2% no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, isto é, o triplo da intensidade do recuo da indústria nacional (-1,0%).
Na indústria paulista, os ramos de equipamentos eletrônicos e de informática (-33,2%), máquinas e equipamentos (-10,4%), minerais não metálicos (-12,5%), extrativa (-12,6%) e metalurgia (-9,7%) tiveram os piores resultados em jan-abr/23.
No Sul do país, a indústria gaúcha é quem acumula a queda mais intensa: -8,7% em jan-abr/23, sob influência de veículos, metalurgia e produtos de metal, assim como de químicos e de derivados de petróleo e biocombustíveis.
Em Santa Catarina, a queda de -4,5% em jan-abr/23, esteve associada sobretudo a vestuário, produtos de madeira, metalurgia, minerais não metálicos e produtos de metal. E no Paraná, cuja produção industrial registrou -0,4% em jan-abr/23, com piora no último mês (-0,9% ante abr/22), quedas intensas foram registradas em químicos, máquinas e aparelhos elétricos e produtos de madeira.
Já no Nordeste (-4,3%) como um todo, o resultado adverso deveu-se muito a Ceará (-4,7%), Pernambuco (-4,1%) e Bahia (-3,7%), em função de recuos acentuados em atividades como extrativa, químicos, minerais não metálicos, têxteis, produtos de metal e máquinas e aparelhos elétricos.
Em abril de 2023, quando a produção industrial nacional registrou queda de 0,6% frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, cinco dos quinze locais pesquisados (como Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul ainda não têm série histórica longa o suficiente, não há ajuste sazonal para estes estados) apresentaram taxas positivas, sendo os maiores: Rio Grande do Sul (2,2%), Santa Catarina (1,1%), Bahia (1,1%) e Pará (0,3%). Em sentido oposto, Amazonas (-14,2%), Pernambuco (-5,5%), Ceará (-3,7%) e Minas Gerais (-3,0%), apontaram os recuos mais elevados no período.
Analisando em relação a abril de 2022, registrou-se redução de 2,7% da indústria nacional. Entre os dezoito locais pesquisados, seis registraram expansão da produção: Rio Grande do Norte (14,5%), Mato Grosso (11,0%), Pará (5,1%) e Minas Gerais (2,2%). Os doze locais pesquisados restantes registraram queda, sendo as maiores: Maranhão (-16,4%), Ceará (-7,8%), Rio Grande do Sul (-7,2%) e Pernambuco (-6,7%).
Analisando o acumulado no ano (janeiro-abril), houve variação de -1,0%, com aumento em seis locais, sendo os maiores: Amazonas (11,2%), Minas Gerais (6,5%), Rio de Janeiro (3,4%) e Maranhão (1,7%). Já os locais com maiores quedas foram: Rio Grande do Sul (-8,7%), Ceará (-4,7%), Santa Catarina (-4,5%) e Nordeste (-4,3%).
Por fim, analisando o acumulado nos últimos 12 meses, registrou-se diminuição de 0,2% na produção industrial brasileira. Dos quinze locais pesquisados (novamente, Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul não têm dados suficientes ainda para essa análise), cinco apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Mato Grosso (9,9%), Amazonas (7,6%), Rio de Janeiro (3,5%) e Minas Gerais (1,3%). Por outro lado, os nove locais restantes apresentaram queda, sendo as maiores observadas em: Espírito Santo (-9,7%), Pará (-6,1%) e Pernambuco (-4,9%) e Ceará (-4,4%).
São Paulo. Na comparação do mês de abril de 2023 com o mês de março, a produção da indústria paulista registrou queda de 0,2% a partir de dados dessazonalizados. Frente a abril de 2022, houve variação negativa de 3,6%, e analisando o acumulado no ano, registrou-se variação de -3,2%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (24,1%), produtos têxteis (14,5%) e outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (12,0%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-33,2%), produtos de minerais não metálicos (-12,5%) e máquinas e equipamentos (-10,4%).
Rio Grande do Sul. Em abril de 2023 frente a março, a produção da indústria gaúcha apresentou aumento de 2,2% na série com ajuste sazonal. Em relação a abril de 2022, houve queda de 7,2%. No acumulado no ano verificou-se variação de -8,7%. Os setores que registraram maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: bebidas (14,2%), produtos de minerais não metálicos (2,6%) e móveis (0,4%). Em sentido oposto, os setores que apresentaram retrações foram: coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-28,6%), metalurgia (-18,9%) e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-13,6%).
Pernambuco. A partir de dados dessazonalizados, no mês abril de 2023 a produção da indústria pernambucana apresentou redução de 5,5% frente ao mês de março. Em relação a abril de 2022, houve variação negativa de 6,7%. No acumulado no ano registrou-se variação de -4,1%. Os setores com maiores contribuições positivas no comparativo do acumulado no ano foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (187,1%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (15,3%) e produtos de borracha e de material plástico (4,3%). Por fim, as seções com maiores decréscimos nessa base de comparação foram: produtos de minerais não metálicos (-47,3%), produtos químicos (-17,8%) e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-15,1%).