Análise IEDI
No positivo, mas em acomodação
Após declínio de -1,5% no mês de abril, o faturamento real do setor de serviços recobrou parte do terreno perdido e se expandiu +0,9% em mai/23, já descontados os efeitos sazonais, com apenas um de seus ramos no vermelho. A trajetória segue sendo de acomodação, mas majoritariamente positiva.
Entre os cinco ramos acompanhados pelo IBGE apenas os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,0%) registraram recuo na passagem de abr/23 para mai/23, condicionados pelo seu segmento de serviços técnico-profissionais (-8,5%), geralmente aqueles de maior qualificação contratados pelas empresas.
Os demais ramos, totalizando 80% do setor, ampliaram seu faturamento na série com ajuste sazonal. A liderança coube a transportes, armazenagem e correios (+2,2% ante abr/23), com alta expressiva no segmento aéreo (+10,1%), mas com expansão também em transportes terrestres (+1,8%), suficiente para compensar apenas parcialmente sua queda anterior (-3,4%).
A despeito da difusão de variações positivas, o setor de serviços dá mostra de acomodação em seu ritmo de crescimento, à medida que a maior parte de suas atividades já fechara o gap provocado pela pandemia de Covid-19. As variações interanuais a seguir ilustram esta evolução.
• Serviços – total: +8,9% no 1º sem/22; +7,7% no 2º sem/22 e +4,8% em Jan-Mai/23;
• Serviços prestados às famílias: +36,2%; +14,7% e +5,9%, respectivamente;
• Serviços de comunicação e informação: +2,9%; +3,7% e +5,1%;
• Serviços prof., adm. e complementares: +8,4%; +7,0% e +4,6%;
• Transportes, armazenagem e correios: +13,9%; +12,7% e +5,7%;
• Outros serviços: -4,2%; 0% e 0,2%, respectivamente.
Para o setor como um todo, o acumulado de jan-mai/23, que dá um indicativo de desempenho deste primeiro semestre do ano, aponta para um ritmo de crescimento de quase metade daquele apresentado na primeira metade de 2022: +4,8% ante +8,9%, respectivamente.
A comparação do último bimestre em tela, isto é, de abr-mai/23 sugere ainda que a desaceleração do setor está em curso, ao registrar +3,7% ante +5,5% no 1º trim/23, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior.
Esta tendência agregada tem sido ensejada por três dos cinco ramos analisados. Serviços prestados às famílias, que até boa parte do ano passado contavam com bases deprimidas de comparação, é quem apresenta desaceleração mais intensa em 2023, passando de +36,2% no 1º sem/22 para +5,9% em jan-mai/23, sendo que o bimestre abr-mai/23 acusa ritmo ainda mais baixo de crescimento: +2,8% ante abr-mai/22.
Os outros dois ramos em nítida desaceleração são: serviços profissionais, administrativos e complementares, de +8,4% no 1º sem/22 para +4,6% em jan-mai/23, tendo registrado +3,9% no bimestre abr-mai/23, e serviços de transporte, armazenagem e correios, de +13,9% para +5,7%, respectivamente, sendo o último bimestre com dados disponíveis registrou +4,6%, devido a transporte aéreo e terrestre de passageiros.
O ramo de outros serviços, que reúne um conjunto diversificado de atividades, por ora, não registra deterioração em 2023, mas também não reage. No 2º sem/22 bem como em jan-mai/23, seu faturamento manteve-se estagnado: 0% e +0,2%, respectivamente.
Por fim, a única exceção foi o ramo de serviços de informação e comunicação, que avançou de +2,9% em jan-jun/22 para +3,7% em jul-dez/22 e então para +5,1% em jan-mai/23. No bimestre abr-mai/23 (+4,0% ante abr-mai/22), foi pequena a perda de dinamismo. Tal desempenho não é sem importância, já que este ramo responde por quase ¼ do faturamento do setor de serviços como um todo.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de maio/2023 divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou aumento de 0,9% frente a abril, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (maio/2022), aferiu-se incremento de 4,7%. Quanto à variação acumulada no ano, houve crescimento de 4,8%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 6,4%.
Na comparação do mês de maio de 2023 com o mês imediatamente anterior (abril/2023), na série dessazonalizada, quatro dos cinco segmentos apresentaram crescimento: transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,2%), serviços prestados às famílias (1,1%), outros serviços (0,6%) e serviços de informação e comunicação (0,2%). Já serviços profissionais, administrativos e complementares caíram 1,0%. No segmento de atividades turísticas, houve variação de 4,0% em relação ao mês imediatamente anterior.
No mês de maio de 2023 frente ao mesmo mês do ano anterior (maio/2022), todos os cinco segmentos analisados apresentaram crescimento: transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (7,1%), serviços de informação e comunicação (4,0%), serviços profissionais, administrativos e complementares (3,4%), serviços prestados às famílias (2,8%) e outros serviços (0,3%). No segmento das atividades turísticas houve expansão de 8,6% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Na análise do acumulado nos últimos 12 meses, quatro dos cinco segmentos analisados apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (11,8%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (9,6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (6,1%) e informação e comunicação (4,0%). A categoria outros serviços regrediu 0,3%. Além disso, o segmento das atividades turísticas variou 14,5% nos últimos 12 meses.
Na análise por unidade federativa, no mês de maio de 2023 em comparação com o mesmo mês do ano anterior (maio/2022), 23 das 27 unidades federativas apresentaram incremento no volume de serviços prestados, sendo os maiores registrados em: Mato Grosso (29,4%), Espírito Santo (13,9%), Maranhão (13,7%), Paraíba (13,6%) e Paraná (13,3%). Por outro lado, as quatro unidades federativas que apresentaram variação negativa nessa base de comparação foram Ceará (-0,7%), São Paulo (-0,9%), Mato Grosso do Sul (-1,0%) e Amapá (-1,4%).
Por fim, na análise por unidade federativa para o acumulado nos últimos 12 meses, 26 dos 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Tocantins (14,7%), Mato Grosso (14,2%), Paraíba (12,3%), Amapá (11,8%) e Roraima (9,8%). A única UF com redução no período foi o Distrito Federal (-0,5%).