Análise IEDI
Expansão industrial para poucos
Após dois meses seguidos de retração, a indústria geral até voltou a se expandir em out/22, registrando +0,3% ante set/22, no agregado nacional, mas os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que, regionalmente, esta melhora não foi compartilhada pela maioria dos parques industriais.
Das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE, apenas 6 ampliaram produção na passagem de set/22 para out/22, já descontados os efeitos sazonais, o que representa uma parcela minoritária de 40% do total.
Os avanços mais intensos marcaram parques industriais menos diversificados setorialmente, como Pará (+5,2%), que depende muito do desempenho do ramo extrativo, e Goiás (+3,0%), onde o setor alimentício é preponderante em sua estrutura industrial. Ambos tiveram recuos na produção antes desde resultado positivo, principalmente o Pará.
Do lado negativo, um número importante de indústrias locais apresentou quedas consideráveis, a exemplo de Ceará (-13,7% ante set/22, com ajuste), Mato Grosso (-11,5%) e Amazonas (-8,2%), mas também Pernambuco (-4,8%) e Bahia (-4,6%), levando o agregado do Nordeste a registrar variação de -5,7%.
Com poucos parques no positivo e muitos com forte declínio, a expansão de out/22 do agregado nacional, mesmo que muito próximo da estabilidade, recebeu contribuição relevante do resultado da indústria de São Paulo, que variou +0,4%, dando sequência a uma trajetória oscilante entre meses de alta e meses de queda, como indicam as variações com ajuste sazonal a seguir.
• Brasil: -0,6% em ago/22; -0,7% em set/22 e +0,3% em out/22;
• São Paulo: +2,7%; -3,2% e +0,4%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +4,2%; -0,8% e +1,1%;
• Minas Gerais: -1,8%; -1,4% e +1,7%;
• Nordeste: +0,9%; +1,1% e -5,7%;
• Amazonas: +6,9%; -3,1% e -8,2%
• Rio Grande do Sul: +0,2%; -0,7% e +0,5%, respectivamente.
No acumulado do ano, as informações até out/22 apontam para um panorama regional da indústria em que a maioria de seus parques deve encerrar 2022 no vermelho. Em jan-out/22, o resultado de -0,8% do agregado nacional é acompanhado de 8 das 15 localidades em declínio, isto é, 53% dos parques industriais.
As perdas mais intensas ficam a cargo do Pará (-8,1% ante jan-out/21) e Espírito Santo (-6,7%), devido à performance adversa do ramo extrativo em 2022, que no agregado nacional acumula variação de -3,2%. Minas Gerais, onde este setor também é importante, ficou igualmente no vermelho (-1,4%).
Para a indústria de São Paulo, 2022 também traz perdas, ao menos por ora. Em jan-out/22, acumula queda de -0,6%, isto é, um pouco abaixo do resultado do agregado nacional (-0,8%). Vale lembrar, contudo, que o crescimento de 2021 (+4,8%) não compensou integralmente o recuo de 2020 (-6,0%), o que faria muito bem vinda uma nova expansão em 2022.
Em São Paulo, 61% de seus ramos industriais não registram crescimento em 2022 até o mês de outubro, sendo que em alguns deles o recuo é bastante intenso, como em borracha e plástico (-9,4%), farmacêuticos e farmoquímicos (-8,6%) e máquinas e aparelhos elétricos (-8,0%). Em sentido oposto, dois ramos têm se saído bem no ano: têxteis (+13,8%) e outros equipamentos de transporte (+20,3%).
Voltando à indústria nacional, entre os parques regionais em crescimento, os destaques vão para Mato Grosso, com +24,5% em jan-out/22, graças à fabricação de alimentos (+29,7%), Amazonas, com +4,5%, devido principalmente a bebidas (+17,1%) e outros equipamentos de transporte +9,0%, e Rio de Janeiro, com +4,2%, sob influência positiva de derivados de petróleo e biocombustíveis (+13,6%).
