Carta IEDI
As altas taxas de juros e incertezas agravadas pela errática política tarifária dos EUA erodiram os fatores de expansão da nossa indústria.
No 1º trim/25, enquanto a indústria brasileira perdia dinamismo, a manufatura mundial ganhou velocidade, puxada pelos ramos de maior intensidade tecnológica.
O aumento dos juros no segundo semestre e a forte desvalorização cambial comprometeram a rentabilidade da indústria brasileira em 2024, levando sua margem líquida a patamares inferiores a 2020, ano do choque da pandemia.
Os últimos dados da indústria mostram que o setor segue em baixa rotação, somando mais meses de declínio, como agora em mai/25, do que de expansão.
Estudo recente da McKinsey, identifica padrão recente do aumento da produtividade que complementam e também desafiam visões estabelecidas sobre o tema.
Nos quatro primeiros meses de 2025 sobre os quais já temos dados disponibilizados pelo IBGE, tem sido difícil a indústria em seu agregado ampliar produção, a exemplo de abr/25, quando ficou virtualmente estável.
A China se tornou a “fábrica do mundo”, mas em um ritmo bastante acelerado vem também se firmando como um polo inovativo inconteste, constituindo competências industriais de alta tecnologia.
No 1º trim/25, os grupos de maior intensidade tecnológica foram os que mais desaceleraram, embora tenham se mantido com um desempenho superior ao agregado da indústria de transformação.
Embora não faltem especulações sobre ganhadores e perdedores da elevação de tarifas comerciais pelos EUA, os cenários mais recentes dos organismos multilaterais indicam enfraquecimento do PIB global e do comércio internacional.
No 1º trim/2025, o déficit da balança de bens da indústria de transformação voltou a aumentar, devido a um desempenho inferior dos ramos de menor intensidade tecnológica.
No 1º trim/25, a indústria cresceu menos do que vinha crescendo na segunda metade de 2024, sendo que bens de capital e intermediários ficaram entre os que mais perderam dinamismo.
Em 2024, devido ao crescimento robusto e difundido entre os diferentes ramos da indústria, o emprego industrial se expandiu, superando o aumento do emprego do agregado do setor privado.
Em fev/25, a indústria brasileira somou cinco meses consecutivos sem crescimento, um quadro que se agrava com o aumento das incertezas mundiais.
Em 2024, o Brasil comprou mais e de mais parceiros internacionais do que conseguiu ampliar e diversificar nossas exportações de manufaturados, o oposto do que precisaria fazer para enfrentar as mudanças atuais no comércio mundial.
No 4º trim/24, enquanto a indústria brasileira se desacelerava, o dinamismo da indústria global ganhou força, apesar do aumento de tensões e incertezas.
O Brasil melhora sua posição no ranking global da manufatura, mas sem ampliar sua participação no valor adicionado total do setor.
Embora a produção industrial tenha ficado estagnada em janeiro de 2025, foram poucos os ramos e os parques regionais a registrarem declínio.
A indústria de transformação ampliou sua produção em 2024, apresentando especificidades em relação à última década, o que também inclui a distribuição deste dinamismo entre suas diferentes faixas de intensidade tecnológica.
Há muitos produtos coincidentes que Brasil e China exportam para os EUA e nossos embarques poderiam ser favorecidos com a imposição de alíquotas sobre as exportações chinesas.
Em 2024, todos os grandes setores econômicos se expandiram e a um ritmo superior ao de 2023, mas uma desaceleração já se avizinha, como resultado do aumento da Selic.