Análise IEDI
Início de ano em alta
Diferentemente da indústria, o comércio varejista começou 2019 crescendo. Suas vendas reais apresentaram um desempenho positivo tanto em relação a dezembro do ano passado (+0,4%, com ajuste sazonal) como na comparação com janeiro de 2019 (+1,9%). Consideradas as vendas de automóveis, autopeças e material de construção, o quadro é ainda mais favorável (+1% ante dez/18 e +3,5% ante jan/18).
Deste modo, o nível de atividade do setor na entrada de 2019 permanece muito próximo daquele registrado no final do ano passado, muito embora, devido ao segmento de veículos e autopeças, tenha havido alguma desaceleração no varejo ampliado.
O contraste do resultado obtido no 4º trim/18 e o de janeiro de 2019, em relação ao mesmo período do ano anterior, ilustra bem este ponto. Em seu conceito restrito, alta de +1,9% em jan/19, como mencionado anteriormente, e de +2,2% no 4º trim/18. Em seu conceito ampliado, essas variações são de +3,5% e +4,4%, respectivamente.
Ao continuar avançando, o desempenho do varejo tem descolado ainda mais daquele da indústria, que voltou a enfrentar uma nova etapa de recessão na virada de 2018 para 2019. O diferencial em favor do varejo ampliado já vinha ocorrendo desde o início da recuperação econômica em 2017, mas ao se intensificar já aparece na comparação 12 meses, que capta tendências de mais longo prazo.
Assim, entre fev/18 e jan/19, enquanto o varejo ampliado acumulou alta de +4,7% frente aos doze meses anteriores, a indústria variou somente +0,5%, isto é, uma diferença de 4,2 pontos percentuais. Essa diferença de ritmo para o período fev/17 e jan/18 era de apenas 1,7 p.p.. Não é de se estranhar, então, que as importações de manufaturados venham crescendo mais fortemente nos últimos meses.
Apesar deste comportamento geral, muitos segmentos do comércio não só tiveram seus resultados reduzidos com a entrada de 2019, mas chegaram a voltar ao vermelho, como mostram as variações interanuais abaixo.
• Varejo restrito: +2,2% no 4º trim/18 e +1,9% em jan/19;
• Varejo ampliado: +4,4% e +3,5%, respectivamente;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +2,1% e +2,2%;
• Material de construção: +2,5% e +2,2%;
• Outros artigos de uso pessoal e doméstico: +8,5% e +6,4%;
• Veículos e autopeças: +13,3% e +8,8%;
• Móveis e eletrodomésticos: -2,0% e -2,8%;
• Tecidos, vestuário e calçados: +1,6% e -1,2%, respectivamente.
Pioraram seu desempenho de jan/19 a ponto de ficarem no negativo, o segmento de tecidos, vestuário e calçados, que também tinha perdido vendas reais em dez/18 (-1,5% ante dez/17), e o segmento de móveis e eletrodomésticos. Neste último caso, ocorre retração das vendas desde julho do ano passado, com exceção do mês de outubro (+1,5%), por isso, seu 4º trim/18 também já tinha sido ruim. Os juros do crédito às famílias, que pararam de cair, são fator importante para esta trajetória.
Outros também reduziram seu ritmo de expansão em relação ao último trimestre de 2018, mas ainda assim mantiveram taxas bastante positivas em jan/19, como o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico (+6,4% ante jan/18) e veículos e autopeças (+8,8%).
Em linha com o varejo total, isto é, com relativa manutenção do crescimento na virada do ano, estão segmentos de peso, como o de supermercado, alimentos, bebidas e fumo, na faixa de +2%, e o de material de construção, na faixa entre +2% e +2,5%.
A partir dos dados de janeiro de 2019 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional, na série com ajuste sazonal, registrou expansão de 0,4% frente a dezembro de 2018. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior aferiu-se acréscimo de 1,9% e no acumulado dos últimos doze meses verificou-se incremento de 2,2%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, registrou-se variação positiva de 1,0% em relação a dezembro de 2018, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mesmo mês de 2018, houve crescimento de 3,5%. Para o acumulado dos últimos 12 meses registrou-se crescimento de 4,7%.
A partir de dados dessazonalizados, sete dos oito setores registraram acréscimos em comparação ao mês imediatamente anterior: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (8,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,2%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,6%), combustíveis e lubrificantes (0,5%), móveis e eletrodomésticos (0,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (0,2%), tecidos, vestuário e calçados (0,1%). Por outro lado, o seguimento de artigos farmacêuticos, médicos, ortopedia e de perfumaria apresentou retração de 0,5%. Para o comércio varejista ampliado, houve incremento de 1,0%, sendo que veículos, motos, partes e peças expandiu 5,7% e material de construção cresceu 0,1%.
Em relação ao mês de janeiro de 2018, registraram-se variação positiva em cinco das oito atividades que compõem o varejo: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,4%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,2%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (1,6%) e combustíveis e lubrificantes (1,4%). Os demais setores apresentaram decréscimos: livros, jornais, revistas e papelaria (-27,3%), móveis e eletrodomésticos (-2,8%) e tecidos, vestuário e calçados (-1,2%). Ainda nessa base de comparação, no comércio varejista ampliado registrou-se incremento de 3,5%, com expansão de 8,8% em veículos e motos, partes e peças, e crescimento de 2,2% em material de construção.
Por fim, comparando a janeiro de 2019 com janeiro de 2018, 13 das 27 unidades federativas apresentaram crescimento do volume de comércio, sendo as maiores variações na ordem decrescente: Espírito Santo (9,7%), Santa Catarina (8,2%), Mato Grosso (7,5%), Acre (7,1%), Mato Grosso do Sul (6,5%), Rio Grande do Sul (5,2%) e Rondônia (4,0%). Por outro lado, 14 dos 27 estados registraram queda, com destaque para: Piauí (-6,9%), Tocantins (-5,0%), Paraíba (-4,1%), Pernambuco (-3,4%) e Amazonas (-3,2%).