Em outubro de 2022, quando a produção industrial nacional registrou variação negativa de 0,3% frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, seis dos quinze locais pesquisados apresentaram taxas positivas, sendo os maiores: Pará (5,2%), Goiás (3,0%), Minas Gerais (1,7%) e Rio de Janeiro (1,1%). Em sentido oposto, Ceará (-13,7%), Mato Grosso (-11,5%), Paraná (-9,1%) e Amazonas (-8,2%) apontaram os recuos mais elevados no período.
Analisando em relação a outubro de 2021, registrou-se aumento de 1,7% da indústria nacional. Entre os quinze locais pesquisados, sete registraram expansão da produção, sendo as maiores observadas em: Mato Grosso (15,8%), São Paulo (7,7%), Rio de Janeiro (6,5%) e Minas Gerais (6,4%). Os locais pesquisados restantes que registraram as maiores retrações da produção nessa base de comparação foram: Espírito Santo (-20,7%), Paraná (-14,5%), Ceará (-11,9%) e Bahia (-7,2%).
Analisando o acumulado no ano (jan-out), registrou-se decréscimo de 0,8% na produção industrial brasileira. Dos quinze locais pesquisados, sete apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Mato Grosso (24,5%), Amazonas (4,5%), Rio de Janeiro (4,2%) e Bahia (4,2%). Por outro lado, os oito locais restantes apresentaram queda, sendo as maiores observadas em: Pará (-8,1%), Espírito Santo (-6,7%), Ceará (-4,6%) e Santa Catarina (-3,9%).
Por fim, analisando o acumulado nos últimos 12 meses, registrou-se variação negativa de 1,4% na produção industrial nacional. Considerando os quinze locais pesquisados, seis apresentaram acréscimo, sendo eles: Mato Grosso (25,0%), Rio de Janeiro (4,5%), Amazonas (2,6%) e Goiás (2,0%). Em sentido oposto, os nove outros locais pesquisados apresentaram queda, sendo as maiores observadas nos seguintes estados: Pará (-7,4%), Ceará (-6,8%), Espírito Santo (-6,0%) e Santa Catarina (-4,3%).
São Paulo. Na comparação do mês de outubro de 2022 com o mês de setembro, a produção da indústria paulista registrou aumento de 0,4% a partir de dados dessazonalizados. Frente a outubro de 2021, houve variação positiva de 7,7%, e analisando o acumulado no ano, registrou-se decréscimo de 0,6%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (20,3%), produtos têxteis (13,8%) e celulose, papel e produtos de papel (4,1%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: produtos de borracha e de material plástico (-9,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,6%) e metalurgia (-6,3%).
Pará. Em outubro de 2022 frente a setembro, a produção da indústria paraense apresentou aumento de 5,2% na série com ajuste sazonal. Em relação a outubro de 2021, houve queda de 2,3%. No acumulado no ano verificou-se variação negativa de 8,1%. Os setores que registraram maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: produtos alimentícios (8,5%) e produtos de minerais não metálicos (5,2%). Em sentido oposto, os maiores decréscimos foram observados nos seguintes setores: celulose, papel e produtos de papel (-41,3%), metalurgia (-25,8%) e produtos de madeira (-19,8%).
Espírito Santo. A partir de dados dessazonalizados, no mês outubro de 2022 a produção da indústria capixaba apresentou queda de 5,3% frente ao mês de setembro. Em relação a outubro de 2021, houve variação negativa de 20,7%. No acumulado no ano registrou-se decréscimo de 6,7%. O único setor com contribuição positiva no comparativo do acumulado no ano foi o de celulose, papel e produtos de papel (10,6%). Por fim, as seções com maiores decréscimos nessa base de comparação foram: produtos de minerais não metálicos (-7,9%), produtos alimentícios (-3,6%) e metalurgia (-1,8%).